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Investigadores da U.Porto concluem que crianças a viver em zonas com mais vegetação têm menos alergias

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Filipa Brito

Cientistas do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) concluíram que as crianças que vivem em zonas com maior quantidade de vegetação apresentam menor sensibilidade alérgica, sendo a exposição a estes espaços protetora do desenvolvimento de doenças.

O estudo, publicado na revista científica Science of the Total Environment, tinha como objetivo avaliar a quantidade de vegetação e proximidade a rios e mar em redor das habitações das crianças e o desenvolvimento de sensibilização alérgica.

A investigação, que envolveu 730 crianças da coorte Geração XXI (um estudo longitudinal do ISPUP) residentes na Área Metropolitana do Porto, desdobrou-se em duas abordagens diferentes.

“Por um lado, avaliamos a quantidade de vegetação e a proximidade aos rios e ao mar ao longo do tempo, desde que as crianças nasceram até aos 10 anos e, por outro, fizemos uma avaliação da sensibilidade alérgica das crianças aos 10 anos”, esclareceu Inês Paciência, investigadora do instituto do Porto e primeira autora do estudo, em declarações à Lusa.

“Verificamos que as crianças que vivem numa zona ou área com maior quantidade de vegetação nos 500 metros ao redor das suas habitações têm uma menor sensibilização alérgica quando comparadas com as que vivem numa zona de menor quantidade de vegetação”, salientou.

Segundo a investigadora, das 730 crianças envolvidas no estudo “40% tinham sensibilização alérgica”.

Apesar de ser um dos objetivos da investigação, a equipa do ISPUP não conseguiu correlacionar a existência de espaços azuis (água) em redor das habitações das crianças com o desenvolvimento de sensibilização alérgica.

Destacando que a “presença de áreas verdes tem um efeito protetor” nas crianças e face ao “crescente aumento de doenças alérgicas e respiratórias”, Inês Paciência defendeu a necessidade de o planeamento urbano apostar na construção destes espaços perto das áreas residenciais.

A investigação, desenvolvida no âmbito da Unidade de Investigação em Epidemiologia (EPIUnit), surge no âmbito do projeto Exalar XXI, do ISPUP, que procura estudar a relação entre o ambiente urbano e as doenças alérgicas nas crianças.