Cultura

Dez anos, muitos objetos e discursos e um projeto que honra o legado de Paulo Cunha e Silva

  • Paulo Alexandre Neves

  • Notícia

    Notícia

Criado em 2014, "Um Objeto e seus Discursos" depressa se consolidou no panorama cultural da cidade. Dez anos volvidos, o programa municipal, criado pelo então vereador da Cultura, Paulo Cunha e Silva, vai continuar a dar a conhecer o património material e imaterial das instituições do Porto, incluindo o vasto espólio existente no Arquivo Municipal.

"Um Objeto e Seus Discursos" propõe o contacto com lugares, obras de arte, documentos históricos ou arquiteturas da cidade, mas também objetos que se tornaram mais ou menos conhecidos, contando com a mediação de especialistas, responsáveis do município ou personalidades de diferentes quadrantes e sensibilidades. Em debate já esteve, por exemplo, o violoncelo de Guilhermina Suggia, um espartilho do século XIX, o célebre coração de D. Pedro IV, a Muralha Fernandina, mas também o balão de S. João ou a Taça dos Campeões Europeus, conquistada pelo FC Porto em 1987.

Para assinalar a data decorreu no passado sábado, na Casa do Infante, mais uma sessão, desta vez dedicada ao "pergaminho das despesas do batizado do Infante D. Henrique". Em dia de aniversário, a iniciativa contou com a presença do presidente da Câmara, que recordou "a energia, determinação e erudição" que o então vereador da Cultura, Paulo Cunha e Silva, colocou no projeto.

"Com o frenesim criativo que o caracterizava, o nosso saudoso Paulo pensou e programou as primeiras edições de 'Um Objeto e Seus Discursos'. Consolidou assim este projeto como um dos mais inovadores e estimulantes da vida cultural, não só da nossa cidade, como do próprio país", sublinhou Rui Moreira.

Dar a conhecer outras dimensões da cidade

Ontem como hoje, "a ideia é motivar novas narrativas sobre os objetos, a partir do seu especial simbolismo e do seu particular contexto histórico-cultural", frisou o autarca, para quem, desta forma, "está-se também a descobrir dimensões da nossa cidade, que muitos desconhecem, e a trazer a debate acontecimentos, circunstâncias ou personagens históricos que merecem a nossa reflexão".

Com o frenesim criativo que o caracterizava, o nosso saudoso Paulo pensou e programou as primeiras edições de 'Um Objeto e Seus Discursos'

Rui Moreira lembrou, a propósito, como Paulo Cunha e Silva colocava "em rebuliço várias instituições da cidade e, em particular, os nossos serviços municipais". Aliás, disse, "o sucesso deste projeto é também tributário do trabalho dos nossos técnicos e responsáveis municipais, que conhecem melhor do que ninguém o espólio da Câmara e da cidade".

Por tudo isto, o presidente da Câmara garantiu a continuidade do projeto. "Pelo seu significado histórico-cultural, por ser museologicamente inovador e pelo indefetível interesse do público, pareceu-nos importante não deixar morrer o projeto e assim respeitar a memória do Paulo".

No sábado, e também integrado na programação do Dia Nacional dos Centros Históricos, o ciclo "Um Objeto e Seus Discursos" regressou, numa organização do Museu e Bibliotecas do Porto. Na Casa do Infante esteve em análise o "Pergaminho das despesas do batizado do Infante D. Henrique". Maria João Oliveira e Silva, doutorada em História pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), e Amândio Barros, professor da Escola Superior de Educação do Porto (ESEP) e professor-adjunto com agregação pela Universidade Nova de Lisboa, em História dos Descobrimentos, debateram o mais antigo testemunho escrito conhecido sobre a vida do Infante, num sessão moderada pelo antigo diretor do Departamento Municipal de Arquivos, Manuel Real.

gco_objecto_e_seus_discursos_2024_18.jpg