Golibmuwon. O isolamento e a depressão coreanas traduzidas no palco do Teatro Municipal do Porto
Porto.
Notícia
Radovan Dranga
Em “Cuckoo”, Jaha Koo fala de depressão, isolamento, de uma crise financeira que tomou conta do seu país, a Coreia do Sul, em 1997, com repercussões naquela geração até hoje. Um retrato agridoce e bem-humorado para assistir esta sexta-feira, às 19h30, no Teatro Rivoli, inserido no Festival Internacional de Marionetas do Porto.
“Golibmuwon é a palavra coreana intraduzível que expressa o sentimento de isolamento e impotência que caracteriza a vida de muitos jovens na atual Coreia do Sul”.
Esse foi o isolamento que Jaha Koo, criador de teatro/performance e compositor musical experienciou num momento singular na sua vida: “quando a sua panela elétrica de cozer arroz o informou que a sua refeição estava pronta”.
Em entrevista ao jornal Público, o criador lembra como ouvia as vozes destas panelas inteligentes, as Cuckoo, no momento em que recebia as notícias das mortes de amigos, que acabaram com a própria vida em consequência de elevados números de desemprego jovem crónico, triplas jornadas de trabalho, dificuldades financeiras ou pressão social.
As panelas agudizavam o seu “estado de tristeza e isolamento”, ao mesmo tempo que lhe davam “um estranho sentimento de conforto”.
A partir dessa experiência, que o une a milhares de jovens da sua geração, foi construído “Cuckoo”, “uma jornada pelos últimos 20 anos da história coreana, combinando experiências pessoais com eventos políticos e reflexões sobre felicidade, crises económicas e a morte”.
A 33ª edição, o FIMP — Festival Internacional de Marionetas do Porto encerra no domingo com a estreia nacional da peça da chilena Manuela Infante, “Cómo Convertirse en Piedra”, às 16 horas, no Teatro Carlos Alberto, e a instalação “Arquivo Zombie - o arquivo morto-vivo do Teatro de Ferro”, na sua Sala de Ensaios, às 19 horas.