Sociedade

Falhas constantes na ponte aérea

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Aviões com horas de atraso, malas à chuva, cancelamentos de voos, regresso de aparelhos à origem e dezenas de passageiros sem ligações à Europa, é este o resultado dos primeiros dias de operação da ponte aérea inventada pela TAP para drenar passageiros para o aeroporto da Portela, na semana em que a companhia suprimiu 74 ligações diretas por semana do Porto para o estrangeiro.

Esta manhã, um voo que saiu do Porto às 7,30 horas, apenas aterrou em Lisboa às 10,30 horas, depois do nevoeiro ter levado o piloto a decidir regressar ao Francisco Sá Carneiro, até porque o aparelho, não tinha combustível suficiente para continuar no ar.

Mas há muitos relatos de passageiros que perdem ligações e voos atrasados, já que a ponte aérea parece incapaz de cumprir os horários estabelecidos. À hora em que esta notícia é escrita (16 horas), a consulta do status dos voos, mostra, por exemplo, que o voo que deveria ter saído de Lisboa às 15 horas, ainda está em Lisboa, com horário previsto para as 16,30 horas e que, no sentido contrário, o voo das 15,30 continua em terra e o das 16,30 tem já previsto um atraso de uma hora.

Por outro lado, nos dois últimos dias, o estado do tempo impediu a normal operação dos aviões a hélice ATR, mesmo que não houvesse condições anormais para a época do ano, já que estes aviões não possuem as mesmas características técnicas que a antiga frota da Portugália. A solução da TAP tem sido, aliás, recorrer aos velhinhos Fokker 100 e Embraer, para suprimir os problemas.

Problemas como estes têm sido relatados na imprensa, como ontem e hoje no Jornal de Notícias: «Com esta mudança, cerca de 30 pessoas, perderam as ligações aos voos internacionais que tinham a partir de Lisboa. "Estamos indignados", disse Agostinho Baldaia, que não encontrou solução na alternativa proposta. "Tenho um investimento de 20 mil euros numa feira internacional em Bolonha e estou aqui retido", desabafou.»

A REUNIÃO DE RUI MOREIRA COM FERNANDO PINTO

Também hoje, o Jornal de Notícia antecipou um excerto de uma entrevista a Fernando Pinto, o presidente da Comissão Executiva da TAP, onde este afirma que Rui Moreira concordou com as alterações anunciadas pela TAP, durante uma reunião em dezembro. Ora, o que Fernando Pinto não disse ao Jornal de Notícias, mas Rui Moreira conta no seu livro TAP Caixa Negra, é que durante essa reunião, ocorrida em dezembro na Câmara do Porto, aquele administrador não lhe deu todos os dados, não lhe falando da supressão de 74 voos internacionais semanais, não lhe dando dados acerca da ocupação dos voos nas rotas suprimidas, não lhe dando informação acerca das aeronaves que iriam operar a rota, não o informando acerca da nova rota para Vigo, não lhe dando a informação que, embora a TAP mantivesse as rotas intercontinentais, iria suprimir 40% dos voos para a América Latina e América do Norte.

As declarações de Fernando Pinto confirmam, por isso, as de Rui Moreira no seu livro, mas, mais uma vez, omitem parte da verdade.