Economia

Empresários querem Galiza e Norte de Portugal como polo de atração de maiores oportunidades

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Depois de duas edições que seguiram os trilhos da ligação ferroviária de alta velocidade a ligar o Norte de Portugal à Galiza, os Diálogos Gallaecia focaram-se, desta vez, no campo empresarial. Na manhã desta quinta-feira, o presidente da Confederación de Empresarios de Galicia, Juan Manuel Vieites Baptista de Sousa, e o diretor executivo das Tintas Barbot, Carlos Barbot, encontraram-se na Reitoria da Universidade do Porto para analisar a região do ponto de vista do desenvolvimento, da economia, do emprego. Moderada pelo jornalista Carlos Magno, a iniciativa é da agência de comunicação Qualia.

Mas a conversa começou mesmo pelo comboio. Na opinião de Carlos Barbot, há a possibilidade de aumentar o Aeroporto do Porto, assumindo-o como o maior da região e, através da ligação ferroviária a Vigo, fazer a união ao porto marítimo galego. “Se conseguíssemos arranjar uma forma de cooperar entre as duas regiões teríamos todos a ganhar”, defende o empresário.

Cooperação é igualmente a certeza que vive na Galiza. Juan Manuel Vieites Baptista de Sousa acredita que a região “não deve ser vista em termos de competência, mas de cooperação” e que deve ser “um polo de atração da atividade económica e industrial”, que está em transformação com o digital e o combate às alterações climáticas.

Para o presidente da Confederación de Empresarios de Galicia, só uma região “forte e coesa oferece um mercado mais otimizado e maiores oportunidades a empresas, trabalhadores e cidadãos”. “É importante questionar estratégias e ir buscar alianças que nos posicionem sectorial e estrategicamente a nível europeu e os fundos vindos da Europa devem ser uma alavanca para isso ”, defende o representante galego.

Ambos enaltecem as relações de cada país com partes do mundo específicas, potenciadas pela História e pelas línguas, e essa é uma parte importante da equação da cooperação para fazer negócios. No plano das infraestruturas, Carlos Barbot deixou, ainda, a ideia da criação de um parque industrial que sirva toda a região, vivendo das vantagens potenciadas por cada área.

Para o diretor executivo das Tintas Barbot, é também importante potenciar o trabalho conjunto entre as universidades portuguesas e galegas. “Há todo um conhecimento que falta criar” em áreas como a dos conservantes ou dos revestimentos térmicos, deu o exemplo, lançando o repto para o mundo académico se debruçar sobre ele.

“Juntos somos mais fortes”

Também para Juan Manuel Vieites Baptista de Sousa o comboio de alta velocidade pelo Eixo Atlântico faz parte da estratégia de coesão territorial e potencia a captação de empresas. Para o líder dos empresários, além do transporte de passageiros, as infraestruturas devem assegurar “um posto de primeiro nível” para o transporte de mercadorias “antes de 2030”.

Das infraestruturas para as políticas laborais, o presidente da Confederación de Empresarios de Galicia defende uma maior uniformização entre os salários pagos por empresas portuguesas e galegas a operar do outro lado da fronteira.

“Onde temos que fazer um esforço importante é em dar segurança jurídica às empresas que deslocam trabalhadores no âmbito da prestação de serviços transnacionais ou trabalhadores transfronteiriços”, afirma, referindo, ainda, a necessidade de “eliminar obstáculos à mobilidade”, assim como a burocracia que “temos que romper”.

Lembrando que Galiza – Norte de Portugal foi “a primeira eurorregião da União Europeia que se criou”, Juan Manuel Vieites Baptista de Sousa lembra que, ainda assim, “temos muitos passos que dar para a harmonização necessária para nos complementarmos”. O líder dos empresários galegos rematou com a ideia de que “juntos somos mais fortes”.