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Conversas Sub-30: “A magia vai estar sempre presente na minha vida, como ‘hobbie’ ou profissão complementar”, confessa Manuel Carrapatoso

  • Paulo Alexandre Neves

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Filipa Brito

Formado em economia, Manuel Carrapatoso quer conciliar o curso com… a magia. Teve uma outra paixão – o hóquei em patins -, mas uma lesão fê-lo abandonar a modalidade. Com apenas 23 anos já criou algumas startups, estando, atualmente, a fazer o mestrado em finanças, na Nova SBE. Entretanto, tirou um curso na Escola de Magia do Porto, mas define-se, em larga medida, como um autodidata.

Tão novo e já com um curriculum invejável.
Tento aproveitar a vida ao máximo, aplicando-me em várias áreas de que gosto.

E quais são esses gostos?
Percebi, muito cedo, que o meu caminho era a economia, ainda que a minha família seja ligada à área do direito. Tentaram que fosse para esse ramo, mas a economia, a gestão, o negócio está-me nas veias. A magia esteve também sempre presente na minha vida. Primeiro, como espetador. Adorava ver tudo o que era mágicos na televisão. Aos 16 anos, e por causa de uma lesão, deixei de praticar hóquei em patins, uma outra das minhas paixões. Desde então, desenvolvi, como artista, o gosto pela magia.

Já lá vamos à magia, mas sempre focalizado nos negócios.
Sempre tive um prazer muito vincado em negociar, vender. Lembro-me com cinco, seis anos ficar fascinado com os quiosques. Comprar o jornal, assistir ao ato de troca, do dinheiro pelo produto. Isso levou-me a que, nesse verão, montasse uma banca de limonada, à porta de minha casa. Vivia para aquilo. Gostava do ato da venda, de conseguir convencer o consumidor, essa arte de persuadir e influenciar. Depois, vendi pulseiras por toda a cidade. Já no Secundário vendia resumos e explicações.

Foi daí [da economia] que me surgiu o gosto pela magia para… tentar fazer aparecer dinheiro

Entra na Faculdade de Economia do Porto (FEP).
Foi uma escolha clara e natural. Encontrei um vasto leque de opções, que, ao longo dos três anos de curso, foram mudando as minhas escolhas. Durante o curso tive oportunidade de fazer parte de uma consultora júnior (FEP Junior Consulting). Depois fiz uma pós graduação, na Católica Porto Business School, em Business Analytics. Agora, estou a tirar, na Nova SBE, em Lisboa, o mestrado em finanças, área da economia que mais me atrai.

É na FEP que desenvolve o seu primeiro projeto de empreendedorismo?
Uma startup de prognósticos desportivos. Estivemos no mercado de consultoria desportiva durante dois anos e meio. Tínhamos um departamento de estudo de resultados, de venda e de marketing e promoção. Era um negócio que vivia, sobretudo, da rotação de clientes. Acabou por cair durante a pandemia. Mas, entretanto, vou lançar uma outra, cujo objetivo passa por tornar os anúncios publicitários mais atrativos aos olhos dos consumidores. Como? As empresas vão poder colocar os seus anúncios numa app. Vamos dar ao consumidor uma motivação para os ver, tendo a possibilidade de ganhar um prémio. A aplicação está pronta, mas precisamos que a economia esteja mais estável.

No meio de tantos números e ideias nunca a paixão pela magia esmoreceu em si?
É verdade. A magia e a economia estão muito interligadas. Foi daí que me surgiu o gosto pela magia para… tentar fazer aparecer dinheiro (risos). Mais a sério: surgiu pela minha curiosidade, não pelos métodos por detrás dos truques, ou seja, a criação de uma atmosfera com base na ilusão e para entreter o espetador, mas, sobretudo, pelas leis da física, muitas vezes da gravidade, a perspetiva diferente da realidade que o mágico dá. Foi isso que me fascinou. Comecei a estudar, a ver, a dedicar-me a sério e nunca mais parei. Hoje, ocupa-me muito tempo.

Fez algum curso ou aprendeu por si?
O estudo é 80% autodidata. Fiz um curso na Escola de Magia do Porto, que me deu algumas bases, mas a minha personalidade é colocada em palco juntamente com os truques. Um mágico deve impor o seu cunho pessoal durante um espetáculo. Grande parte do trabalho é estudo, por exemplo, de psicologia do comportamento do espetador, de saber como influenciá-lo, de mentalismo. Depois há a criação do storytelling. Tudo tem de fazer sentido. A magia deu-me tanto trabalho, a nível de estudo, como o curso que tirei.

O mar, na Foz, já foi fonte de inspiração para alguns truques

Vê-se a viver da magia?
Em Portugal é muito difícil. Fazer só magia também não é o quero. Gosto muito das áreas das finanças, economia, empreendedorismo, do negócio. Ainda não tenho uma decisão clara e certa daquilo que quero fazer. Vou tentar aliar sempre as duas áreas. Uma certeza tenho: a magia vai estar sempre presente na minha vida, como ‘hobbie’ ou profissão complementar.

Com que locais mais se identifica na cidade?
A Casa da Música foi o meu local de crescimento. Até aos 11 anos vivi naquela zona. Sempre que vou lá é um sentimento de nostalgia e boas memórias. Tenho imagens inesquecíveis da minha infância e adolescência. Por outro lado, o Estádio do Dragão porque sou sócio do FC Porto desde o dia em que nasci. Tenho uma grande paixão pelo clube. Já lá vivi grandes momentos.

Como define a cidade?
Acolhedora, que transmite vibrações únicas, com o rio, o mar, monumentos e locais emblemáticos. É um misto de calma e beleza de locais e, ao mesmo tempo, de grande capacidade comercial e económica. Os portuenses fazem-nos sentir em casa. A evolução que teve foi gradual, mas a sua essência continua a mesma. Por isso, tenho uma conexão especial com a cidade. Não consigo explicar, mas é especial e única.

Já a inspirou para algum truque?
Uma das vertentes do truque que fiz na meia-final do “Got Talent” (RTP) foi inspirada quando passava pela Avenida dos Aliados. Também o mar, na Foz, já foi fonte de inspiração para a conceção e desenvolvimento de truques.