Educação

Fitas estudantis substituem bons momentos por preocupações com inflação e habitação

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Quando perguntarem à atual geração de estudantes as memórias que têm do ensino superior, surgirão, entre muitas outras, respostas como “inflação”, “abandono escolar”, “falta de alojamento”, “saúde mental”, “desemprego”, “fuga de talento” ou “insuficiência de cantinas”. Assim escrevem as fitas que caem das capas penduradas na Praça General Humberto Delgado, a forma escolhida pela Federação Académica do Porto (FAP) para assinalar, neste 24 de março, o Dia Nacional do Estudante.

“As fitas estão, por norma, associadas a bons momentos e a boas recordações da vida de um estudante, mas, neste dia, importa frisar os vários problemas, desafios e contratempos que os estudantes enfrentam”, explica a presidente da FAP.

As preocupações, já apresentadas ao secretário de Estado do Ensino Superior, são o resultado de um inquérito feito pela federação aos estudantes e, para Ana Gabriela Cabilhas, alguns números são “assustadores”, como os 24% que estão a ponderar ou já ponderaram abandonar o ensino superior ou os 74% que “reportaram um declínio significativo no seu bem-estar psicológico”.

No dia em que foram apresentadas medidas de combate ao aumento da inflação, a responsável afirma que este é o momento de “assinalar a necessidade de alargamento das bolsas de ação social e um reforço do financiamento para a ação social escolar também ao nível do alojamento, dos serviços de alimentação e dos serviços de apoio psicológico”, que estarão “sobrelotados”.

Ana Gabriela Cabilhas sublinha que a inflação está a ter impacto na alimentação dos estudantes, na compra dos materiais de estudo ou na habitação, área onde a presidente da FAP questiona “a efetividade dos complementos de alojamento”, uma vez que muitos estudantes “não estão a conseguir aceder a estes apoios” por estarem no mercado de arrendamento fora das residências universitárias.

“Temos sentido um aumento do número de pedidos de apoio e de ajuda por parte dos estudantes que nos reportam que existiu uma queda abruta do rendimento do agregado familiar, situações de desemprego dos pais, ou problemas com o crédito à habitação”, denuncia Ana Gabriela Cabilhas, apelando a “respostas mais efetivas, mais consequentes”, que cheguem “a quem necessita”, bolseiros ou não.

Ao lado dos estudantes, a vereadora da Saúde e Qualidade de Vida, Juventude e Desporto partilhou a vontade de “felicitar a Federação Académica do Porto pela iniciativa que tomou, de reunir as problemáticas do ensino superior, e expor, aqui, na Avenida dos Aliados, as principais preocupações da comunidade estudantil, de uma forma criativa, original e pela positiva”.

“Hoje é dia de enaltecer o papel essencial que a educação tem na transformação dos jovens e a importância dos jovens para a sociedade”, reforça Catarina Araújo, acrescentando que “os jovens representam uma fonte indispensável de dinamismo, talento e criatividade, pelo que é fundamental ouvir as suas preocupações e apoiá-los para que possam tornar-se na força motriz do nosso país”.