Cultura

Cruz céltica do cemitério inglês é o Objeto da semana

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No próximo sábado, véspera da Noite de Guy Fawkes ou "noite das queimadas" (celebrada a 5 de novembro) e poucos dias após a efeméride de raiz celta Halloween, o ciclo municipal Um Objeto e seus Discursos por Semana vai ao Cemitério dos Ingleses lembrar a imagética da morte.

A sessão realiza-se pelas 18 horas e tem como ponto de partida a cruz céltica ali existente, alargando-se depois a conversa às temáticas conexas e a vários aspetos da História da cidade. Conta, para tal, com as participações do arquiteto Luís Bourbon Aguiar Branco, ex-consultor da Divisão do Património Cultural da Câmara do Porto e investigador ligado a esta área, Richard Delaforce, responsável pela organização das visitas guiadas à Igreja Anglicana de St. James, e Nick Holland, designer industrial, professor universitário e guardião da Igreja de St. James.

Um pouco de História

Nos finais do século XVIII, a colónia britânica no Porto era já bastante numerosa e sentia-se a necessidade de um cemitério decente, já que - até aí - os súbditos britânicos eram enterrados num cemitério mais ou menos improvisado na encosta do Cavaco (margem do Douro, lado de Gaia) ou mesmo nas areias do rio, em maré baixa.

Para que este novo cemitério fosse permitido, teve de ser colocado na periferia da cidade, circundado por altos muros. E foi esse o primeiro cemitério permanente na cidade do Porto, recebendo inumações desde 1788.

Porém, não foi inicialmente concebido para ser um cemitério com monumentos. Só três décadas depois, estes passaram a ser permitidos. Ainda assim, foi ali que se erigiram os primeiros monumentos fúnebres perpétuos ao ar livre na cidade do Porto, a partir de 1820.

É, atualmente, o cemitério portuense que apresenta um ambiente mais Romântico. Ao entrarmos, sentimo-nos a penetrar no passado. Pequenas pedras tumulares escondidas por heras e árvores de grande porte dão a este local uma atmosfera sombria e fortemente melancólica, acentuada pelo facto de ser um cemitério privativo sem grande uso corrente. 

Ali encontramos os jazigos de muitas conhecidas famílias ligadas ao Vinho do Porto, quer inglesas quer germânicas e de outras nacionalidades onde predominava o credo protestante. Destacam-se, entre outros, o mausoléu de Eduardo Moser (o Conde de Moser, grande negociante estabelecido no Porto), bem como o curioso mausoléu dedicado em 1820 ao Cônsul John Whitehead, fundador do cemitério, o qual ocupa uma posição central no seu recinto.

Chamam também a atenção os mausoléus dos negociantes e industriais Diederich Mathias Feuherheard, Edward Kebe, Frederick Jebb ou Frederick Brindle, até porque a relativa monumentalidade destes mausoléus contrasta com as pequenas estelas, típicas da arte funerária britânica. Neste cemitério, pode ainda ser observado o túmulo do malogrado Barão de Forrester.

A programação completa do ciclo "Um Objeto e seus Discursos por Semana", cujas iniciativas são de acesso gratuito mediante levantamento de bilhete, está disponível no site www.umobjetoeseusdiscursos.com.