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É um "adeus" ou "até já"? Todos querem que o Hospital de Campanha não volte a abrir as portas

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Funcionou durante 31 dias. O hospital de campanha montado no Super Bock Arena - Pavilhão Rosa Mota foi hoje desativado, depois de dar alta ao último doente. Muito útil para aumentar a capacidade de internamento dos hospitais do Porto, que em abril chegou a atingir o limite, deixa agora de ser necessário, mas a estrutura mantém-se pronta a ser reativada, caso surja uma segunda vaga de COVID-19.

A unidade, que foi montada pela Câmara do Porto, com a colaboração de diversas entidades, resultou de um protocolo assinado com os dois centros hospitalares da cidade e com a Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos. As 300 camas que possui foram cedidas pelo exército e manter-se-ão operacionais, caso venham de novo a ser necessárias.

A equipa e os custos do hospital nunca estiveram sobredimensionados, já que o modelo encontrado pela autarquia do Porto previa que os gastos apenas ocorressem à medida das necessidades. Por um lado, as camas não representaram qualquer custo de instalação, por outro, os serviços colocados à disposição e contratados pela Câmara do Porto apenas seriam pagos à medida do consumo. Os contratos estabelecidos previam a interrupção, caso deixasse de ser necessário, e serviços como a lavagem de roupa hospitalar ou a alimentação apenas seriam pagos segundo a encomenda de cada dia.

Desta forma, não foi produzido qualquer desperdício, tanto mais que o próprio pavilhão, que é municipal e se encontra concessionado, foi cedido sem custos pelo concessionário e todos os profissionais de saúde ofereceram o seu trabalho. No fundo, o Hospital de Campanha Porto. foi fundamental, ajudando também a autarquia a gerir o trabalho de rastreio e separação dos idosos dos lares e é ainda a garantia de que, caso surjam casos em que estas instituições se descontrolem em termos de infeção - como tem acontecido noutros concelhos -, a Câmara do Porto terá sempre pronto um espaço para os receber a todos.

Mas o hospital é, sobretudo, útil se pensarmos que muitos especialistas indicam a possibilidade de uma segunda vaga da doença. Nesse caso, e se os hospitais de São João e Santo António voltarem a solicitar, em poucos dias esta unidade de retaguarda poderá entrar quase imediatamente em funcionamento.

A Câmara do Porto e a Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos estão, por isso, muito satisfeitas com o desenvolvimento do projeto, que permitiu não apenas aliviar os hospitais e permitir um melhor atendimento, como tranquilizou toda a equipa da ação social e dos agrupamentos de centros de saúde do Porto.

Para Rui Moreira, "o Hospital de Campanha foi uma das formas que tivemos de ajudar os hospitais, a quem também doamos ventiladores e outros materiais. Ele encaixou num plano que funcionou e que previu o ataque à pandemia de várias formas". O presidente da Câmara acrescenta que "se o não tivéssemos preparado tínhamos tido muito mais dificuldade em assegurar o nosso programa de rastreio aos lares e os hospitais tinham tido mais doentes internados e menos capacidade de tratarem os mais graves. Mas, sobretudo, nunca seríamos apanhados desprevenidos caso se tivesse repetido em Portugal a situação que presenciamos aqui ao lado em Espanha. É por isso que dizemos adeus ao hospital com grande satisfação, esperando que seja um adeus definitivo".

Sobre os custos da operação, o Município não tem ainda apuradas todas as contas, mas os contratos realizados com fornecedores, como a limpeza, o tratamento de resíduos hospitalares ou refeições, foram todos feitos prevendo a interrupção da atividade e prevendo que apenas a parte efetivamente consumida fosse faturada. Uma vez que o pavilhão foi cedido gratuitamente pelo concessionário e as camas pelo exército, os custos da montagem e funcionamento do hospital não devem ultrapassar o valor dos donativos recebidos através da campanha realizada pela RTP e de transferências bancárias assumidas por mecenas.

O Porto, que pelas suas ligações ao Norte de Itália foi a primeira cidade em Portugal a ter casos de COVID-19, foi durante as primeiras semanas a que maior número de casos registava. Mas foi caindo na tabela agora liderada por Lisboa.