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Festival MEXE está de regresso para 10 dias a pisar o risco

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“O Risco” é o mote para a sexta edição do MEXE – Encontro Internacional de Arte e Comunidade, que este ano decorrerá entre 18 e 26 de setembro. Para além do Porto, o festival vai contar, pela primeira vez, com extensões em Viseu e Lisboa.

No ano em que celebra dez anos de existência, o Festival MEXE volta a reunir cidadãos, artistas e estruturas em dez dias de programação.

À sexta edição, o evento propõe uma reflexão em torno das preocupações e desafios que marcam as comunidades, hoje agravados pela pandemia que abalou o mundo. “O Risco” será, por isso, o mote de uma edição que, além do Porto, vai contar pela primeira vez com extensões a outras cidades do país.

Espetáculos, conversas, oficinas, laboratórios de criação, instalações e cinema compõem o extenso programa do ciclo, coorganizado pela associação PELE e pela MEXE Associação Cultural, em colaboração com o Teatro Nacional São João e cofinanciado pela Direção-Geral das Artes.

A acontecer em vários espaços da cidade do Porto e, pela primeira vez, em Viseu e Lisboa, o evento propõe um tempo de encontro das vertentes artística, social, política e ética, em trabalhos criados a várias mãos. São disso exemplo os três projetos revelados no início do mês de julho: as histórias e relações entre Miragaia, o Porto e o Rio Douro de “Altamira 2042” (Gabriela Carneiro da Cunha); as trocas culinárias com o gosto de amanhã de “Sabor Visceral do Futuro” (Coletivo Boca); e a autoproclamarão do Centro Cultural das Fontainhas com o “Laboratório dos Riscos Impossíveis”.

Do alinhamento desta sexta edição do MEXE, destaque, também, para o projeto de criação artística regenerativa, proposto pela PELE, a partir do território de Azevedo, em Campanhã, que questiona padrões alternativos de ser, fazer e viver em vizinhança; ou, ainda, para a instalação digital “Máquina do Ruído”, da autoria de Bruno Kowalski, que publica frases de discursos urgentes, numa espécie de grande manifestação virtual.

Mynda Guevara, um dos mais interessantes, instigantes e disruptivos nomes do hip-hop nacional, é outras das confirmações do MEXE.

Os destaques internacionais do programa

Entre os convidados internacionais, destaque para Neil Harbisson, a primeira pessoa a ser reconhecida por um governo como um cyborg e cujo trabalho tem sido apontado como um dos mais controversos atos performativos dos nossos tempos. A conversa de abertura do MEXE permitirá conhecer o pensamento do presidente da Cyborg Foundation, que apoia pessoas a serem reconhecidas como cyborgs, defendendo os seus direitos.

Diretamente do Chile, chega outra das grandes apostas deste ano, “Paisajes para no colorear”, uma peça que se constrói a partir de relatos de atos de violência cometidos contra adolescentes do sexo feminino na América Latina. Além das apresentações no Porto e em Viseu, a companhia La Re-sentida orientará uma oficina de descoberta performativa destinada a jovens portuguesas.

Apostando na diluição de fronteiras entre diferentes formas de saber e fazer, o MEXE 2021 propõe ainda um projeto instalativo que mobiliza biologia e tecnologia para revelar imagens e sons da vida vegetal em crescimento além da visão e audição humanas. "Unearthing Queer Ecologies", da norte-americana Amy Reid, questiona a forma dualista com que os humanos percecionam a natureza documentando de forma sonora e visual o crescimento da lavanda, amores-perfeitos e cogumelos.

Made in Portugal

No âmbito nacional do programa, nota ainda para "Classe de Jaime", um trabalho em torno das danças tradicionais da Serra D’Aire e Candeeiros, onde uma bailarina e um músico vão ao encontro de vários grupos folclóricos que têm vindo a preservar o repertório das tradições de baile.

Realce ainda para "Manifestações", do Teatro do Frio, um projeto assente no desenvolvimento de um conjunto de ações com moradores do Porto em torno da ocupação e redefinição do espaço público enquanto lugar de encontro, oratória e meio primordial para a construção dinâmica de identidades.

As iniciativas online do festival

Num tempo de exceção, o MEXE 2021 integrará ainda iniciativas online. A par da já anunciada manifestação cibernética ("Máquina de Ruído"), o evento convoca a oficina "Herbanário Anticolonial", onde as plantas servem como ponto de ignição para um diálogo com a história colonial de Portugal e Brasil.

Complementando o trabalho de apresentação e performance, o MEXE 2021 apresentará, ainda, uma mostra de cinema que integrará seis filmes sobre organizações e projetos cujo trabalho se centra nas práticas artísticas participativas e comunitárias.

Na dimensão pensamento, outro dos eixos programáticos do festival, será apresentado o livro "Práticas Artísticas Comunitárias, Participação e Política", de Hugo Cruz, e será promovida, em paralelo, a quarta edição do EIRPAC – Encontro Internacional de Reflexão sobre Práticas Artísticas Comunitárias, que convoca oito instituições de ensino superior a refletirem sobre “O Risco no Contemporâneo”.

A programação do MEXE é maioritariamente de acesso gratuito, em coerência com os princípios de acessibilidade e fruição cultural.

Toda a programação e detalhes disponíveis na página oficial do festival.