Economia

Fernando Freire de Sousa propõe aposta na dimensão empresarial e na recapitalização da indústria

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Uma aposta na recapitalização da indústria e na dimensão empresarial. Poderá ser esta uma das "hipóteses a Norte" nos caminhos para a recuperação económica, propõe o presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), Fernando Freire de Sousa, primeiro orador convidado da conferência do JN, promovida em parceria com a Câmara do Porto, que hoje decorre no Teatro Municipal do Porto - Rivoli.

Focando a sua intervenção na "Dimensão Institucional: Ativos e Constrangimentos" na Região Norte, o presidente da CCDR-N fez um diagnóstico daquilo que tem sido a evolução desta zona do país nas últimas quatro décadas, desde o 25 de Abril, e especialmente após a adesão de Portugal à União Europeia, em 1986.

Vítima de uma "inconsistência institucional" crónica do país - refletida não só no "centralismo", mas também na "desarrumação administrativa e funcional" e no "desalinhamento internacional" - a Região Norte é território dos mais curiosos paradoxos, considerou.

Sendo a zona do país com maior capacidade exportadora, mais competitiva, e o local onde o peso da indústria transformadora mais se faz sentir, ocupando a "86.ª posição do peso PIB entre as 281 regiões da Europa", o Norte é também, por contraste, "a região mais pobre do país com PIB per capita".

Neste território, as empresas de investigação e desenvolvimento (I&D) prosperam, mas, por outro lado, o nível de formação e escolaridade da sua população fica atrás da Região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT), e é onde mais se nota "o abandono escolar precoce" e, em algumas áreas, "um elevado índice de envelhecimento da população", observou Fernando Freire de Sousa.

De acordo com o último relatório da UE para a área da Coesão Social, continuou, o Norte é a "única região do sul da Europa que converge com a média europeia" ao nível do crescimento, mas o reflexo da aposta do investimento, em fundos estruturais, não capitaliza nem acompanha essa performance.

Para Fernando Freire de Sousa, são várias idiossincrasias da Região Norte. Ao tomar delas conhecimento, resultado de um acurado diagnóstico dos "ativos e constrangimentos", podem ser desenhadas soluções que, nesta situação de crise, têm de ser, como nunca antes, as certas e as mais precisas, para não se desperdiçar "esta oportunidade única" e aproveitar a maior soma que alguma vez a Europa disponibilizou a Portugal, cerca de 45,5 mil milhões de euros.

"Não embarquemos em soluções fáceis", avisa, no entanto, o presidente da CCDR-N. Uma das soluções, que reconhece não ser fácil, passará por "alargar a base territorial de influência", pois na Região Norte apenas oito municípios, Porto incluído, representam mais de 50% do setor exportador.

Assim, Fernando Freire de Sousa estabelece 
como caminhos para a recuperação económica duas grandes opções na concretização de investimento: uma "iminentemente infraestrutural, assente em obra pública ou então outra, mais diversificada", que defende e que alinha em quatro vetores.

Uma aposta na reindustrialização, na qualificação "sem tréguas", no reforço do sistema de inovação, complementado por uma nova geração de estratégias de valorização económica dos recursos endógenos, sem descurar as políticas sociais, e na construção de alguns equipamentos fundamentais. O caminho a seguir tem de quebrar a rotina e ser transformador. Citando Pedro Abrunhosa, o economista apela a que o país, e em particular a região Norte que tem sido o motor económico da nação em todos períodos de crise, faça o que "ainda não foi feito" e com a celeridade que se exige. "Amanhã pode ser tarde demais", frisa.

O desenvolvimento "equilibrado e programado" de equipamentos de saúde, sociais, escolares, ambientais e culturais, entre outros, completam o leque de "hipóteses a Norte" elencadas pelo presidente da CCDR-N, na conferência "Os caminhos da recuperação económica em Portugal: hipóteses a Norte", promovida pelo JN, em parceria com a Câmara do Porto.

Na sessão de abertura, o diretor do Jornal de Notícias, Domingos de Andrade, afirmou que a Região Norte precisa "de soluções costumizadas" para enfrentar a crise e recordou, que na última, em 2008, "foi a região que mais sofreu mas foi também a arregaçar as mangas".

Numa iniciativa que, fruto das atuais contingências, não está aberta ao publico, encontrando-se no Rivoli apenas os participantes e alguns convidados, entre os quais o presidente da Assembleia Municipal do Porto, Miguel Pereira Leite, e os vereadores do Executivo de Rui Moreira, os trabalhos podem ser seguidos no site ou Facebook.
do jornal, em direto.

Programa conferência | Sexta-feira, 24 de julho

09,45 - 10 horas | Sessão de Abertura

Domingos de Andrade, Diretor do Jornal de Notícias

10 - 11 horas | A Dimensão Institucional: Ativos e Constrangimentos

Fernando Freire de Sousa, Presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte

11,30 - 13 horas | A Dimensão Territorial: Contrastes e Desafios da Coesão

Presidentes ou representantes das oito entidades intermunicipais do Norte

Artur Nunes, Presidente da C. M. de Miranda do Douro, Trás-os-Montes*

Carlos Carvalho, Presidente da C. M. de Tabuaço, Douro

Eduardo Vítor Rodrigues, Presidente da C. M. de Vila Nova de Gaia, Área Metropolitana do Porto

Gonçalo Rocha, Presidente da C. M. de Castelo de Paiva, Tâmega e Sousa

José Maria Costa, Presidente da C. M. de Viana do Castelo, Alto Minho

Orlando Alves, Presidente da C.M de Montalegre, Alto Tâmega

Raul Cunha, Presidente da C. M. de Fafe, Ave*

Ricardo Rio, Presidente da C. M. de Braga, Cávado

Moderação de Rafael Barbosa, Chefe de Redação do Jornal de Notícias

14,15 - 15,15 horas | A Dimensão Política: Condicionantes e Transformação

Nuno Vaz, Presidente da C.M. de Chaves

Paulo Cunha, Presidente da C.M. de Famalicão

Víctor Hugo Salgado, Presidente da C.M. de Vizela

Moderação de António José Gouveia, Editor-chefe adjunto do Jornal de Notícias

15,15 - 17,15 horas | A Dimensão Estratégica: Lógicas Económicas e Sociedade

António Ponte, Diretor Regional de Cultura do Norte, Cultura

António Sousa Pereira, Reitor da Universidade do Porto, Ciência

Filipe Araújo, Vereador da Inovação e do Ambiente da C. M. Porto, Ambiente

Guilherme Costa, Economista, Empresas

Luís Pedro Martins, Presidente da Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte de Portugal, Cultura

Moderação de Pedro Araújo, Editor de Economia do Jornal de Notícias

17,45 - 18,45 horas | Encerramento dos Trabalhos

Rui Moreira, Presidente da C.M. do Porto

Elisa Ferreira, Comissária Europeia

* a confirmar