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Está pronto em Campanhã o lugar onde as linhas se encontram

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Pormenores. É quase só isso que falta para que o novo Terminal Intermodal de Campanhã (TIC) comece a fazer circular uma parte significativa do transporte público para e a partir de um ponto único na cidade. Concluídos arruamentos e arranjos paisagísticos da envolvente, dentro de dois meses entra em funcionamento o lugar onde as linhas se encontram. Numa visita ao local, a GO Porto, responsável pela execução da obra, fez a entrega simbólica do edifício nas mãos da STCP Serviços, que ficará encarregue da sua gestão.

Quando for aberta a rua e terminada a intervenção nos mais de quatro hectares de área verde que hão de quase camuflar o imponente edifício de betão, e onde está incluído um parque natural como elemento agregador de toda a envolvente urbana, será para Oriente que vai circular grande parte do transporte rodoviário internacional, interurbano e regional que entra na cidade.

E é ali que se fará, como explica o administrador da GO Porto, Manuel Aranha, “o rebatimento dos passageiros para outros modos de transporte, seja a STCP, o metro, ou o comboio”. Já quem chega ao Porto de carro “pode deixá-lo no parque de estacionamento [com capacidade para 268 lugares] e aqui entrar no sistema de transporte público”.

Em 24 mil metros quadrados de área bruta total de construção, há ainda espaço para bicicletas, táxis e para o sistema de “kiss&ride”.

No máximo da sua capacidade, o TIC está preparado para “mil serviços por dia, o que significa 120 mil passageiros, 43 milhões por ano”, assegura a presidente da STCP. Para Cristina Pimentel, a importância destes valores tem duas vertentes: o tempo e a sustentabilidade.

“É absolutamente importante que estes serviços [de transporte rodoviário] saiam do centro da cidade”, reforça, com a certeza de que “a vinda para aqui poupa a esses operadores muitos quilómetros no centro da cidade e poupa à cidade, também, muitas emissões de CO2 desnecessárias”.

Com oito cais de embarque para autocarros em regime de rotação e 30 lugares de estacionamento, estima-se uma redução de 1776 tep (toneladas equivalentes de petróleo) com esta diminuição do tráfego de pesados no centro.

Até ao momento, já cinco operadores – nacionais e internacionais – confirmaram a transferência da sua operação para o TIC, num total de 38 linhas, mas Cristina Pimentel acredita que venham mais, num “benefício para os seus clientes, para os seus serviços e para a cidade”. O Terminal das Camélias, por exemplo, adianta a presidente da STCP, ficará “exclusivamente dedicado ao serviço eminentemente urbano e ocasional turístico”.

Mobilidade mais sustentável e a natureza em redor

O piso superior do edifício é dedicado às galerias de apoio ao passageiro e operadores rodoviários, com espaço de bilheteira e informação, sala de espera, perdidos/achados, cacifos, instalações sanitárias, loja de conveniência e cafetaria, sala de despachos, espaços para motoristas e balneários, bem como salas de gestão e manutenção.

“O objetivo foi criar um espaço confortável, mas também agradável à vista para que as pessoas pudessem ter contacto com a natureza. Foi com esse propósito que foi decidido fazer um terminal um nível abaixo da cota habitual”, afirma o responsável da GO Porto.

Para conclusão já quando o terminal estiver a funcionar fica “o fim de um túnel que passa por baixo das linhas de caminho-de-ferro e que faz a ligação direta à estação de metro, semelhante ao que já existe a sul e dá acesso às plataformas”, explica Manuel Aranha. O administrador da empresa municipal garante, no entanto, que “as pessoas podem na mesma passar porque é apenas uma questão de acabamentos”.

O Terminal irá constituir um dos principais nós da rede de transporte público, enquanto interface estratégico de um anel de contorno da cidade do Porto, funcionando em articulação com o interface da Casa da Música e o futuro interface do Hospital de S. João.

O projeto de arquitetura é da responsabilidade de Nuno Brandão Costa, e foi distinguido pela Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA), que o considerou “um marco assinalável na arquitetura portuguesa atual” além de “um dos mais relevantes projetos públicos em curso no Porto, articulando de forma exemplar infraestrutura, topografia e espaço público”.

O Terminal Intermodal de Campanhã insere-se na política de mobilidade da cidade, que se baseia na articulação entre os diferentes subsistemas de transportes e a promoção de uma cultura do cidadão multimodal, potenciando a descarbonização assumida no Pacto do Porto para o Clima.

Todo o equipamento foi erigido com respeito integral pela norma internacional LEED - Liderança em Energia e Design Ambiental. O Master-Plan da Certificação LEED do Terminal Intermodal de Campanhã verifica que o projeto assegura um nível de certificação CERTIFIED (>40 pontos core), tendo potencial para atingir um nível de certificação SILVER (>50 pontos core).

A sua gestão, à semelhança de outros terminais municipais, fica a cargo da STCP Serviços, e a operação e manutenção será da responsabilidade da MANVIA, Manutenção e Exploração de Instalações e Construção S.A.

A empreitada representa um investimento de 12,6 milhões de euros, com cerca de 8,5 milhões vindos de fundos comunitários do programa Norte 2020.