Cultura

Festival DDD estreia solo sobre danças de resistência e resistência na dança

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O Festival DDD - Dias da Dança apresenta hoje as criações de Cristina Planas Leitão, no Teatro do Bolhão, e de Ana Rita Teodoro, no Auditório de Serralves.

O Teatro do Bolhão estreia, às 19 horas, o novo espetáculo de Cristina Planas leitão "UM [unimal]", um solo que explora o binómio danças de resistência/resistência na dança, no âmbito do Festival DDD - Dias da Dança.


Através de comandos e instruções ao vivo, transmitidas à intérprete Daniela Cruz durante toda a peça por sistema in-ear, questionam-se conceitos como autoria, autoridade, liberdade e liderança.  

O tema motor - sobrevivência - desdobra-se em dois subtemas: a subsistência após um desaparecimento; e a permanência de costumes de épocas passadas, dos movimentos políticos e sociais e do seu impacto e manifestação nos corpos de hoje. A fisicalidade explorada é a marcha, que historicamente surge tanto em contextos de opressão como de libertação.

"UM [unimal]" pretende investigar uma fisicalidade contínua, no virtuosismo do seu limite, através de um corpo que luta pela permanência em palco e cuja perseverança e exaustão contaminam e atraem, tal como o gladiador na arena, o maratonista em competição ou um solitário alpinista na sua escalada.

Anatomia por Ana Rita Teodoro

Também hoje, mas pelas 22 horas, o Festival DDD vai ao Auditório de Serralves com a criação de Ana Rita Teodoro "Delirar a anatomia: sonho d'intestino, orifice paradis, palco", uma coleção de estudos febris dedicados a uma parte do corpo.


O trabalho baseia-se no estudo da anatomia - na sua história, perspetiva da medicina chinesa, fisiologia e paleontologia - em cruzamentos iconográficos ou literários, assim como na experiência empírica. O delírio surge para desestabilizar e renomear as partes. Acontece pela fricção de factos e ficções, acontece pelo ataque aos órgãos e às suas funções destinadas.  

A ambição é - segundo Ana Rita Teodoro - a de provocar crises e revoluções que possam permitir mais liberdade na criação do corpo e assim, redesenhar as suas formas, gestos e funções, de modo a alargar o seu modo de ser e de existir. A primeira escolha é a de isolar uma parte do corpo e, friamente, colocá-la num estúdio vazio. Os estudos são focados no orifício. O orifício enquanto lugar de passagem, porque o trânsito entre o dentro e o fora proporciona o delírio. Delirar é passar-se. Sendo a anatomia a disciplina que nomeia os constituintes do corpo, "Delirar a anatomia" é também um percurso de exploração de uma relação de simetria entre processo de escrita e processo coreográfico, entre palavra e gesto.