Urbanismo

Depois de três décadas o Porto começou hoje a recuperar um dos seus maiores símbolos: o Bolhão!

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Há mais de 30 anos que o Porto ansiava por obras no Mercado do Bolhão. Após muitas promessas, visitas em campanhas eleitorais e outros tantos projectos, o Porto iniciou o restauro e modernização de um espaço icónico. Para já, os trabalhos não obrigam à saída dos comerciantes, que deverão ser transferidos em 2017 para o mercado temporário, para regressarem dois anos depois, ao mercado reabilitado, mas preservado na sua alma e nos seus vendedores.

As obras, que acabam por ser concretizadas no mandato de Rui Moreira (o único candidato que não fez campanha eleitoral no mercado), provocarão alguns constrangimentos de trânsito, para já limitados e que serão atualizados em www.porto.pt. A Antena 1 (RTP Rádio) foi hoje ao mercado, acompanhar o sentimento dos que assistiram aos, para já, importantes mas discretos trabalhos no subsolo e encontrou otimismo.

O projeto e calendarização, que há dias foi atualizado em reunião de Câmara, foi formalmente apresentado a 22 de abril de 2015, numa sessão no próprio mercado por Rui Moreira.

Então, o presidente da Câmara explicou que o projeto que agora começa a ser executado "é conservador, mantém a traça original do espaço, preserva o mercado de frescos e introduz diversas soluções tecnológicas" para torná-lo mais seguro e confortável.


A intervenção vai privilegiar soluções tecnológicas atuais, o conforto dos comerciantes e visitantes, a segurança humana e alimentar, redes de eletricidade, esgotos, frio e aquecimento modernas. O edifício será dotado de coberturas no piso inferior, acesso direto ao metro e cave técnica com acesso para cargas e descargas. O piso superior, com entrada pela rua Fernandes Tomás, vai manter a parte comercial e instalar restauração, transferindo todo o mercado de frescos para o piso inferior.


"E tudo isto, sem estragarmos o Bolhão. Tudo isto, mantendo a sua traça, a sua função, as suas soluções mais genuínas e a sua alma", garantiu o presidente da Câmara Municipal do Porto, no discurso da apresentação do projeto.


"Temos que garantir a elevação de pessoas com mobilidade reduzida através de elevadores; temos de assegurar que aqui se podem fazer cargas e descargas com condições de sustentabilidade e conforto para as imediações do mercado. Temos que garantir que, (...), o mercado apresenta condições competitivas para que a indústria da restauração e da hotelaria aqui venha abastecer-se", explicou o autarca.


Rui Moreira prefere classificar a empreitada simplesmente como ""O Projeto do Mercado Bolhão", um projeto que tem "uma dimensão de arquitetura, uma dimensão económica, uma dimensão cultural, uma dimensão turística e uma dimensão humana que ultrapassam, até, qualquer entendimento técnico", sublinhou.


O presidente da autarquia portuense adiantou ainda que o concurso público para a execução da obra será lançado depois do próximo verão, mas não se compromete com datas para a finalização da mesma.


"A obra será feita no menor prazo possível para ficar bem feita, a tempo dos seus atuais vendedores regressarem e voltarem a encher este lugar com a sua fruta, as suas flores e sua alegria", garante.


Rui Moreira assegura ainda que não serão indispensáveis verbas privadas para a concretização do projeto, pois a autarquia, graças à folga orçamental que apresenta.


"Embora isso não me assustasse como hipótese de recurso, posso ainda garantir que este projeto não precisará de dinheiros privados para ser executado. A Câmara do Porto, graças a um caminho de sustentabilidade que encetou há anos e que no último ano e meio soubemos honrar, tem uma situação financeira que lhe permite encarar este desafio sem sobressaltos e sem depender de ninguém", frisou. O autarca admite, contudo, a candidatura a fundos comunitários, dada a importância patrimonial e histórica do edifício para a cidade, avançando ainda a intenção de arranjar mecenas para apoiar a animação do espaço.


Recorde-se, que o mercado do Bolhão está, desde 2005, suportado por andaimes devido a um alegado risco de ruína que só não levou ao seu encerramento porque os comerciantes o impediram.


Teve um primeiro projeto de requalificação em 1998 e foi objeto de muitas promessas eleitorais, mas nunca nada saiu do papel pelas mais diversas razões.