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Diversificação do turismo conta oito narrativas de um livro de experiências chamado Porto

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São oito locais, oito histórias, oito experiências, entre as infinitas formas de viver o Porto. Focado na estratégia de sustentabilidade do turismo, o Município delineou o caminho para a criação de oito quarteirões que levem quem vem de fora a conhecer a cultura e as atrações, mas também as pessoas e as muitas vidas que, espalhadas por todo o território, fazem a identidade própria da cidade.

Entendendo a cidade como um todo, a missão é a de descentralizar os fluxos turísticos para aliviar a pressão sobre as áreas de maior procura e criar novas oportunidades.

Ou, como referiu a vereadora do Turismo, Catarina Santos Cunha, na apresentação da estratégia, na manhã desta sexta-feira, no Reservatório da Pasteleira, "colocar uma lupa sobre as diferentes cidades dentro da cidade, a identidade de cada bairro, a qualidade e diferenciação da sua oferta, os seus fatores de competitividade e atratividade, as narrativas que se desdobram em cada quarteirão".

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Oito quarteirões contam oito histórias e outras tantas

As oito narrativas a criar servirão para comunicar oito locais de atração:

  • o Centro Histórico do Porto, mas também de Vila Nova de Gaia, o lugar da história, do passado e da preservação do caráter singular;
  • a Baixa, de identidade forte e vincada, uma conjugação da oferta gastronómica diversa e de uma aura jovem de diversão e atividade noturna;
  • a Foz, com ligação a Matosinhos Sul, a união do rio ao mar;
  • a zona da Boavista, Campo Alegre e Marginal, rica em arquitetura, música e arte, casa de empresas internacionais;
  • o Bonfim, imagem do Porto irreverente e jovem, que atrai mentes criativas e disruptivas;
  • Lapa, República e Marquês, que acolheu as linhas de defesa liberais e que cruza monumentos históricos e religiosos numa simbiose cultural;
  • a zona da Asprela, Arca d’Água, Carvalhido e Ramalde, lugar da investigação, da ciência e do conhecimento;
  • Campanhã e Antas, onde o rural e o urbano se intercetam, com novas dinâmicas e renovação constante.

Porto para todos, aberto, inclusivo e de futuro

Nas palavras da vereadora do Turismo, "esta estratégia atravessa a cidade, envolvendo e interligando todo o território, mas também além dele, vendo na coesão e cooperação territorial, um reforço do posicionamento internacional de toda a região e do país".

O Porto continuará a posicionar-se como um destino de referência a nível europeu e mundial. Um destino que se renova e evolui."

Além disso, acrescenta Catarina Santos Cunha, é transversal a outros setores, da economia à cultura, do ambiente ao urbanismo, e engloba diversos atores da esfera pública e privada de alguma forma envolvidos na promoção turística.

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A vereadora assume a missão de "diversificar, descentralizar, ampliar. Num ciclo contínuo que garanta futuro e sustentabilidade. Porque o Porto é e sempre será uma cidade para todos, uma cidade aberta, inclusiva e de futuro", reforça, com uma certeza: a de que o Porto "continuará a posicionar-se como um destino de referência a nível europeu e mundial. Um destino que se renova e evolui".

Política de competência e rigor para muito Porto para oferecer

A estratégia municipal foi discutida numa mesa redonda, onde Hélder Pacheco enalteceu o trabalho que está a ser desenvolvido, afirmando que "uma cidade com um boom de turismo só pode ter uma política de competência e de rigor".

O Porto tem futuro, mas esse futuro vai depender do que sejamos capazes de fazer hoje."

"Este plano começa a dar resposta à questão de não haver turismo a mais, mas Porto a menos, os locais onde os turistas normalmente não vão, e esse Porto está aqui representado", considera o historiador. Em defesa do turismo, Helder Pacheco acredita que "o Porto tem futuro, mas esse futuro vai depender do que sejamos capazes de fazer hoje".

Por seu lado, Carlos Brito sublinha o equilíbrio económico, social e ambiental entre os quatro públicos da cidade: quem visita, que habita, quem trabalha e quem investe. Especialista em marketing, o professor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto deixou recomendações como mostrar aos turistas o benefício a retirar da cidade, seja funcional, emocional ou social, para lá das atrações, assim como a necessidade de aposta em eventos que tenham a ver com a cultura da cidade.

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Portuenses enquanto âncoras de atração

No mesmo sentido, o curador cultural Simão Bolivar defende a aposta na promoção de vivências, de oferta das associações culturais, das dinâmicas específicas que já existem nos bairros portuenses.

“A autenticidade pode ser contemporânea", afirma, acrescentando que "muitas vezes não precisas de monumentos, precisamos de pessoas", que, sendo valorizadas, se podem tornar "âncoras de atração". Simão Bolivar reforça que "segurar os turistas, para que fiquem mais tempo, tem a ver, mais do que com o que vão ver, mas com o bem que se sentem".

A cidade tem tanto de invisível quanto aquilo que as pessoas conhecem."

Além de enaltecer a atitude do Município em "escrever um documento que fica para a história" e onde "a sociedade se revê", Paula Teles considera que a cidade "tem tanto de invisível quanto aquilo que as pessoas conhecem".

Especialista em mobilidade urbana, olha para a estratégia como promotora da "caminhabilidade". O foco deve estar, acredita, na descarbonização, com trajetos feitos a pé ou em veículos mais amigos do ambiente, na humanização, apostando em locais onde as pessoas vivem, e na inclusão, com a eliminação de barreiras, para "que todos tenham direito à cidade".