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Do lado certo da História, cidade eleva cores do "direito a ser"

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Do "lado certo da História", a cidade juntou-se, na manhã deste 17 de maio, em frente aos Paços do Concelho, para elevar as cores do "direito a ser". Com a bandeira arco-íris nos céus, e, pela primeira vez, a iluminar a fachada do edifício, o Porto de alma liberal assinala o Dia Internacional Contra a Homofobia, a Transfobia e a Bifobia e reafirma o compromisso com a dignidade humana.

A base para este ato simbólico é, nas palavras do vereador da Coesão Social, muito simples: "todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos e, independentemente da orientação sexual, das opções de cada um, cada pessoa é una no verdadeiro sentido da palavra".

"Com estas ações, queremos chamar a atenção para a certeza de que tudo devemos fazer para que a cidade seja mais aberta, mais tolerante, solidária e, sobretudo, mais justa. Tratar todos por igual, para que todos se sintam bem e possam ser felizes na cidade que escolheram para viver, para trabalhar, para estudar", sublinha Fernando Paulo.

O momento juntou, também, o vereador da Economia, Ricardo Valente, o presidente da Assembleia Municipal, Sebastião Feyo de Azevedo, deputados do PS, CDU e Bloco de Esquerda, além de várias instituições da rede social da cidade.

É uma questão de afirmação de que o Porto, tal como a sua alma liberal o diz, é livre e plural”.

Organizador da Porto Pride, Diogo Vieira da Silva considera que "a cidade e a Câmara posicionarem-se pela população LGBTQIA+ é uma questão de Direitos Humanos, é uma questão de afirmação de que o Porto, tal como a sua alma liberal o diz, é livre e plural".

E lembrou como estes atos "são fundamentais, principalmente para muitos jovens LGBT que ainda sentem isolamento, se sentem discriminados, demonstrando que há toda uma sociedade e toda uma autarquia que estão dispostos a ajudá-los".

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Testemunha do iluminar dos Paços do Concelho na noite anterior, o vice-presidente da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG) não escondia o "enorme orgulho que isso tivesse acontecido" na cidade onde trabalha.

"O que estamos aqui a dizer, com este simbolismo numa das câmaras mais importantes do país, é que todos temos direito a ser, independentemente das nossas opções. E isso é o que conta", diz Manuel Albano.

O vice-presidente da CIG reforça que, "em boa hora, a Câmara do Porto se associa a esta causa, se alinha com este compromisso de apoiar o direito a ser", dando visibilidade "a alguém que tem toda a legitimidade de a ter".

É um trabalho cultural, educativo. Temos que ensinar, que educar para os Direitos Humanos”.

Para lá do atos simbólicos, os dois representantes defendem que muito ainda falta fazer. "Falta executar a política pública", avança Diogo Vieira da Silva. "E há todo um trabalho que tem que ser feito em coordenação, não só entre a autarquia e as associações, mas com todos os agentes da cidade: universidades, hospitais, misericórdias, etc".

E falta a educação, acrescenta Manuel Albano. "É uma questão do respeito que cada um de nós deve ter pelo outro, independentemente das suas escolhas. Isto é um trabalho que tem que se fazer diariamente. É um trabalho cultural, educativo. Temos que ensinar, que educar para os Direitos Humanos", afirma o vice-presidente da CIG.

Nas palavras de Manuel Albano, "não interessa o que somos, interessam as ações que fazemos e de que lado estamos". "Eu quero estar, e quero acreditar que todos estamos, e a Câmara do Porto está, certamente, do lado dos Direitos Humanos, do lado certo da História", concluiu.

Este ano, a Marcha e Arraial do Orgulho, que acontecem a 29 de junho, terão lugar no Largo Amor de Perdição, mas também haverá celebrações no Parque da Pasteleira.

Em novembro, a cidade será anfitriã da reunião anual de organizadores Pride europeus, o que, para o coordenador da Porto Pride, "é uma afirmação pública de que são bem-vindos e que o Porto vai, pela primeira vez, definir a estratégia da promoção e do progresso LGBT para a Europa".