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Duas árvores seculares da Casa Tait foram classificadas como de interesse público

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O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) publicou hoje em Diário da República a classificação de dois exemplares arbóreos localizados no jardim da Casa Tait, pertencente ao Museu da Cidade: um tulipeiro-da-virgínia e uma magnólia-sempre-verde. Os parâmetros da “monumentalidade”, da longevidade e o bom estado fitossanitário pesaram na decisão, que decorre de um pedido de classificação da Câmara do Porto.

A proposta de classificação tinha sido apresentada pela Câmara do Porto e, após uma cautelosa e detalhada avaliação técnica, o ICNF emitiu nesta sexta-feira o despacho de classificação.

Com os nomes científicos de Liriodendron tulipifera L. e Magnolia grandiflora L., as árvores comumente conhecidas como tulipeiro-da-virgínia e magnólia-sempre-verde, respetivamente, vêm juntar-se aos 20 exemplares isolados e aos nove conjuntos arbóreos (de 244 exemplares) já existentes na cidade do Porto.

Entre os fundamentos para a classificação, o município destacava “o porte majestoso e a arquitetura próxima do natural dos exemplares, a idade superior a 100 anos e, bem ainda, o seu vínculo ao património histórico e cultural da Casa Tait, características enquadráveis nos critérios gerais de classificação de arvoredo de interesse público”.

Com efeito, o tulipeiro-da-virgínia é uma árvore majestosa com uma aparência marcante pela verticalidade e grande dimensão do seu tronco, pela morfologia fendilhada do ritidoma (designação dada às porções mais velhas que vão se destacando da superfície dos troncos). Valoriza esteticamente o espaço envolvente com os seus elementos naturais e arquitetónicos.

Já a magnólia-sempre-verde (também conhecida como magnólia de flores grandes) apresenta-se com uma arquitetura natural e harmoniosa, uma copa extensa de cor verde-escuro e brilhante. O tronco revela uma morfologia invulgar, provocada por sulcos vincados que se desenvolvem de forma espiralada e paralela a partir da sua base, criando um efeito esteticamente atrativo.

A particular importância e atributos destes exemplares “justificam o relevante interesse público da sua classificação, relativamente à qual não se verificam quaisquer causas legais impeditivas”, refere o ICNF.

Localizada na Rua de Entre-Quintas, próxima aos jardins do Palácio de Cristal, a Casa Tait, também conhecida como Quinta do Meio, foi residência de várias famílias inglesas. Em 1900, William Chester Tait adquiriu a casa, e dele deriva o seu nome atual. Negociante ligado ao Vinho do Porto era também estudioso da fauna e da flora, tendo, na época, uma excecional coleção de ovos de pássaros. Consta ainda que William Tait terá introduzido em Portugal algumas espécies vegetais, como também registam as trocas de correspondência com o naturalista Charles Darwin.

A sucessora, Muriel Tait vendeu a propriedade à Câmara do Porto, com o intuito de a transformar num “espaço verde público”.

Ainda hoje, a Casa Tait conserva aspetos da vida da comunidade britânica abastada, que habitou o bairro ocidental da cidade durante o final do século XIX. Protegida por altos muros e acessível através de uma estreita viela, ou pelos jardins do Palácio de Cristal, esta estação do Museu da Cidade, que integra o Eixo do Romantismo, abre janelas sobre os jardins, uma pequena mata e sobre o rio Douro.