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Fóssil com mais de 300 milhões de anos descoberto por investigador do Porto

  • Inês Reis

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Um fóssil de uma espécie de planta já extinta foi encontrado na Bacia Carbonífera do Douro, em Gondomar, pelo paleontólogo e investigador Pedro Correia, do Instituto de Ciências da Terra (ICT), sediado na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP).

Batizado de Iberisetum wegeneri, em homenagem ao geólogo e meteorologista alemão Alfred Wegener, o fóssil de um novo grupo de plantas com 300 milhões de anos e características morfológicas singulares “representa um novo género e uma nova espécie de um grupo extinto de plantas esfenopsídeas (articuladas) primitivas, um grupo ancestral distante do atual Equisetum”, explicou, ao Notícias U.Porto, o investigador doutorado em Geociências pela FCUP.

De acordo com Pedro Correia, as bainhas foliares (parte que se prende ao caule) desta planta funcionavam como uma espécie de “painéis solares”, estando orientadas para o sol a fim de maximizar a captura de luz para a fotossíntese.

“Esta morfologia funcional é o resultado de uma adaptação evolutiva das plantas residentes às condições climáticas e ecológicas restritas aos ambientes intramontanhosos da Bacia do Douro”, acrescenta o paleontólogo.

A descoberta, publicada recentemente na revista Historical Biology, comprova assim que os ambientes intramontanhosos da bacia do Douro tinham um clima muito próprio que favoreceu o aparecimento de espécies que são nativas daquele local. 

Esta não é a estreia de Pedro Correia na descoberta de fósseis de novas espécies de plantas e insetos desconhecidas para a Ciência. O paleontólogo português tinha já publicado no ano passado a descoberta de um outro fóssil de uma espécie de cavalinha, a Annularia paisii, que permitiu perceber como era a relação entre plantas e insetos há cerca de 300 milhões de anos.

Em 2019, o investigador encontrou, em conjunto com a sua equipa, uma outra espécie de planta fóssil – batizada de Annularia noronhai, em homenagem ao geólogo e antigo docente da FCUP, Fernando Noronha – nos afloramentos carboníferos de São Pedro da Cova.

Ainda no ano passado, o investigador da FCUP foi também notícia pela publicação de um estudo no prestigiado jornal Scientific Reports (Nature Research), em que revelou novos detalhes sobre o supercontinente Pangeia, que deu origem à Terra tal como hoje a conhecemos.