Cultura

Nova plataforma Filmaporto quer impulsionar o Porto como cidade do cinema

  • Cláudia Brandão

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Assumindo o argumento de “Cidade do Cinema”, o Município do Porto apresentou a nova Filmaporto Film Commission cujo projeto, além da promoção e regulamentação de filmagens na cidade, vai atribuir bolsas de produção e apoiar a formação.

“A Filmaporto é um projeto de apoio, comunicação, potenciação, explicação das potencialidades da cidade a nível patrimonial e a nível fílmico, de produção, e de capital humano”, explicou Guilherme Blanc, diretor do Departamento de Cinema e Imagem em Movimento da empresa municipal Ágora, na sessão de apresentação, esta terça-feira, 22 de junho, no Cinema Trindade.

Segundo o também diretor artístico do Batalha Centro de Cinema, a Filmaporto vem “dar continuidade à missão [da antecessora Porto Film Commission] de facilitar filmagens no Porto, de atração de filmagens para a cidade, embora se proponha densificar o seu papel de interlocução com o setor e seus agentes, de ligação entre o trabalho artístico e o trabalho técnico”. No guião da nova comissão está a “ajuda a filmagens, apoio logístico, apoio financeiro à logística, apoio administrativo à produção, apoio à divulgação e apoio à formação”.

Com um mais adequado enquadramento na atual dinâmica de produção de cinema, a grande novidade da Filmaporto vem em formato de bolsas de ajuda à produção. As cinco bolsas Filmaporto para o cinema produzido integralmente na cidade serão atribuídas anualmente através de concurso e terão um valor financeiro de 20 mil euros cada, representando “um incentivo à dinâmica do setor e à própria empregabilidade”, afirma Guilherme Blanc.

O programa de financiamento vai a reunião de Executivo a 28 de junho e as candidaturas poderão abrir no início do mês de julho. Na mesma altura, ficará disponível o website da Filmaporto, onde vai ser possível consultar o regulamento, assim como aceder a todas as informações sobre filmagens na cidade.

A página funcionará como um diretório para registo de profissionais, nacionais e internacionais, permitindo à nova comissão “simplificar e centralizar todo o processo administrativo”, como as questões de licenciamento e regulamentação de filmagens, explicou Luís Araújo, film commissioner.

Comissão terá casa no Batalha Centro de Cinema

Guilherme Blanc adiantou que o Batalha Centro de Cinema funcionará como sede da Filmaporto Film Commission assim que reabrir as portas ao público, no início de 2022, e partilhou a vontade de que a indústria do cinema tenha ali “e nas suas valências uma instituição de acolhimento, de visionamento e de encontro”.

Outro papel assumido pela nova Filmaporto será o da “participação internacional em plataformas e encontros da indústria em festivais fora do país, onde podemos explicar a cidade, o trabalho dos nossos agentes e fazê-lo de forma articulada com outras entidades nacionais e regionais”.

“Acreditamos que este projeto pode ser uma peça muito importante para o Porto Cidade do Cinema”, disse Guilherme Blanc, que defende que “temos assistido a uma renovação na cidade nos domínios da criação, da exibição ou da apreciação de cinema. Cabe-nos interpretar este momento, ver como podemos alimentá-lo, estabelecer novas fórmulas de relação com o setor, com toda a cadeia do cinema de uma maneira potenciadora”.

A necessidade essencial de cuidar do património cinematográfico

Na sessão onde também estiveram presentes o presidente da Turismo do Porto e Norte de Portugal, Luís Pedro Martins, o diretor do Teatro Municipal do Porto, Tiago Guedes, e os vereadores da Economia, Turismo e Comércio, Ricardo Valente, e dos Transportes, Cristina Pimentel, o presidente da Câmara do Porto sublinhou a necessidade de “cuidar constantemente” do património, do estatuto da cidade no setor cinematográfico, “para que ele não caia numa espécie de epíteto vazio. Principalmente, é preciso alicerçá-lo em realidades de produção contemporâneas para as quais inúmeros agentes contribuem de forma cada vez mais interessante e empenhada no Porto”.

Segundo Rui Moreira, o município quer “rever a forma como podemos ajudar, apoiar e impulsionar a produção de cinema daqueles que a procuram [à cidade] ou podem potencialmente procurar como cenário de realização, mas também daqueles que escolhem viver no Porto e aqui desenvolver a sua atividade no setor do audiovisual”, assumindo “um papel mais relevante e desafiante” no projeto.

“Não só o Porto se tem dado a conhecer de forma cada vez mais eficaz como cidade e território, como temos realizadores, produtores e outros agentes do cinema que escolheram não abandonar a cidade como local de trabalho”, lembrou o presidente da autarquia.

Para Rui Moreira, a Filmaporto Film Commission é um projeto “que chega num momento particularmente interessante na dinâmica do cinema no Porto, no campo da produção, mas também do ensino e do acesso à exibição. Cabe-nos, por isso, potenciá-la e estimulá-la. É essa a grande meta de curto, médio e longo prazo da Filmaporto”.