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FITEI chega ao Teatro Municipal do Porto com oito propostas em vários palcos

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Alejandra Amere

O Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica regressa, de 15 a 26 de maio, para a 47.ª edição. Nos palcos do Teatro Municipal do Porto serão apresentados oito trabalhos em torno do mote do festival — trauma, bravuras e fantasmagorias.

Ao longo de duas semanas, as cidades do Porto, Matosinhos, Vila Nova de Gaia e Viana do Castelo recebem 20 espetáculos, dos quais 14 estreias absolutas e/ou nacionais. Destes, oito serão apresentados no Teatro Rivoli ou no Campo Alegre.

O regresso de Hotel Europa ao Campo Alegre marca o arranque do festival no TMP, esta quarta e quinta-feira. "Luta Armada" segue a investigação da companhia sobre o passado recente, analisando os projetos políticos que recorreram a ações violentas como assaltos a bancos, colocação de bombas, sabotagens, entre outros, como forma de luta. Este trabalho começa por descrever as ações de grupos que viam na luta armada a única forma de acabar com o fascismo e o colonialismo português. Tem como ponto de partida uma extensa recolha de testemunhos, bem como a pesquisa de documentos, criando um espetáculo de teatro documental multidisciplinar.

Também no Campo Alegre, nos dias 16 e 17, é apresentado "O Navio Night", de Ardemente. Partindo do texto homónimo de Marguerite Duras, cinco intérpretes embarcam em "O Navio Night", numa história sobre linguagem, imagens, escuridão e desejo.

Nos mesmos dias, e pela primeira vez em Portugal, é apresentado "Stabat Mater", de Janaina Leite, no Palco do Grande Auditório do Rivoli. A partir do texto teórico Stabat Mater (em latim, "estava a mãe"), da filósofa Julia Kristeva, a artista propõe o formato de uma palestra-performance sobre o feminino, remontando à história da Virgem Maria. Tendo o terror e a pornografia como bases estéticas, investiga as origens de um arranjo histórico entre o feminino e o masculino.

A estreia de "Matagal", de Eduardo Breda, marca o fim da primeira semana do festival, dias 18 e 19, no Campo Alegre. Para este trabalho, o encenador parte da ideia de um terreno baldio habitado pela diversidade vegetal e animal e na sua harmonia com a ruína. Colocou, ainda, a Língua Gestual Portuguesa como ponto de partida para movimento, pelo que ambas as apresentações contam com esta interpretação.

Depois de terem apresentado os episódios #1 e #2 no Teatro Campo Alegre, em 2021, Mafalda Banquart & Emanuel Santos apresentam, sob a forma de um novo episódio, "WHAT PLATO SAID TO ARIANA GRANDE" no Rivoli, no domingo, dia 19. Neste espetáculo-podcast, é explorado o diálogo enquanto estratégia de reflexão (comum à filosofia e ao podcast) e cujos episódios podem ser ouvidos posteriormente online. Neste terceiro episódio serão abordados os temas da ecologia e de divino e do ponto da sua intersecção: o tempo. São convidados um padre, uma produtora e uma artista queer.

Trauma, bravuras e fantasmagorias a escrever a 47.ª edição

"Chamei 'One night at the golden bar' à experiência de me tornar vulnerável para encontrar a beleza que aparece na declaração de amor pirosa, sentida, antiquada e queer", afirma o encenador Alberto Cortés. Este espetáculo é apresentado nos dias 21 e 22, no Rivoli. O artista procurou uma forma de destacar a fragilidade dos afetos a partir do olhar queer. Assim, também invoca a figura do anjo, questionando-se acerca das identidades que se encontram num "lugar vulnerável e monstruoso".

Na quinta-feira, dia 23 de maio, é apresentado "A possibilidade de ternura", da companhia chilena La Re-Sentida, no Teatro Rivoli. Em palco, estão sete jovens entre os 13 e os 17 anos de idade, que abordam o tema da construção da sua própria masculinidade. Enfrentam o medo de serem marginalizados e abrem-se à possibilidade da demonstração de afeto, numa sociedade em que o domínio do homem é imposto pela violência sistemática. A ternura adquire um poder revolucionário e chega, agora, ao palco do Rivoli.

A fechar a programação do FITEI no TMP, Manuel Tur estreia, no Campo Alegre, "A nossa última manhã", nos dias 24 e 25. O espetáculo parte de uma procura exaustiva de toda a documentação textual, física e áudio da história da família do encenador, interessando-lhe, particularmente, as fronteiras entre o real, o documental e o ficcional. Afirma ainda que "este é um desejo de refletir profundamente sobre o racismo, sobre a ilusão, sobre o que foi, para muitos, o momento áureo português".

Toda a programação do FITEI no TMP e mais informação disponível online.