Habitação

Futura residência universitária no Centro Histórico é “um bom exemplo para Portugal”

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Foi assinado o protocolo entre a Câmara do Porto e a Federação Académica do Porto que possibilitará a instalação, num edifício cedido pela autarquia no Centro Histórico da cidade, de uma residência universitária. É “um bom exemplo para Portugal”, elogiou o Presidente da República, que assinalou na Invicta o Dia Nacional do Estudante.

Já há chave para meter à porta, e em breve chegarão as caras novas à Rua da Bainharia: a concretização da futura residência universitária cuja gestão será entregue à Federação Académica do Porto (FAP) deu mais um passo, com a assinatura do protocolo entre a Câmara do Porto e a estrutura estudantil. Uma cerimónia que adquiriu significado reforçado por acontecer no Dia Nacional do Estudante, e que contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

“Este passo é muito ambicioso da parte da Câmara do Porto, e por isso felicito calorosamente o senhor presidente Rui Moreira. É ambicioso em tudo: na ideia de que é fundamental apostar na juventude, na educação, no ensino superior. É fundamental apostar numa visão urbanística que signifique o cruzamento de várias gerações, de várias experiências culturais. Até é ambicioso na ideia de entregar a gestão à FAP. Tudo é ambicioso, mas é isso que se espera de um grande autarca e de uma grande autarquia: que seja ambiciosa. Que seja pioneira. Que faça primeiro o que outros vão fazer depois. É o que acontece aqui”, congratulou-se o Presidente da República.

Realçando a importância de “homenagear o passado e construir o futuro”, Marcelo Rebelo de Sousa fez uma evocação histórica da participação dos estudantes na luta pela democracia em Portugal, lembrando que “há 60 anos ocorreu um Dia do Estudante que marcou a aceleração de um processo estudantil que teve influência no 25 de Abril.”

“A democracia e a liberdade, mesmo no Porto – que é por natureza a capital da liberdade em Portugal – nunca estão adquiridas. São sempre inacabadas e imperfeitas”, alertou o Presidente da República, felicitando a assinatura do protocolo como “uma forma ótima de assinalar o Dia do Estudante”. “É um momento decisivo para construir o futuro. Nisso o Porto é, como tantas vezes foi na história da luta pela liberdade e pela democracia, pioneiro. Para o Presidente da República isso é muito gratificante. Muito obrigado por este exemplo dado a Portugal. Uma vez mais, o Porto deu o bom exemplo a Portugal”, concluiu.

Fixar jovens na cidade

Notando o “contexto de enorme incerteza e complexidade” que as novas gerações enfrentam, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, lembrou que a autarquia “tem vindo a apostar na atração, desenvolvimento e fixação de capital humano, na atração de empresas e investimento geradores de emprego qualificado, e a apostar na incubação e aceleração de startups, contribuindo para que os estudantes que ingressam no ensino superior tenham um futuro promissor em empregos qualificados.”

“Além disso, o município está a reforçar a oferta de habitação acessível, contribuindo para a sua estratégia de fixação de jovens na cidade”, acrescentou. A questão da habitação segue no topo das prioridades: “Não obstante as cerca de 6 mil novas camas disponibilizadas em residências universitárias privadas na cidade do Porto nos últimos anos, continuamos a trabalhar na busca de novas respostas”, notou Rui Moreira.

As candidaturas conjuntas ao Plano de Recuperação e Resiliência apresentadas pela Câmara do Porto e pela Universidade do Porto, que “irão possibilitar a mobilização de fundos comunitários para a construção em parceria de mais duas residências na cidade”, assumem particular relevância. No Morro da Sé (Centro Histórico), está prevista uma área de construção de 6750m2 num investimento estimado de 7 milhões de euros, e no Monte Pedral (Constituição), a área de construção rondará os 5000m2 e o investimento estará entre os 6 e os 6,5 milhões de euros.

“Efetivamente, no Município do Porto, estamos a aprender com os nossos jovens que existe espaço para reforçar a cocriação e a coprodução de soluções e que só faz sentido privilegiar o trabalho em rede”, acrescentou o autarca, cumprimentando a “massa crítica e a irreverência dos jovens e organizações de juventude que temos no Porto”: “Ao todo são mais de 120 organizações que articulam e trabalham com os cerca de 29 mil jovens (munícipes) e 91 mil estudantes.”

“Este novo serviço de alojamento a estudantes do ensino superior tem o caráter pioneiro de atribuir à FAP a responsabilidade da sua gestão, destacando e reforçando o papel dos jovens na criação e gestão de soluções sociais inovadoras. E tem como efeito secundário ajudar ao rejuvenescimento do Centro Histórico da cidade, que sempre foi um objetivo estratégico do município”, frisou o presidente da Câmara do Porto, entregando simbolicamente uma chave do edifício à presidente da FAP, Ana Gabriela Cabilhas.

“Projeto pensado por estudantes”

Depois de uma rápida visita ao espaço que acolherá a futura residência universitária, a dirigente estudantil começou por lembrar que “o problema do alojamento foi identificado e a sua consequência tornada evidente”. “Em boa hora a Câmara do Porto mostrou-se disponível para ceder um equipamento à FAP, que passa a ser a primeira estrutura estudantil a disponibilizar um serviço de alojamento aos estudantes. Por isso o meu profundo agradecimento ao senhor presidente da Câmara do Porto e à senhora vereadora pela união de esforços”, congratulou-se.

“Esta residência constitui um projeto pioneiro, inspirado no trabalho em rede. O sonho começa agora a tomar forma. Ansiamos abrir este espaço já no início do próximo ano letivo”, acrescentou Ana Gabriela Cabilhas. “Mais do que um dormitório, este espaço englobará outras valências que melhoram a qualidade de vida dos estudantes que catalisam a participação estudantil e fomentam o sentido de pertença à academia. Há iniciativas que valem não apenas por elas próprias, mas também pelo que simbolizam”, prosseguiu a dirigente, sublinhando o facto de tratar-se de um projeto “pensado por estudantes e feito para estudantes.”

Na cerimónia marcaram também presença o reitor da Universidade do Porto, António de Sousa Pereira, o presidente do Instituto Politécnico do Porto, elementos da vereação da Câmara do Porto, membros da academia do Porto e presidentes de associações de estudantes da cidade.

A futura residência universitária da Rua da Bainharia terá capacidade para cerca de 20 camas e deverá abrir à comunidade estudantil já no próximo ano letivo. Vai surgir num edifício recuperado pela empresa municipal Porto Vivo, SRU, que será cedido à FAP por um prazo de 30 anos, a troco de uma renda mensal simbólica de 50 euros. A gestão desta residência universitária será partilhada entre a autarquia, a FAP e a Universidade do Porto.