Cultura

Serviu-se “Sopa de Pedra” em almoço poético no Cerco

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Entre as várias atividades, o Dia Mundial da Poesia também se sentou à mesa para servir…palavras. Na Escola Secundária do Cerco, o vereador da Educação escolheu para a ementa do almoço com a comunidade escolar “Sopa de Pedra”, do poeta recentemente falecido, Nuno Júdice.

Desfaçam uma batata, depois de bem
cozida, num prato de água quente. Não ponham
sal, que faz mal à saúde, nem azeite, que
está caro. Partam a côdea aos pedaços e
deitem-na no prato. Se houver ervas à volta,
nem que sejam urtigas, também servem
para dar sabor. Se não houver, pensem
nelas, e juntem-lhe a memória de uma rodela
de chouriço. Mas não muito, porque até
a memória está pela hora da morte. Depois,
soprem na sopa: não vale a pena comê-la
muito quente, o sabor perde-se no queimado
da língua. Comam as côdeas de pão com
tempo e proveito: é pão que já tem uns
dias, e que deveria ter sido lançado
aos pombos, mas os pombos já foram
comidos por quem se apressou a
apanhá-los. E depois do pão, passem
ao caldo: e comam devagarinho, mesmo
que já esteja frio. E quando acabarem,
consolem-se com um único
pensamento: amanhã pode
não haver mais.

Fernando Paulo sublinhou a “especial importância [deste dia] porque celebra o nosso imenso património linguístico e cultural, promove a expressão criativa e fortalece os laços de comunidade através da partilha de experiências e emoções”.

O vereador não deixou de enaltecer “a excelência do trabalho desenvolvido por alunos e professores no curso profissional do Agrupamento de Escolas do Cerco do Porto que preparou todo este almoço”.

O almoço temático foi organizado sob inspiração da poesia de Ana Luísa Amaral, com a leitura, entre outros, dos poemas “Incomparáveis Receitas”, “Pequeníssima revisitação a desejar-se” ou “Ritmos”.

Da poesia à abrangência das palavras, o almoço na Escola do Cerco serviu, igualmente, de reflexão sobre o Plano Nacional de Literacia Mediática e o impacto dos media no desenvolvimento cognitivo dos jovens e na saúde mental da população em geral.

A necessidade de responsabilizar para o combate ao sensacionalismo, à manipulação da informação, assim como ao aumento dos discursos de ódio são algumas das miras do plano.