Urbanismo

Do esquecimento à importância devida, sente-se cada vez mais Porto em São Pedro de Azevedo

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O amarelo do piso substitui o cinzento das pedras instáveis e a terra que virava lama em dias de chuva intensa. A iluminação tirou qualquer receio em sair à noite nas ruelas de S. Pedro de Azevedo e já não se vive “com o coração nas mãos” naquele lugar de Campanhã, durante anos votado à periferia – geográfica e política - porque, em caso de necessidade, o socorro consegue chegar mais rápido e ninguém tem que ser transportado em carrinhos de mão. Uma pertença que ainda não está concluída, com mais intervenções a serem preparadas, mas que (se) sente (em) quem ali mora. Um lugar que já não está esquecido.

“O tempo é o tempo” reflete o presidente da Câmara do Porto, durante uma visita à reabilitação urbana da zona, a que o Município, juntamente com a Águas e Energia do Porto, deu início. Rui Moreira sublinha que esta “é uma aposta que vamos cumprindo com o tempo que temos”, e que vem fazendo o seu caminho por entre “constrangimentos orçamentais” e a necessidade de “fazer planos de pormenor para perceber bem o território”.

“Não se pode ter uma ideia de que, de repente, a solução encontrada para uma zona na Boavista pode ser a solução para aqui”, acrescenta o autarca.

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O visível redesenho do espaço público trouxe a São Pedro de Azevedo a melhoria das acessibilidades e da circulação pedonal, a instalação de mais iluminação pública e de equipamentos enterrados de deposição de resíduos, a renovação das telecomunicações e das infraestruturas de saneamento e de abastecimento de água, assim como das águas pluviais, mitigando fenómenos de inundação.

Tudo isso e as novas praças – onde já houve até São João – e zonas de estadia para que seja o espírito de vizinhança a definir a vida naquela zona. Um total de 5.300 metros quadrados de uma área onde 130 pessoas (con)vivem, agora, com mais qualidade de vida.

Temos feito esse trabalho de investir nesta zona, tornando-a, também ela, pertença da cidade”

“Temos feito esse trabalho de investir nesta zona, tornando-a, também ela, pertença da cidade”, afirma o vice-presidente da Câmara, Filipe Araújo, dando conta de que esta primeira intervenção naquela área representa uma aplicação de cerca de dois milhões de euros, e tem apoio do Plano de Recuperação e Resiliência, no âmbito das comunidades desfavorecidas, e financiamento do NextGenerationEU.

Ao mesmo tempo, o Município já definiu, também, o Programa Estratégico de Reabilitação Urbana, o documento que estabelece as ações, materiais e imateriais, a implementar em Azevedo de Campanhã e que estima um investimento, a dez anos, de cerca de 105 milhões de euros, incluindo privado.

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“Este era o Porto um bocado esquecido durante muitos anos e a que temos dado muita atenção, assim como à freguesia toda, tentando incluí-la na cidade”, sublinha o vice-presidente, certo de que o tempo em que quem habitava em São Pedro de Azevedo “nem se sentia do Porto” será, um dia, apenas uma má memória.

“Esta zona é pertença da cidade e tem que ter as mesmas condições”, reforça, assumindo que “cumpria-nos fazer essa parte”.

As pessoas, por norma, têm razão nas reclamações que fazem e isso motiva-nos"

Garantindo que “paulatinamente, iremos recuperar todas as ruas desta zona", Filipe Araújo considera que “não podemos ter ruas esquecidas e temos feito um enorme investimento, quer aqui, quer em programas como o Rua Direita, para que haja qualidade de vida para todos os portuenses”.

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Na visita a São Pedro de Azevedo, Rui Moreira e Filipe Araújo ouviram dos residentes a satisfação com a intervenção, mas, também, a exigência de que a requalificação chegue a mais ruas. Essa será a segunda fase (num total de três etapas) e já tem orçado um investimento de cerca de 2,2 milhões de euros e arranque previsto para o próximo ano.

“As pessoas, por norma, têm razão nas reclamações que fazem”, reconhece o presidente da Câmara, admitindo que “isso motiva-nos” e afina o direcionar de esforços para responder ao direito de “todas as comunidades terem o espaço público qualificado, porque isso também permite o crescimento” e “depois leva à requalificação do espaço privado”.

A cidade nunca será igual. O que queremos é dar a todos as mesmas oportunidades”

Ainda assim, Rui Moreira sublinha que “a cidade nunca será igual. O centro nunca será igual à Foz e a Foz não será igual a Campanhã. O Porto vai continuar a ter as suas diferenças” e não é objetivo da autarquia atenuá-las. “O que queremos é dar a todos as mesmas oportunidades”, afirma o presidente.

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A testemunhar a transformação em São Pedro de Azevedo, o autarca partilhou a esperança de que “daqui a dez ou 15 anos esta zona mantenha este aspeto bucólico, que é importante não perder, mas que tenha condições de vida, também para renovar” uma população envelhecida.

“Precisamos que as pessoas descubram este espaço, que é maravilhoso para quem tem crianças”, afirma Rui Moreira.

Por seu lado, o presidente da Junta de Freguesia de Campanhã adianta que a intervenção já está a mexer com a zona, não apenas “na recuperação de algumas casas” pelos proprietários, mas também na “atração de novas pessoas para cá”. “Fazerem esta obra foi mesmo uma coisa necessária, muito boa para estas famílias”, sublinha Paulo Ribeiro, certo de que “esta zona de Campanhã vai tornar-se uma zona importante da cidade”.

“Agora toda a gente vem à minha rua”, diz, à porta de casa, o orgulho portuense de quem vive em São Pedro de Azevedo. 4300 – Campanhã, Porto.