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Convite para Tiago Guedes assumir cargo em Lyon é “um momento de afirmação de um projeto de cidade”, diz Rui Moreira

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Oito anos depois da chegada à cidade Invicta, Tiago Guedes irá deixar a direção do Teatro Municipal do Porto para assumir a liderança da Maison de la Danse e da Biennale de Lyon, em França. Em conferência de imprensa realizada nesta sexta-feira nos Paços do Concelho, o presidente da Câmara do Porto admitiu que custa “deixar de poder contar com um amigo”, mas reconheceu que o convite francês era “irrecusável”.

Não se trata de um “adeus”, mas de um “até já”. A saída de Tiago Guedes da direção do Teatro Municipal do Porto (TMP) – dirige também o DDD – Festival Dias da Dança e o CAMPUS Paulo Cunha e Silva – para assumir responsabilidades na Maison de la Danse e na Biennale de Lyon não será o fim da ligação à cidade Invicta. “Tenho a certeza que o Tiago vai ter imenso sucesso nas suas novas funções, tenho a certeza que nos vamos manter em contacto. Continuarei sempre a ser amigo dele. Tenho de me sentir feliz quando há o reconhecimento de uma pessoa que foi e continua a ser um extraordinário parceiro num projeto político e cultural tão relevante para a cidade”, sublinhou Rui Moreira.

Num ato que contou com a presença de um grande número de elementos das equipas dos três projetos dirigidos por Tiago Guedes, bem como da administradora executiva da empresa municipal Ágora – Cultura e Desporto, Ester Gomes da Silva, e do diretor artístico do Museu da Cidade, Nuno Faria, o presidente da Câmara do Porto começou por agradecer a Tiago Guedes “por aquilo que fez e pela forma como tudo fez”.

“É evidente que tenho um sentimento duplo. Deixar de poder contar com um amigo, com um colaborador fiel e uma pessoa que fez o trabalho que se sabe que fez, custa imenso. Ao mesmo tempo, a vida é assim. Eu também não vou cá estar sempre. Quando acabar o meu mandato também me vou embora. Quer na cultura, quer na política, há tempos. É bom que as pessoas olhem para novas perspetivas. De facto, o convite que agora é feito ao Tiago é um convite irrecusável”, frisou o autarca.

Acrescentando que se trata de um “momento de afirmação de um projeto de cidade”, Rui Moreira congratulou-se pelo “reconhecimento de que o que está a ser feito no Porto na cultura é relevante, e não apenas a nível nacional. Devemos ficar satisfeitos, sentir-nos reconfortados e reconhecidos”.

O presidente da Câmara do Porto revelou que Tiago Guedes deixará as funções que desempenha no fim do mês de junho e que a sucessão será tratada com tempo e de forma ponderada: “Não seria razoável que eu hoje pudesse dizer alguma coisa [sobre o futuro], até porque isso iria estragar este momento. Eu não queria estragar este momento. Este é o momento de consagração do Tiago. Não preciso de nomear um diretor artístico amanhã. Temos uma equipa que nos permite garantir a continuidade deste processo durante o tempo suficiente até que seja encontrada uma ou mais direções artísticas. Não há uma interrupção. Haverá um tempo de consulta para perceber qual o modelo que deve ser implementado.”

“Uma equipa extraordinária”

“Este percurso de oito anos no Porto transformou a minha vida”, assumiu Tiago Guedes, sublinhando as condições que sempre teve para desempenhar as suas funções. “Aprendi muito e cresci muito aqui. As condições políticas que aqui encontrei e a visão estratégica para a cultura defendida por Rui Moreira projetaram o Porto à escala mundial. Ter feito parte da sua equipa foi para mim uma enorme honra”, admitiu.

“Poucos ou nenhuns seriam os projetos que me fariam querer sair do Porto. No entanto, defendo que os diretores artísticos de instituições não se devem eternizar nos seus cargos. Esta oportunidade e timing pareceram-me ser os corretos para tentar novos desafios”, prosseguiu o futuro diretor da Maison de la Danse e da Biennale de Lyon.

Realçando a valorização feita em França dos oito anos que esteve no Porto, Tiago Guedes congratulou-se com o facto de o Porto ser atualmente “uma referência para as artes performativas”. “O Porto passou a estar nos grandes circuitos internacionais de artes performativas. O Porto é, neste momento, uma das grandes cidades culturais. Humildemente orgulho-me por ter ajudado a que tal aconteça. Foram oito anos de viagem conjunta, muito bonita. Muito obrigado a todos”, acrescentou.

“Os projetos não se fazem sem as pessoas. Temos hoje uma equipa extraordinária, que ombreia com qualquer instituição internacional”, reiterou, estendendo um cumprimento aos artistas da cidade, “grandes parceiros” do percurso trilhado. “Estou muito contente e orgulhoso por este momento. E, acima de tudo, pelo trabalho que foi feito em equipa”, concluiu.