Ambiente

Estratégia para o aumento das áreas verdes inclui expansão do Parque da Cidade e do Parque de São Roque

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A estratégia municipal para o aumento as áreas verdes foi hoje apresentada em reunião de Câmara. Há um vasto número de intervenções e reabilitações já concluídas, outras em curso e entre as expansões planeadas até 2022, a autarquia sublinha o remate poente da área do Parque da Cidade, o crescimento do Parque de São Roque em mais de um hectare e a criação do Parque da Alameda de Cartes. Do lado da reabilitação, destaque para a intervenção na Praça da República, que abrange toda a envolvente. O investimento global ultrapassa os 10 milhões de euros.

Há um conjunto de novidades que se podem extrair da síntese que o vice-presidente da Câmara do Porto, Filipe Araújo, apresentou esta manhã acerca da estratégia municipal para o aumento das áreas verdes na cidade, enquanto responsável pelo Pelouro da Inovação e Ambiente.

Não sendo nova a intenção, até porque uma das prioridades do próximo Plano Diretor Municipal (PDM) estabelece como objetivo a valorização da estrutura ecológica e da densificação das áreas verdes, já o planeamento das intervenções era até aqui desconhecido.

Remate a poente do Parque da Cidade

Desde logo, porque o plano estratégico prevê a conclusão da “terceira e última fase do Parque da Cidade”, anunciou Filipe Araújo, recordando que a última intervenção ocorreu no tempo da Porto 2001, altura em que “a reabilitação da zona do lago não ficou bem resolvida”, considerou.

Agora, a autarquia quer arrepiar caminho não só nessa parte, como também pretende ganhar espaço ao Queimódromo, renaturalizando parte da zona alcatroada. Com o “remate a poente” assegurada pelo autor do Parque da Cidade, o arquiteto paisagista Sidónio Pardal (que não teve mão na última intervenção realizada há quase 20 anos), o Município vai configurar “três novas clareiras” de parque e receber “uma nova avenida de árvores”, garantiu Filipe Araújo.

O arranque da obra está previsto para o início de 2021, numa área superior a 10 hectares. A intervenção pretende ainda melhorar a acessibilidade na zona de transição entre o parque, o viaduto e a beira-mar, junto ao edifício “Kasa da Praia”. O investimento municipal está orçado em cerca de 2,8 milhões de euros.

Expansão do Parque de São Roque

No Parque de São Roque, nova investida. O Município planeia ampliar em mais de 1,2 hectares a área verde, numa intervenção que o vice-presidente da Câmara do Porto estima poder iniciar já em maio de 2021.

Segundo Filipe Araújo, o potencial estava há muito identificado, pois para além de um muro que existe a nascente do parque, havia possibilidade de expansão para uma zona de mata, até bem mais plana do que a topografia associada a São Roque, que surpreenderá também pelas “vistas bonitas sobre o Rio Douro”, assegurou o responsável. A obra, estimada em cerca de 650 mil euros, prevê ainda a progressiva substituição dos eucaliptos por espécies autóctones e a reabilitação de todos os caminhos internos.

Ali próximo, na freguesia de Campanhã, e depois de concluída a duplicação do Parque Oriental de 8 para 16 hectares no ano passado (igualmente conduzida pelo maior obreiro paisagista do Porto, o arquiteto Sidónio Pardal), o Município tem em carteira mais investimentos para incrementar os espaços verdes.

Parque Alameda de Cartes

Fala-se, por exemplo, do nascimento de um novo parque urbano: o Parque Alameda de Cartes. A primeira pedra de uma obra que no terreno vai procurar, acima de tudo, dar resposta a problemas de mobilidade da população, criando um contínuo urbano arborizado e uma rede de caminhos pedonais, apta também para pessoas com mobilidade reduzida, deverá ser lançada em outubro do próximo ano.

Desenvolvido no âmbito do URBiNAT, o projeto corresponde a um investimento de 1,4 milhões de euros, financiado pelo programa Horizonte 2020 da Comissão Europeia, mas o Município também entrará em parte das contas, confirmou o responsável.

Entre os principais objetivos do novo parque urbano, destaque para a regeneração urbana de uma área desfavorecida através da implementação de soluções baseadas na natureza. Para tal, foi feito um processo exaustivo de análise do lugar, suportado por um processo participativo que envolveu cidadãos, agentes locais e decisores políticos. “Foi a população que indicou os problemas daquele território e o projeto vem resolver isso”, certificou Filipe Araújo.

A área de intervenção é constituída por terrenos públicos, localizados entre o Bairro do Falcão, Bairro do Cerco do Porto, Bairro do Lagarteiro e área de expansão do Parque Oriental. Atualmente, trata-se ainda de um território com grandes descontinuidades geradas pela topografia de declives acentuados e pela fragmentação imposta pelas infraestruturas viárias.

Reabilitação da Praça da Corujeira

Ainda olhando ao território de Campanhã, impôs-se falar sobre a Praça da Corujeira, que vai ser reabilitada seguindo os cânones da proposta vencedora do concurso de ideias para a sua requalificação.

Neste capítulo, o vereador do Urbanismo, Pedro Baganha, informou que também este projeto se enquadra no pensamento macroestratégico de tratar os espaços verdes como centralidade urbana. Em particular, na Corujeira vai ser promovida a fruição na natureza, através de percursos pedonais e cicláveis e – porque não? – promovendo o diálogo de um edifício-bar com o arvoredo circundante, já que a estrutura vai funcionar ao nível dos plátanos. No fundo, pretende-se que a “nova” Praça da Corujeira sirva as necessidades da população, conciliando os valores ecológicos, funcionalidade e bem-estar.

As obras devem arrancar em 2022 e o investimento municipal ronda os 4 milhões de euros.

Novo Parque Urbano da Lapa

Talvez seja um dos mais ambiciosos projetos presentes na estratégia, porquanto não depende somente do Município do Porto. O Parque Urbano da Lapa está intimamente ligado ao plano de regeneração urbana de toda a zona da Lapa. “Neste caso, a esmagadora maioria dos terrenos ainda é propriedade privada. Portanto, terá de andar a par da operação urbanística da integração no domínio público de mais de um hectare de terreno”, esclareceu o vereador do Urbanismo, Pedro Baganha.

Uma das valências que o novo espaço verde permitirá é “o acesso facilitado à estação de Metro da Lapa, que hoje é difícil a partir da Rua de Cervantes”, reconhece o responsável, apontando ainda a reabilitação desta artéria e a da Rua de Alves Redol, como parte integrante do plano.

Pedro Baganha estima que o projeto esteja concluído durante o próximo ano e que possa haver obra em 2022, orçada em cerca de 1,4 milhões de euros.

Se o próximo PDM for executado a 100%, o Município do Porto ficará com uma área total verde pública de 378,5 hectares, “correspondente a uma ampliação ou requalificação de 178,7 hectares. Se somarmos a estas áreas, as áreas verdes de elevado valor ecológico e as áreas verdes associadas a zonas sensíveis, chegamos a 591 hectares de áreas verdes”, avançou Pedro Baganha.

Reabilitação da Praça da República

Próximo à Lapa, o Jardim Teófilo de Braga, mais conhecido como Praça da República do que propriamente pelo seu nome toponímico, vai receber uma intervenção profunda, liderada pela arquiteta paisagista Teresa Portela Marques. O concurso será lançado no início de 2021, pelo que o vice-presidente da Câmara do Porto estima que a obra possa arrancar em outubro do próximo ano.

Com esta intervenção, a autarquia pretende recuperar a posição de referência que a Praça da República assume na cidade, quer pelo seu significado histórico quer enquanto jardim público. Além disso, será mais abrangente do que o núcleo do jardim, “olhando todo o espaço envolvente até à Lapa”, esclareceu Filipe Araújo, informando que essa parte do projeto estará a cargo do arquiteto José Carlos Portugal.

A intervenção terá assim em conta os mais de 125 anos em que a praça foi um vasto campo onde se praticaram exercícios militares, onde se iniciaram revoltas, como a de 1820, que celebra este ano o seu bicentenário, assim como os seus mais de 100 anos como jardim público municipal.

A obra está orçada em cerca de 1 milhão de euros e deverá ficar concluída no final de 2022.

Oposição satisfeita

O vereador do PS Manuel Pizarro afirmou estar globalmente “satisfeito com a ampliação dos espaços verdes” na cidade, tendo sido acompanhado pela vereadora da CDU, Ilda Figueiredo, que salientou que as propostas apresentadas foram “muito positivas”.

De igual modo, o vereador do PSD, Luis Miguel Seabra, congratulou o Município pelos projetos apresentados, tendo apelado para que o Executivo Municipal faça um esforço para manter a segurança dos espaços verdes, precavendo-os de atos de vandalismo.

Além das intervenções planeadas, a autarquia tem em curso a construção da maior cobertura verde da cidade, no Terminal Intermodal de Campanhã (TIC), que terá uma área verde de 4,6 hectares. E está ainda a construir o Parque Central da Asprela, com cerca de 6 hectares, tirando partido das características hidrográficas ali presentes, fundamentais para o controlo de cheias e inundações.

Quanto a obras de reabilitação já concluídas em espaços verdes existentes, sublinhem-se as intervenções na Quinta do Covelo, no Parque das Águas (na Quinta do Barão de Nova Sintra) e no Jardim Émile David, na frontaria dos Jardins do Palácio de Cristal.