Cultura

Está oficialmente aberto o Batalha Centro de Cinema

  • Paulo Alexandre Neves

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O icónico Batalha abriu hoje as suas portas. A partir de agora, Batalha Centro de Cinema, totalmente reabilitado, respeitando a identidade e elevado valor patrimonial e arquitetónico do edifício. Às 17 horas, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, acompanhado do ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, do diretor artístico do Batalha, Guilherme Blanc, e dos arquitetos do projeto, Alexandre Alves Costa e Sérgio Fernandez, inaugurou o novo espaço cultural da cidade.

Em poucas palavras, Rui Moreira agradeceu aos portuenses “porque sempre acreditaram que era possível voltar aqui”. “Voltar a uma vivência da cidade, que muitos acreditavam perdida, e que quisemos recuperar”, assumiu.

Para o presidente da Câmara do Porto, “o Batalha volta a ser mais do que um cinema. Vamos continuar a insistir para que a cultura no Porto seja diferente, para todos, aberta, contemporânea, mas que não esquece as suas raízes, o seu passado”, como foram, para muitas gerações, as sessões do Cineclube, aos domingos de manhã.

Já para o ministro da Cultura, para quem “a responsabilidade da Cultura deve ser partilhada”, entre Ministério, autarquias e privados, o exemplo do Porto deve ser reconhecido. “Há câmaras que investem mais na Cultura que outras e é também, por isso, que tenho vindo muitas vezes ao Porto. Isso é significativo”, frisou Pedro Adão e Silva.

Sintomático é, na sua opinião, o facto do “vereador da Cultura da Câmara do Porto ser, ao mesmo tempo, presidente da autarquia”. “Isto é, em si, um sinal, a diferença que marca em relação ao passado, mas também de exemplo para os restantes autarcas deste país”, acrescentou o governante.

“O Batalha de hoje é aberto, destemido, divertido e, acima de tudo, inclusivo”

Rui Moreira e Pedro Adão e Silva, acompanhados dos vereadores do Executivo, do presidente da Assembleia Municipal e de centenas de pessoas, visitaram, depois, as instalações do reabilitado Batalha Centro de Cinema, projeto da autoria do Atelier 15 Arquitectura. Seguiu-se a exibição, na sala principal, do filme “The New Sun” (2017), de Agnieszka Polska, sem que antes o diretor artístico do Batalha Centro de Cinema, Guilherme Blanc, e o arquiteto Alexandre Alves Costa, se pronunciassem sobre o presente e futuro do novo espaço cultural do Porto.

“Não consigo esconder alguma emoção neste dia, como alguém que cresceu sem poder ver cinema fora dos centros comerciais”, assumiu Guilherme Blanc, pretendendo, agora, que “as pessoas se divirtam no Batalha. Se apaixonem pela obras de arte que é o cinema, de hoje e de outros tempos”.

“O Batalha de hoje é um centro cultural para o cinema. Aberto, destemido, divertido e, acima de tudo, inclusivo”, acrescentou o diretor artístico.

Já o arquiteto Alexandre Alves Costa desfiou memórias, elogiando, desde o autor do projeto inicial do Batalha, Artur Andrade, à família Neves Real, proprietária do edifício, entretanto cedido à autarquia, até aos que, nestes últimos anos, trabalharam na recuperação do icónico edifício. “Só temos de agradecer a excelência, inteligência e boa vontade de todos os que colaboraram nesta obra”, disse, sublinhando o papel desempenhado também pelas empresas municipais GO Porto e Ágora – Cultura e Desporto.

“Esperamos não ter desiludido quem teve a ousadia de confiar este projeto, o presidente da Câmara”, acrescentou.

Investimento superior a cinco milhões de euros

A intervenção no edifício – assegurada pela Empresa Municipal GO Porto – representou um investimento municipal superior a cinco milhões de euros e incluiu trabalhos profundos ao nível da estrutura, da reabilitação das superfícies (pavimentos, paredes e tetos), das coberturas e elementos funcionais e da construção e instalação de novos equipamentos, acessos e redes. O edifício encontrava-se em condições ainda mais gravosas do que se esperava antes de iniciar a empreitada.

A descoberta dos frescos de Júlio Pomar – que aconteceu no decorrer da empreitada e permitiu recuperar para a cidade um património da década de 1940 que havia sido censurado pelo Estado Novo – é outro dos destaques da empreitada de renovação. “A todos os que aqui trabalharam comoveu a descoberta”, afirmou Alexandre Alves Costa.

O icónico Centro de Cinema volta ao funcionamento, com novos espaços a explorar, como a biblioteca e filmoteca, a sala-filme, a livraria e a cafetaria/bar. Arranca com um fim-de-semana de programação especial gratuita, que pode ser consultada aqui.