Exposição para recordar que a liberdade nunca é um valor garantido
Paulo Alexandre Neves
Notícia
A História regista hoje uma das datas mais significativas para toda a Europa: 6 de junho de 1944, o "Dia D". Uma frota das tropas Aliadas, conduzidas pelo então general norte-americano Dwight Eisenhower, iniciou a maior operação anfíbia da História da Humanidade. O desembarque nas praias da região da Normandia, em França, durante a II Guerra Mundial permitiu pôr fim ao regime nazi. Até 7 de julho, nos Paços do Concelho do Porto, de forma simples, mas com grande significado histórico, a exposição "Dia D, Batalha pela Liberdade" retrata os dias de combate pela democracia.
"Não devemos esquecer o passado. Estas coisas servem para não nos esquecermos que a liberdade nunca é fácil de conseguir. Exige sacrifícios, combate, mas também que, nos momentos certos, as pessoas tomem as decisões certas", afirmou, durante a inauguração, o presidente da Câmara.
"Numa altura em que a Europa está em guerra, em que a liberdade está ameaçada é oportuno fazer este tipo de iniciativas na Câmara do Porto", acrescentou Rui Moreira.
Fazendo um paralelismo com a atualidade, o autarca portuense aproveitou para deixar um convite a quem, no próximo domingo, se dirija aos Paços do Concelho para votar nas eleições europeias: “Aqui, mesmo ao lado, vão estar mesas de voto. As pessoas vão ter oportunidade de visitar, antes ou depois, a exposição. Devem fazê-lo para meditar sobre aquilo que é a luta permanente pela liberdade e pela paz”.
Estas coisas servem para não nos esquecermos que a liberdade nunca é fácil de conseguir
O Chefe de Estado-Maior da Armada, almirante Gouveia e Melo, citou uma expressão que ficou famosa de Winston Churchill, proferida na Câmara dos Comuns do Parlamento do Reino Unido, em 13 de maio de 1940, para garantir que “a liberdade, muitas vezes, tem de ser conquistada com ‘sangue, suor e lágrimas’. “Espero que esta lição perdure na Europa e que nos una na vontade de manter a liberdade”, acrescentou.
A exposição resulta de uma coorganização do Coletivo Normandia e do Município do Porto. Na sala expositiva localizada no átrio da Câmara do Porto, o público poderá ver fotografias da batalha, informação historiográfica, jornais portugueses da época e alguma memorabília, como um lenço de aviador e um gorro militar. Baseada no livro homónimo do escritor e jornalista José Manuel Saraiva, recentemente publicado, a exposição retrata ainda, de uma forma sucinta, o modo como a operação militar do Dia D (Operação Overlord) foi preparada e que meios humanos e materiais foram utilizados.
“Esta batalha é uma das mais importantes pela liberdade da Europa, então ocupada pelas forças totalitárias fascistas e nazis”, assinalou o antigo ministro da Cultura e presidente da Câmara de Lisboa, João Soares.
Para o responsável pelo Coletivo Normandia, “é preciso não esquecer nunca aquilo que devemos aos milhares de jovens que vieram morrer nas praias da Normandia e nos campos da França para que fosse um país livre. Foram acolhidos como libertadores e não, apenas, como ganhadores”.
O Coletivo Normandia é composto, para além de João Soares, pelo escritor e jornalista José Manuel Saraiva, pelo designer e ilustrador Jorge Silva, pela historiadora Manuela Rêgo e pelo empresário Adélio Gomes. Este grupo iniciou, em 2021, a promoção de eventos de divulgação histórica, com um ciclo dedicado a Jean Moulin, herói da resistência francesa, que passou por Lisboa em 1941. O coletivo é também responsável pela exposição "A insurreição do gueto de Varsóvia 1943", que ainda se encontra em itinerância pelo país.
A exposição "Dia D, Batalha pela Liberdade" vai estar patente, até 7 de julho, nos Paços do Concelho, com visitas de segunda a sexta-feira, das 9 às 17 horas. A entrada é livre.