Cultura

A "Felicidade" de Júlio Pomar

  • Notícia

    Notícia

Inaugurou
este sábado, na Galeria Municipal do Porto, "A Felicidade em Júlio Pomar /Obras das
Coleções Millennium Bcp /Atelier-Museu Júlio Pomar", com curadoria de Sara
Antónia Matos e Pedro Faro, a última exposição que a galeria apresenta este ano
e que contou com a presença do artista.


Júlio Pomar
explicou que a mostra surgiu através de uma conversa com o antigo vereador da
cultura, Paulo Cunha e Silva (falecido em novembro passado). "O jogo de uma
coisa chamada felicidade com o meu trabalho foi uma descoberta conjunta minha e
do antigo vereador da cultura". São coincidências quase que miraculosas, o facto
de ter residido no Porto numa casa na Praça da Alegria, o meu primeiro atelier,
em Lisboa, ter sido na Praça da Alegria, eu ter vivido na Rua da Alegria",
recordou o pintor.


São
apresentados quatro núcleos, os motivos que atravessam o universo imagético do
pintor: os mitos e as figuras alegóricas; a articulação entre os corpos e o seu
erotismo; o movimento e a presença constante de animais, em particular de
cavalos; e um conjunto especial que se reporta direta e indiretamente aos
posicionamentos políticos e as lutas travadas por este artista ao longo da sua
carreira, incluindo o episódio que envolve o Cinema Batalha


Sara Antónia
Matos ressalva que a mostra apresenta "as figuras mais icónicas" do pintor, "atravessando
um núcleo muito importante da sua obra que tem a haver com o erotismo e com a
articulação dos corpos". A curadora dá relevo ao núcleo referente ao Cinema
Batalha.


"O pintor
conta que tinha 20 anos e que foi precisa grande audácia para realizar uma obra
com tamanha envergadura, realizando-a em cima de andaimes, com novas técnicas,
as técnicas dos frescos". A destruição pela PIDE da obra é também simbolizada
na mostra através de uma carta, "uma carta que o pintor recebe do Cinema
Batalha, a mando das autoridades, que, por questões políticas, considera que os
conteúdos representados tecem uma crítica social", explicou ao www.porto.pt a
curadora.


Também
Fernando Nogueira, presidente da Fundação Millennium Bcp, que cedeu vários quadros patentes nesta
exposição, destacou um desenho, único sobrevivente, para os frescos do Cinema
Batalha. "A particularidade da coleção do Millennium Bcp ter um desenho de um
estudo que o artista fez para os frescos do Cinema Batalha que foi o único que sobreviveu
(à destruição ordenada pela polícia política salazarista) ", disse.


Além deste
conjunto, excecional pela simbologia histórica, a Galeria Municipal apresenta
também algumas das pinturas mais icónicas de Pomar, entre as quais se encontram
a imagem, não convencional, de Santo António a Pregar aos Peixes, Tigre,
Gaivotas, e uma das extraordinárias apreensões que fez das vivências na
Amazónia, na década de 1980, Les Txicão, bem como quatro desenhos do mesmo
tema, feitos in loco, pelo artista.


Por fim,
dispõe-se um conjunto de obras que permitem atestar o movimento como elemento
estruturante da obra de Pomar. Os cavalos, as corridas, as entradas de touros e
campinos, mas também a "Ponte Dom Luís", no Porto, são motivo para a exploração
do movimento, aspeto que não mais abandonaria, porque com ele nasceu a obra do
pintor.


 


+Info: "A Felicidade em Júlio Pomar"



Obras das
Colecções Millennium Bcp / Atelier-Museu Júlio Pomar


Curadores:
Sara Antónia Matos / Pedro Faro


De 5 de
dezembro de 2015 a 21 de fevereiro de 2016


Galeria
Municipal do Porto


Rua D.
Manuel II (Jardins do Palácio de Cristal)


 


Horário:


Terça-feira
a sábado: 10-18 horas


Segunda-feira
e domingo: 14 - 18 horas


Entrada
livre


Visitas
guiadas - sábados - 16 horas.


Mecenas da
Galeria Municipal do Porto: Fundação EDP