Ambiente

Floresta urbana do Porto continua a crescer com plantação de 158 árvores

  • Notícia

    Notícia

Mais 158 árvores e arbustos foram plantados, esta manhã, no Nó do Falcão da A43, localizado em Campanhã, expandindo assim a rede de floresta urbana na cidade do Porto.

A operação marca o arranque da 3.ª edição da "Rede de Biospots do Porto", sendo esta a primeira fase de plantação de um total de 644 espécies que serão também disseminadas pelos nós viários de Paranhos, Areias e Freixo.

"A lógica de fazer crescer nestes nós viários, em que hoje em dia só convivemos com prado e pouco mais, é criar bosquetes em que vamos ter árvores e arbustos que vão ser muito úteis no futuro", explicou Filipe Araújo, vice-presidente da Câmara do Porto com o pelouro da Inovação e Ambiente.

A plantação resulta de um apurado trabalho de diagnóstico das espécies e exemplares existentes e das desejáveis para o local, de modo a otimizar a retenção de poluentes atmosféricos, promover a biodiversidade e aumentar a qualidade paisagística do espaço.

Todas as espécies plantadas são produzidas no Viveiro Municipal do Porto, que está certificado pela Direção Regional de Agricultura e Pescas como entidade produtora e fornecedora de material vegetal ornamental e florestal

O Plano de Intervenção do Nó do Falcão foi realizado por uma equipa técnica que inclui especialistas da área da arquitetura paisagista e biologia (equipa do FUTURO - projeto das 100.000 árvores na Área Metropolitana do Porto), com a validação dos técnicos da Divisão de Estrutura Verde do Município do Porto e das Infraestruturas de Portugal. O Plano foi submetido ao Grupo Consultivo que reúne especialistas das áreas da Saúde Ambiental, Paisagismo, Biologia e Geografia, tendo sido ajustado de acordo com os pareceres recebidos.

No Nó do Falcão optou-se por criar diversos núcleos de vegetação, arbóreos, arbustivos e mistos, procurando acompanhar e complementar os elementos/espécies existentes no local, aumentando a diversidade e potenciando o seu interesse paisagístico sazonal, nomeadamente no outono e na primavera, pela utilização maioritária de espécies de folha caduca e/ou produtoras de flor e fruto, que serão também de interesse para a promoção da biodiversidade (insetos, pequenas aves).

Também José Serrano Gordo, vice-presidente do Conselho de Administração das Infraestruturas de Portugal, parceiras da iniciativa e donas dos terrenos ("nós"), reconheceu as vantagens ambientais destas florestas urbanas que irão substituir no futuro um terreno "descampado" por "bosque sombrio".

"Temos estes espaços que estão razoavelmente desaproveitados ao lado das vias rodoviárias urbanas do Porto e da Área Metropolitana do Porto que, sempre que nos é solicitado, disponibilizamos para - em conjunto com a autarquia - fazer esta plantação de viveiros e contribuir para uma situação mais saudável e ambientalmente mais amiga de todos", disse aquele responsável.

A Rede de Biospots do Porto foi iniciada no Nó do Regado em fevereiro de 2017, tendo sido plantados 762 árvores e arbustos. A segunda plantação teve lugar no Nó de Francos, para o qual foram selecionadas 20 espécies arbóreas e arbustivas num total de 543 plantas.

As intervenções no terreno são levadas a cabo pela equipa da Infraestruturas de Portugal com o acompanhamento técnico da equipa do FUTURO - projeto das 100 000 árvores na Área Metropolitana do Porto.

Florestas urbanas com taxa de sobrevivência na ordem dos 70%

A mais recente monitorização da Rede de Biospots do Porto revela taxas de sobrevivência das espécies plantadas muito positivas, segundo  dados de fevereiro passado.

No Nó de Francos, 12 meses após a plantação, a taxa de sobrevivência situa-se nos 63%; no Nó do Regado, cerca de 24 meses após a plantação, as plantas apresentam uma taxa de sobrevivência de 70%. Estes são resultados considerados extraordinários atendendo à natureza e contexto destas plantações, que não têm qualquer manutenção humana, e aos verões e invernos secos que se sentiram desde 2017, ano da primeira intervenção no terreno.

Ao longo do trabalho, foi igualmente possível constatar a boa adaptação de algumas espécies, quer pela presença de novos rebentos e crescimento quer pela presença dos primeiros frutos e flores em algumas árvores e arbustos, como por exemplo nas murtas (Myrtus comunis) e aveleiras (Corylus avellana) no Nó do Regado e urzes (Erica lusitânica) no Nó de Francos.

Genericamente, o medronheiro (Arbutus unedo) apresenta-se como uma das espécies mais bem adaptadas em ambas as áreas, possuindo flor em muitos exemplares. A boa adaptação destas espécies e de outras, ainda que em menor escala, começa já a ser determinante na mudança da paisagem e na promoção da biodiversidade de fauna que poderá começar a utilizar estes espaços para alimentação (aves e insetos).

A Rede de Biospots do Porto é constituída por 14 áreas que se distribuem ao longo dos eixos de circulação principais (nós, taludes, áreas verdes laterais), totalizando uma área útil de 17 hectares.
O objetivo é conseguir instalar e manter até 2021 cerca de 10 000 novas árvores e arbustos nestas áreas, que começam já a oferecer à cidade serviços "invisíveis" como a retenção de poluentes atmosféricos e o armazenamento de carbono, cujo valor estimado é de 500 000 euros por ano (exemplares adultos). Além disso, têm o potencial de armazenar aproximadamente 50 toneladas de carbono por ano, contribuindo para as medidas previstas no Plano de Mitigação e Adaptação às Alterações Climáticas do Porto.