Desporto

“Desporto no Bairro”: o sonho tornado realidade numa noite de muitas emoções

  • Dulce Pereira Abrantes

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O encerramento da primeira edição do programa municipal “Desporto no Bairro” foi... um espetáculo. Ontem, durante cerca de uma hora, os jovens finalistas dos oito bairros intervencionados subiram ao palco do Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota e, lado a lado com alguns dos melhores b-boys do mundo, mostraram tudo o que aprenderam nestes últimos três meses.

Na semana em que o breaking foi confirmado como modalidade olímpica nos Jogos de 2024, o Município do Porto apresentou no palco do Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota o espetáculo de encerramento da primeira edição do “Desporto no Bairro”, um projeto dinamizado pela empresa municipal Ágora que envolveu, ao longo dos últimos três meses, mais de meio milhar de crianças e jovens de oito bairros da cidade.

O espetáculo, dirigido por Max Oliveira, fundador dos Momentum Crew, o primeiro grupo de dança urbana em Portugal, recriou em palco a história deste programa e a realidade vivida pelas várias equipas de monitores nestes últimos meses: desde a chegada ao bairro de gravador na mão, ao processo de conquista e aos primeiros passos ensaiados num tapete improvado...

“Foi uma viagem longa e intensa e que culminou com a apresentação deste espetáculo, onde pudemos mostrar a todos o efeito que o breaking tem nestes jovens. Quando eles se apaixonam por alguma coisa, de forma genuína, nunca mais voltam a ser os mesmos. É um momento de mudança de vidas. E esse, sem dúvida, é um dos grandes méritos deste projeto, seguramente o mais bonito em que já participei”, contou Max Oliveira, agradecendo “à cidade e ao Município o voto de confiança”.

Rui Moreira, que assistiu ao espetáculo acompanhado por quase todo o Executivo municipal, garantiu já “a continuidade do projeto” no próximo ano. “Depois de tudo o que conseguimos alcançar nestes meses, só podíamos continuar. Os resultados foram fantásticos, superando as nossas melhores expetativas em termos de adesão, que era talvez o único fator que não podíamos prever quando arrancámos com este programa, em setembro”.

Numa plateia composta sobretudo por familiares dos 35 jovens finalistas desta primeira edição, com idades compreendidas entre os 5 e os 19 anos, o desfecho não poderia ser mais emotivo, até porque esta foi a primeira vez que todos pisaram um palco, e logo o maior da cidade. “Foi mesmo muito fixe. Trabalhámos muito para este espetáculo, mas todos nos ajudaram imenso”, confessou a pequena Leonor.

Samuel Carvalho, de 7 anos, um talento descoberto no bairro do Lagarteiro, confessa que dançar breaking “é um sonho tornado realidade” e que foi “um orgulho” ter toda a família a vê-lo a dançar em palco. Micha Samayuk, de 11 anos e residente no bairro Fonte da Moura, revelou, por sua vez, que conhecer este desporto o ajudou a livrar-se de maus pensamentos. “É algo que me ajuda a tirar da cabeça o que temos de mal. Gosto muito de aprender manobras novas e o meu sonho é ser um dia professor de breaking”.

E se faltava ainda alguma motivação a estes jovens, nada como partilhar o palco com os ILL-Abilities, grupo de renome mundial que é um exemplo claro de superação, já que todos os elementos têm alguma deficiência física, mas nem isso os impede de competir e mostrar as suas incríveis habilidades em movimentos livres e improvisados. Foi mesmo fechar com chave de ouro uma noite memorável, feita de sonhos tornados realidade.