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Entre carinho e biscoitos, Violeta e Vagabundo ensinam alunos a tratar os animais de companhia

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A lição é mais simples do que qualquer exercício de matemática ou gramática: “os animais são como nós e nós também não gostávamos que nos abandonassem”. Numa iniciativa do Centro de Recolha Oficial de Animais (CROA) do Porto, a aula daquela tarde, na Escola Básica da Vilarinha, foi recebida entre carinho e biscoitos, e quem ensinou os alunos foram dois professores…de quatro patas.

Aos quatro meses, a Violeta ainda tem algum receio de tanta atenção, mas deixa os mais pequenos dar-lhe todas as festas que querem – e querem muito – porque sente que é desta atenção, também, que é feito o cuidado e o tratamento dos animais de companhia.

Mais confiante, o Vagabundo mostra aos alunos do 4.º ano os truques que sabe e agradece com lambidelas os biscoitos que todos lhe querem dar. Com mais perguntas do que receio dos animais, os mais pequenos querem saber ainda melhor. Tratadores e enfermeiros respondem a tudo nestas sessões que vêm sendo acolhidas nas escolhas da cidade desde janeiro: como escovar, o que é um chip, de quantos animais toma conta o CROA.

Aos oito ou nove anos, nenhum dos alunos percebe porque é que “as pessoas abandonam os animais na rua quando vão de férias”. Porque não seguem o exemplo do Paulo, que levou o cão que lhe faz companhia em casa, “para outro sítio para ele não ficar sozinho” e até lhe deixou uma camisola “para ele se recordar” e ficar menos triste. “Os animais são para levar a sério”, lembra, do alto dos seus nove anos.

Esta é, precisamente, a mensagem que o Município do Porto quer passar aos mais novos: “os animais não são um brinquedo, são para a vida e temos que os acompanhar”, afirma o vice-presidente.

De visita à Escola Básica da Vilarinha, Filipe Araújo explica que esta iniciativa, inserida na estratégia municipal de bem-estar animal, pretende “que a população de estudantes e professores conheça bem o nosso trabalho e também se sinta motivada a, quando pensar em ter um animal em casa, ir visitar o Centro de Recolha Oficial para escolher o animal que pode ser a sua companhia”.

Igualmente responsável pelo Ambiente e Transição Ambiental, o vice-presidente reconhece o impacto da iniciativa junto dos mais novos, que “fazem perguntas muito pertinentes, muito perspicazes, eles têm muito interesse”.

Todos os dias, o foco do CROA é a adoção responsável, porque, acrescenta Filipe Araújo, “a última coisa que queremos é que alguém adote um animal e depois o venha devolver” e, por isso, “nós falamos com as pessoas que querem adotar e introduzimos uma série de questões para os alertar também para os custos que vão ter, para as necessidades que os animais têm”.

A Francisca, que tem duas gatas – “uma vadia e outra que foi adotada no CROA” -, sabe como “é super fixe ter um animal em casa”. Mas que a adoção traz responsabilidades, como dar de comer e tratar bem. Simples, na verdade, porque, “o que os animais querem em troca não é dinheiro, só carinho e miminhos”. Alunos aprovados com nota máxima.

As inscrições para esta atividade continuam abertas, através da Eco Agenda do Município. As visitas acontecem até junho e podem inscrever-se grupos escolares do 1.º, 2.º e 3.º ciclos e do ensino secundário do Porto. O programa completo pode ser consultado na página de Ambiente da Câmara.