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Executivo e deputados municipais pedem que Metro acautele impacto das obras na cidade

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O Executivo e os representantes dos partidos com assento na Assembleia Municipal manifestaram preocupação com o impacto das obras que a Metro do Porto está a levar a cabo na cidade. Na reunião de segunda-feira à tarde, o presidente do conselho de administração da empresa transportadora colocou setembro de 2023 como limite para o arranque dos trabalhos da Linha Rubi, que vai implicar a construção de uma nova ponte sobre o Douro.

A sala das sessões, no edifício dos Paços do Concelho, recebeu a reunião entre a Assembleia Municipal e a administração da Metro do Porto, na qual o Executivo também esteve presente. O assunto do encontro era a Linha Rubi, que irá ligar Santo Ovídio (Gaia) à Casa da Música (Porto), mas a carta recentemente enviada pelo presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, ao presidente do conselho de administração da Metro do Porto, Tiago Braga, mostrando o seu desagrado pelos atrasos nas obras da Linha Rosa, acabou por surgir no debate.

Questionado repetidamente pelas diversas forças políticas, Tiago Braga manteve-se irredutível: “Sobre a Linha Rosa irei responder, em primeira instância, ao presidente da Câmara Municipal do Porto. Essa carta é pública, mas obrigo-me a responder em primeiro lugar ao presidente da Câmara Municipal do Porto, com um relatório circunstanciado.”

Em nome do movimento Rui Moreira: Aqui Há Porto, Raúl Almeida questionou: “De que forma se vai articular com a vida na cidade, concomitantemente com as outras obras em curso?” José Maria Montenegro corroborou essa preocupação: “Estamos aqui com legitimidade própria, somos eleitos pelos cidadãos. Os nossos propósitos não são divergentes, a Câmara do Porto e a Metro do Porto têm de estar em sintonia. Obviamente preocupam-nos as dores do processo, o atraso numa estação de metro que cortou o trânsito nos Clérigos, um centro nevrálgico da cidade que está condicionado.”

“Toda a gente sabe que existe um contexto internacional e subida de preços das matérias-primas. Nos 34 meses da Linha Rubi estão previstos os atrasos? É um prazo tendo em conta a conjuntura, ou não? Porque deixaram de existir as reuniões quinzenais?”, indagou Miguel Côrte-Real, do PSD. Rui Sá, pela CDU, pediu “mais debate com as pessoas que são afetadas pela obra” e pediu esclarecimentos sobre a forma “como se chegou à decisão relativamente à ponte” que servirá a Linha Rubi. O deputado Rui Nóvoa, do BE, considerou que “deve haver maior esforço relativamente aos atrasos, e para minimizar os impactos negativos na vida das pessoas”.

“O benefício que esta linha vai trazer para a cidade é maior que os incómodos”, admitiu Paulo Vieira de Castro, do PAN, lamentando contudo o “impacto negativo na paisagem”. Pelo PS, Rui Lage notou que “não há obra deste género sem dor. Não há pontes sem impacto cénico. Estes debates são importantes e a obra acabará por ser um sucesso e uma mais-valia para a cidade do Porto.”

“Não há hostilidade, há um nível de exigência normal, como temos com a STCP, ou com as empresas participadas”, assegurou Rui Moreira. “Não quero que me responda a nada, mas deixar uma nota sobre as preocupações. Sabemos que há atrasos que são imponderáveis. Temos de ter cuidado para, ao fazer uma coisa boa, não destruir outras coisas na cidade. Estão duas obras para arrancar que vão ter impacto, a Linha Rubi e o BRT. O que nos preocupa é que a cidade possa atingir um nível de disrupção intolerável; temos de acautelar isso. Estamos a tentar perceber até que ponto podemos mitigar esses impactos sem perder PRR”, acrescentou.

O presidente da Metro do Porto admitiu, contudo, que a empresa hierarquiza os atrasos que sucedem nas obras em função das diferentes zonas de empreitada. “Temos essa preocupação”, frisou.

“Estamos a apreciar a Linha Rubi, não a Linha Rosa, mas fica a preocupação. Ficámos todos muito expectantes com as informações que vai dar ao presidente da Câmara”, concluiu o presidente da Assembleia Municipal, Sebastião Feyo de Azevedo.

Relativamente à Linha Rubi, o presidente da Câmara do Porto sublinhou tratar-se de um projeto “absolutamente fundamental”. “Nós precisamos da Linha Rubi e sabemos que a questão do atravessamento seria sempre difícil. Em termos arquitetónicos, a ponte parece-nos excelente”, disse Rui Moreira, ressalvando: “Quanto à questão de haver percursos cicláveis ou pedonais, essa deve ser uma preocupação da Câmara do Porto, ou daqueles a quem os órgãos autárquicos entregarem essa competência.”

“O projeto da Linha Rubi está em consulta pública, que acaba esta semana”, notou Tiago Braga, indicando que a futura linha tem um potencial de 12,7 milhões de passageiros. “A análise de potencial procura foi feita pela equipa do CITTA (Centro de Investigação do Território, Transportes e Ambiente), coordenada pelo professor Paulo Pinho. É uma linha de 6,3 quilómetros de extensão, com financiamento do PRR, e término da empreitada até dezembro de 2025”, acrescentou, revelando: “Estaremos em condições de lançar o concurso algures no início do próximo ano.”