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Executivo municipal solidário com trabalhadores do Jornal de Notícias

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Todas as forças políticas se mostraram, na reunião pública de Executivo desta segunda-feira, preocupadas e solidárias com a situação dos trabalhadores do Jornal de Notícias (JN), que, nos últimos dias, foram informados pela administração da empresa que detém o periódico – a Global Media – da decisão de avançar para um despedimento coletivo que deverá afetar quatro dezenas de pessoas.

"Não posso deixar de manifestar a minha surpresa por despedirem jornalistas do título que sempre deu dinheiro ao grupo, do título que é líder de audiências em vários segmentos, do título que sempre fez história no Porto, na região e no país", partilhou o presidente da Câmara, que trouxe o assunto ao período antes da ordem do dia.

A "assistir com muita preocupação às últimas informações", Rui Moreira sublinha que "não deixa de ser sintomático que este grupo empresarial queira despedir praticamente metade da redação do JN e anuncie a contratação de mais jornalistas para o DN".

Lembrando como "jornais como o JN olham o país e o mundo a partir do Porto", o presidente da Câmara acredita que "o local do farol não é indiferente. Não é apenas a luz, é o local do farol" que mostra a sua importância.

Agradecendo a "tomada de posição da parte da Câmara", Rosário Gambôa mostrou desconforto relativamente à "falta de clareza acerca de quais são as funções das empresas de media", lembrando que "esta não é a primeira situação na Global Media", tendo já afetado a redação da TSF.

Para a vereadora socialista, o JN "é, de alguma forma, a voz do Norte". "Não podemos interferir numa empresa privada, mas a comunicação social tem um estatuto importante enquanto garante do Estado de direito, da democracia", reforçou.

Pelo PSD, Alberto Machado mostrou-se, igualmente, "preocupado com este processo e o que pode trazer à qualidade e isenção que [o JN] representa".

Ilda Figueiredo reforçou a importância de que "todos os membros da Câmara estejam solidários nesta posição de defesa do JN como último grande jornal diário que temos no norte". Referindo o "pluralismo, a democracia, a defesa desta região, que ali tem tido uma voz importante", a vereadora da CDU acredita que a concretização deste despedimento "significa a morte do jornal como o conhecemos".

No mesmo sentido, a vereadora do Bloco de Esquerda afirma que "despedir metade de uma redação só pode dizer que se pretende alterar profundamente como o JN funciona". Maria Manuel Rola acrescenta que o periódico tem "importância a nível nacional e da própria coesão territorial".

Com 135 anos de história, o Jornal de Notícias emprega – na sede no Porto e na delegação em Lisboa, cerca de 100 pessoas, 90% delas jornalistas. A dispensa destes 40 trabalhadores está inserida no despedimento coletivo previsto no grupo Global Media, que deverá afetar, no total, 150 pessoas.

Recorde-se que o JN terá uma audiência online de 2,8 milhões, acima do Expresso (2,5 milhões) e do jornal do mesmo grupo, o DN (1,9 milhões de pessoas). No que diz respeito à circulação em papel, números de final de 2022, mostram que o JN vendia mais de 25 mil exemplares, estando no topo das preferências dos leitores nos distritos do Porto, Braga, Aveiro, Viana do Castelo e Lisboa.

Nas redes sociais, o periódico é o jornal com maior número de seguidores no Facebook (2,3 milhões de utilizadores).

No ano passado, o Jornal de Notícias apresentou um EBITDA de três milhões de euros, prevendo, até ao final de 2023, resultados no valor de 2,5 milhões. Os jornalistas têm uma greve anunciada para os dias 6 e 7 de dezembro.