Cultura

Exposição e livro fazem visita antológica à obra de Fernando Marques de Oliveira

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A Cooperativa Árvore inaugura neste sábado, dia 6, pelas 18,30 horas, a exposição "Fernando Marques de Oliveira - espaços imprevisíveis", que consiste na exibição antológica da obra do artista plástico e é também o título do livro a lançar no Museu Nacional de Soares dos Reis (MNSR), pelas 16 horas do mesmo dia, seguido de visita à intervenção de peças de Fernando Marques de Oliveira criadas para o efeito.

Através da exposição, o público poderá acompanhar a evolução do percurso do artista até aos trabalhos que o identificam como um purista das formas. Tendo começado por um registo figurativo e ritmado, evidente nos seus desenhos de interiores em tinta-da-china, mas também nos bichos da bad painting, rapidamente Fernando Marques de Oliveira se encontrou a si mesmo no abstracionismo geométrico, onde a ousadia da cor se combina com a lapidação dos elementos num equilíbrio vibrante.

No percurso do MNSR, as obras do artista relacionam-se das formas mais improváveis com as várias coleções em exposição. Se, à partida, as formas duras e as cores se destacam e falam sozinhas fora de casa, fazendo uma segunda leitura, o espetador é surpreendido pela atemporalidade do registo geométrico manifesto em muitas outras obras do Museu e que suscitam diálogos cruzados imprevisíveis.

O livro

"A obra plástica de Fernando Marques de Oliveira pode ser caraterizada por um forte sentido de imprevisibilidade do espaço, preocupada sobretudo com uma vocação de tipo geométrico, cujas linhas se orientam por pulsões e desejos" - Eduardo Paz Barroso.

"Espaços Imprevisíveis" é uma compilação de mais de 120 obras de Fernando Marques de Oliveira e dos textos relativos às exposições que realizou nos últimos 40 anos de carreira. Depois de uma breve fase figurativa, a busca pela pureza das formas marcou a sua linguagem estética. A ausência de cor de outrora deu lugar a uma cromoterapia bem doseada, de texturas que incitam ao tato, sobre geométricos organogramas. Os grotescos bichos sublimaram-se e converteram-se em lugares de paz e contemplação, num ordenamento depurado e rigoroso, como num plano de arquitetura.

Sendo um connaisseur da cena artística, mas também um outsider, discretamente criou um espaço próprio, só seu. Num universo paralelo, tem alimentado um público exigente, fiel e admirador do seu trabalho, que convive frequentemente em museus e galerias, mas também neste círculo restrito que é o seu, onde a experiência da Arte é ainda a experiência de privar com o Artista.

Reuniram-se neste livro textos de Eduardo Paz Barroso, Bernardo Pinto Almeida, Fernando Pernes, João Lima Pinharanda, Miguel Veiga, Maria João Avillez, Bruno Leitão, Maria Bochicchio, Sérgio Costa Araújo e Pedro Oliveira.

O artista

Fernando Marques de Oliveira (Porto, 1947) frequentou a ESBAP e a Academia de Watermael Boitsfort, em Bruxelas. Em 1980, fundou no Porto a Galeria "Roma e Pavia", que dirigiu até 1986.

Considerado como um dos valores fundamentais para a renovação do panorama artístico português no início da década de 80, os seus trabalhos no campo da cenografia, da arquitetura e do design de interiores inevitavelmente influenciaram a sua obra. Tornou-se amplamente conhecido pela depuração e pelo sentido de equilíbrio, bem como pelo jogo cromático, simultaneamente vigoroso e pleno de sofisticação formal.

A exposição da Árvore e a intervenção do MNSR podem ser visitadas até 3 de junho.