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Encontro de gerações do Programa Aconchego ecoa no Brasil

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Filipa Brito

O artigo “Projeto português leva universitários a morar sem aluguel na casa de idosos” conta a história da amizade entre o estudante brasileiro Carlos Gadelha, de 26 anos, e a “simpática dona Albertina Monteiro”, já nos 90. O portal de notícias UOL destaca o programa municipal Aconchego, que une idosos e jovens na partilha de casa e experiências, como um “programa social inédito” que já beneficiou mais de quatro centenas de pessoas.

O jovem do Ceará começou o mestrado integrado em Ciências Farmacêuticas na Universidade do Porto em setembro de 2020 e, desde essa altura, vive na casa da nonagenária Albertina Monteiro. À Ecoa, seção do portal UOL, um dos mais visitados do Brasil, Carlos Gadelha fala numa experiência muito positiva e não poupa elogios à nova amiga. “Tem sido um ambiente enriquecedor, ela é uma senhora muito antenada no que acontece no mundo e à sua volta, ela se adaptou muito bem ao mundo atual, e isso cria uma ponte entre a gente. Criamos as nossas rotinas, como o dia do filme e a hora do nosso café", conta o jovem.

Albertina Monteiro, que está no Programa Aconchego desde o início, em 2004 – já recebeu vários estudantes, e mantém contacto com todos até hoje –, está em sintonia com o estudante, que diz ser “um rapaz muito competente e educado, uma companhia sensacional, sempre atencioso comigo. Ele tem sido um grande amigo. Ambos fizemos uma boa escolha", cita o Ecoa.

Ao site brasileiro, a diretora do departamento municipal de Coesão Social da Câmara do Porto, Raquel Castello-Branco, sublinhou que o programa é “uma excelente oportunidade para fomentar as relações intergeracionais e promover um envelhecimento ativo". A responsável lembra que o programa já foi replicado, por exemplo, em Coimbra e “poderá ser reproduzido em qualquer cidade que tenha a necessidade de dar respostas a estes dois problemas e que possua entidades capazes de implementar o projeto”.

Uma cidade aconchegante e com rosto

A experiência dirige-se a pessoas com mais de 60 anos, residentes no Porto, que vivam só ou com o cônjuge, em situação de solidão e/ou isolamento social, e a estudantes, nacionais ou estrangeiros, que venham estudar para a cidade e não tenham recursos financeiros para arrendar um espaço.

Aos mais jovens é apenas solicitado que se comprometam com o acompanhamento e melhoria da qualidade de vida de seus anfitriões. Não sendo "cuidadores", devem assumir-se como uma companhia, principalmente à noite, e colaborar em tarefas como ir às compras ou à farmácia, esclarecer dúvidas sobre tecnologia, ou mesmo ajudar a preparar das refeições. Existe apenas uma taxa mensal de 25 euros para o dono da residência para fazer face ao aumento de despesas.

O Programa Aconchego foi criado pela Câmara do Porto em parceria com a Federação Académica do Porto e procura que a experiência vá para lá da mera partilha de casa. “Achamos que é uma excelente forma de desenvolver a cidadania, despertar para os valores e fazer com que a cidade, apesar da sua grande dimensão e da capacidade de atração, continue a ser uma cidade com rosto, porque se preocupa com os residentes", dizia Fernando Paulo, vereador da Habitação e Coesão Social, aquando da visita de jovens e idosos ao Museu de Serralves, em 2019.

Em 2010, o Aconchego foi premiado no concurso "This is European Social Innovation" promovido pela Comissão Europeia - Eurocities, devido ao seu potencial inovador e de empreendedorismo social. Há dois anos, foram a WHO Global Network of Age-Friendly Cities and Communities e a Grantmakers in Aging, no âmbito da iniciativa Innovation@Home, que distinguiram a iniciativa.