Sociedade

Covid-19: tudo a postos para receber idosos testados em lares do Porto

  • Notícia

    Notícia

A Pousada da Juventude, gerida pela Movijovem, disponibilizou as suas instalações, com vista sobre o Douro, para receber os primeiros idosos que o Município quer proteger da Covid-19, após o rastreio que irá promover nos próximos dias. As camas já estão prontas, enquanto no SuperBock Arena / Pavilhão Rosa Mota se prepara um segundo centro de retaguarda. Ontem, as equipas de técnicos e responsáveis pela operação visitaram as instalações da Pousada que está pronta a receber os primeiros idosos.

Ambas as instalações serão ocupadas pela população mais idosa, institucionalizada em lares ou residências na cidade do Porto, depois de testada e enquanto não se garante que os seus espaços estão livres da doença e devidamente desinfetados. Apenas os idosos dos lares onde haja funcionários ou utentes testados positivamente serão transferidos, impondo-se medidas restritivas aos lares que ainda estejam 100% limpos.

Os que acusem positivo serão acompanhados no próprio lar e os sintomáticos encaminhados para o hospital ou tratados localmente. Já os que não acusarem positivo serão transferidos para os espaços que o Município definiu (Pousada da Juventude ou Pavilhão) e terão acompanhamento permanente.

No Superbock Arena / Pavilhão Rosa Mota estão a ser criadas áreas de isolamento e outras de acompanhamento, por forma a limitar a eventual contaminação de falsos negativos.

O espaço terá condições para que o pessoal auxiliar possa pernoitar e haverá um plano de contigência para a substituição dos recursos humanos, por forma a garantir que existe sempre quem não esteja infetado a tratar dos idosos.

Este plano, inédito no país, inspira-se em medidas de contenção assumidas em países como Macau ou a Coreia do Sul, embora adaptadas à situação portuguesa e às condições e quantidade dos lares na cidade do Porto.

A população portuguesa é das que maior número de idosos possui por mil habitantes e o sistema de saúde dificilmente conseguirá responder a todos os que venham a precisar da ajuda de unidades de cuidados intensivos, pese embora o esforço dos hospitais como os do Grande Porto.

Perante a ausência de uma estratégia nacional para proteção sistemática desta população, a Câmara do Porto apresentou esta ideia de rastreio sistemático e tentativa de proteção de toda a sua mais vulnerável população assim como aos funcionários das instituições. Conta com o apoio do concessionário do SuperBock Arena, da Movijovem, da Missão Continente, dos agrupamentos de Centros de Saúde do Porto (ocidental e oriental) e que procederão às colheitas e do Hospital de São João (que fará as análises), além da validação do Centro Hospitalar Universitário do Porto e do contributo de muitos voluntários, profissionais e empresas como a Lameirinho e a Mundo Textil,  que aceitaram contribuir.

O Exército Português colabora igualmente na montagem das camas no Pavilhão e os Bombeiros Sapadores asseguram o transporte quando não houver.

Esta megaoperação não é isenta de riscos, dado estar-se a trabalhar com uma população particularmente frágil, mas é a estratégia que melhor garante a segregação de infetados. Em cada lar terá que ser avaliada a melhor solução para aquela população, tendo em conta o princípio de procurar sempre a opção que melhor defenda a vida e dignidade dos utentes. Contudo, é fundamental que haja sempre instalações de prevenção para poder acolher com conforto e segurança a população que teste negativo, enquanto não pode regressar ao seu lar.

O programa segue também a recomendação da Organização Mundial de Saúde, de testar, testar e testar e proteger as populações ainda não afetadas e mais vulneráveis. Apenas surgiu após a Fundação Fosun e a Gestifute terem oferecido à Câmara do Porto cinco mil testes para Covid-19.

OUTRAS INICIATIVAS

Entretanto, desde a passada semana que funciona no Porto o primeiro centro de rastreio móvel, instalado no Parque da Cidade, em parceria com a Unilabs e ARSN.

A Câmara do Porto tem estado na primeira linha de apoio aos hospitais públicos da cidade e além do envolvimento na montagem do primeiro centro de rastreio da doença Covid-19 no país, desenvolveu um projeto com uma empresa local para iniciar a produção de máscaras do tipo cirúrgico.

A Câmara do Porto foi também a primeira a adotar medidas de contigência internas e de encerramento de espaços de espetáculos e públicos em todo o país.