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Da Boa Esperança a bom Porto, há uma caravela portuguesa à descoberta do Douro

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Marinheiros e pescadores acreditam que os golfinhos são protetores das viagens marítimas. Os que Diogo Veia gravou com o telemóvel na viagem desde Lisboa, a bordo da Vera Cruz, trouxeram-no a(o) bom Porto. É um dos dez jovens que navegam na réplica autêntica da caravela que, há 500 anos, dobrou o Cabo da Boa Esperança com Bartolomeu Dias ao leme e levou Vasco da Gama a descobrir o Caminho Marítimo para a Índia. A embarcação está agora atracada na Ribeira do Douro e, até ao final de sábado, aberta a todos os amantes do mundo náutico e outros olhares curiosos. Depois, içam-se as velas e a Vera Cruz zarpa rumo à Galiza.

E o que faz, então, um jovem do século XXI a bordo de uma caravela do século XV? Assume o leme, faz vigia, ajusta as velas, mas também limpa e ajuda na cozinha. Aprende a mestria da navegação, e, acima de tudo, vive uma experiência especial.

“Ouvir nas aulas de História falar sobre as caravelas e os Descobrimentos causa entusiasmo, principalmente gostando tanto de mar como eu”, partilha Diogo, sem esconder o orgulho por, aos 15 anos, estar a realizar o sonho de “fazer uma viagem num barco grande em alto mar”.

Foi um dos jovens, praticantes de desportos náuticos, selecionados pelo Município do Porto para embarcar neste barco-escola e viver “a experiência única de navegar numa caravela ao longo de alguns dias, em mar aberto”, diz o vice-presidente da Câmara.

De visita à Vera Cruz, Filipe Araújo afirma que encontrou um grupo de jovens navegadores “maravilhados com a oportunidade de navegar dia e noite, fazer as várias tarefas que lhes estão acometidas, trabalhar com os diversos instrumentos, não só modernos e digitais, mas compará-los com os antigos, usados pelos nossos navegadores”.

Orgulhoso por trazer a caravela, novamente, ao Porto está o comandante da embarcação. “Esta Ribeira está carregada de história e traz-nos sempre a memória dos navegadores portugueses, quer da época dos Descobrimentos, quer dos bacalhoeiros”, sublinha Felipe Costa.

O comandante reforça o sentido de missão da Aporvela, a organização que, há cerca de 40 anos, entrega o leme a jovens aprendizes de navegação, promovendo projetos educativos, sociais e museológicos. Nas palavras de Felipe Costa, “é isto que dá sentido a este património que é de todos nós, que é mudar a vida dos jovens do século XXI a bordo de uma caravela do século XV. É um património histórico vivo que todos podemos viver”.

Admitindo que os jovens, em alto mar, “ficam sem rede e ficam aflitos, deixam de ver terra, sentem saudades, enjoam”, Felipe Costa acredita, no entanto, que “esta é a magia de navegar no mar”: o entrosamento entre todos, a solidariedade que nasce e a educação que a vida a bordo de uma embarcação que transporta tamanha História transforma numa viagem inesquecível.

A Vera Cruz pode ser visitada, de forma gratuita, este sábado, das 10h às 12h e das 14h às 18h. A entrada é feita pelo Cais da Polícia Marítima, junto ao parque de estacionamento da Alfândega do Porto.

Domingo, os jovens navegadores zarpam em direção à Galiza, no âmbito da The Tall Ships Races 2023.