Mobilidade

Fórum de logística urbana determina novas medidas para a sustentabilidade da cidade

  • Cláudia Brandão

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São nove as medidas que o Porto deverá pôr em marcha durante os próximos três anos de forma a alcançar a sustentabilidade no campo da logística urbana. O plano foi apresentado na tarde de ontem, nos Paços do Concelho, por Rosário Macário, especialista em sistemas de transporte, na segunda reunião do fórum que junta o município e os agentes da logística, distribuição e comércio que operam na cidade.

A missão não está fechada e, a partir do momento em que o plano for aprovado, a definição concreta e a implementação das medidas querem-se participativas. “É um plano ambicioso”, reconhece a vereadora com o pelouro dos Transportes, Cristina Pimentel. O plano divide-se em três grandes categorias de intervenção: a nível das infraestruturas, no campo dos regulamentos e incentivos, e na gestão operacional.

A proposta de intervenção no primeiro eixo pressupõe a adaptação do ambiente construído às operações logísticas, como a instalação de passeios e rampas ou uma escolha mais adequada dos pavimentos, e implicará a relocalização e dimensionamento dos lugares de carga e descarga na cidade. Esta primeira medida tem como objetivos a redução dos tempos de paragem, dos ruídos e da ocorrência de incidentes, assim como o aumento da eficácia das operações.

Ao nível dos regulamentos e incentivos, a primeira medida a implementar estará relacionada com a sensibilização dos vários intervenientes, sejam agentes do setor, seja a população em geral. Segundo Rosário Macário, “a população apresenta elevado nível de desconhecimento do real impacto dos hábitos de consumo e decisões de compra nos setores da logística e dos transportes”, como o aumento do e-commerce trazido pela pandemia veio comprovar.

O plano apresentado pressupõe, também, a definição de uma restrição de acesso temporal que ajuste as janelas horárias de autorização para carga e descarga às reais dinâmicas das zonas. Neste campo, a vereadora dos Transportes admitiu a necessidade apresentada pela plateia quanto a uma solução para a distribuição na Ribeira. Segundo Cristina Pimentel, o regulamento referente àquela zona será apresentado em breve.

Além desta, também uma restrição de acesso baseada na volumetria dos veículos, em vez do seu peso, se torna necessária. Ambas as restrições beneficiarão do uso de tecnologia que permita a fiscalização. Para a responsável do plano, estas restrições trarão “benefícios ambientais, económicos e sociais”.

De forma a melhorar a eficácia da fiscalização, o grupo de trabalho sugere o reforço e efetivação das atividades “de modo contínuo, ativo e visível”.

Uma das medidas mais apreciadas pelos presentes incluiu-se na gestão operacional e propõe a criação de uma “help-desk” para a logística urbana que represente “uma janela única de contacto com a Câmara do Porto” que, além de permitir o ordenamento das operações e a redução das situações ilegais, vai potenciar o aumento da fiabilidade das operações de logística.

Ainda no campo da gestão operacional, o plano prevê a criação de micro-plataformas logísticas que vão permitir a redução do número de veículos em circulação, o favorecimento da utilização de práticas sustentáveis e o aumento da flexibilidade das operações “pois as entregas e recolhas podem ser efetuadas ao longo do dia”.

Além das micro-plataformas, serão determinados “drop-off points”, como lojas, cacifos ou gaiolas logísticas, o que terá a vantagem de dispensar a presença do cliente e ser adequado para mercadorias de pequenas dimensões.

A última das nove medidas que compõem o Plano de Logística Urbana Sustentável é a circulação das viaturas de mercadorias nas vias BUS (reservadas aos autocarros). Cristina Pimentel sublinhou que a maior fatia dos custos deste plano será assumida pelo município.

No final, Rosário Macário deixou algumas recomendações do grupo de trabalho que elaborou o plano, onde se incluem a implementação de um Observatório para a Logística Urbana, a adoção de medidas de promoção de uma logística de baixa intensidade carbónica, e o caminho para “transformar o Porto num laboratório vivo para a logística urbana” através de medidas que contemplem a fixação de empresas, assim como o apoio à investigação e desenvolvimento e ao empreendedorismo.

A maioria dos agentes presentes no fórum admitiu rever-se no plano apresentado e mostrou-se otimista com o futuro sustentável da logística urbana no Porto. “Vocês representam tudo o que precisamos de saber”, sublinhou a vereadora da autarquia.