Economia

Conversa sobre a cidade assume caminho de uma humanização digital

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A segunda edição da iniciativa “Porto, Conversar a Cidade” caminhou, ao final da tarde desta quarta-feira, até Vila Nova de Gaia para partilhar ideias à volta do tema “O Consumo Figital: o momento é agora! – A integração da experiência digital com a experiência humana para uma melhor experiência de consumo”. A escolha da cidade vizinha não foi ao acaso: o objetivo foi sair para compreender melhor o que está dentro, olhar à distância para ter outra perspetiva.

Segundo a moderadora, Teresa Chaves, trata-se de “uma desafio para os negócios que estão tão centrados no seu quotidiano que não conseguem ganhar perspetiva”, realidade que terá sido obrigada a mudar por causa da pandemia.

Foi com essa ideia em mente, a da dualidade do físico e do digital, trazida pelo confinamento, que Rui Coutinho, diretor executivo do Center for Business Innovation da Porto Business School, Mariana Tomé Ribeiro, cofundadora e diretora artística da Sabya, e o designer Eduardo Aires se juntaram para conversar a cidade do Porto. Do que se falou neste “Porto, Conversar a Cidade” foi do impacto desta dualidade no setor do comércio.

Perante a ideia unânime de que a digitalização será inevitável, o responsável da Porto Business School acredita que o grande erro tem sido o “termos tentado combater a tecnologia”, batalha que “vamos perder” uma vez que “tudo o que é possível ser automatizado vai ser automatizado”.

Para Rui Coutinho, o desafio está em “deixarmos de ser como os robots e focarmo-nos no que é profundamente humano: a inteligência emocional porque essa o algoritmo ainda não compreendeu”. Trazendo exemplos de como muitos negócios se adaptaram à pandemia, com roupa a ser vendida em diretos no Instagram ou peixarias a vender via Whatsapp, o diretor executivo é da opinião de que “o que vimos no último ano e meio foi absolutamente maravilhoso do ponto de vista da humanização que a tecnologia permite”.

“O pequeno retalho pode não saber o nome “figital”, mas é isso que está a fazer, ao manter a relação, ao construir identidade, ao permitir o continuar da confiança do cliente e que isso se traduza em compras”, acrescentou Rui Coutinho.

Fundadora da agência digital Sabya, Mariana Tomé Ribeiro deixou a ideia de que “não vale a pena correr contra as ferramentas. É altura de pegar nelas e as adaptarmos aos nossos negócios”. “O nos vai diferenciar enquanto marcas é a humanização, é o nosso diferencial”, acredita.

Enquanto responsável pela imagem de marcas com história no mercado, Eduardo Aires assumiu-se na conversa como “o porta-estandarte do analógico”. Sendo o design “a arte que permite interpretar todo um conjunto de valores e transportá-lo para o que criamos, e que é fator de diferenciação”, o também responsável pela marca Porto. acredita que “se eu não tiver a ligação direta com o vendedor, onde vou confiar? Na marca”.

“O design permite que as pessoas percebam uma lógica e isso cria a empatia, a adesão. É assim que se conseguem estabelecer as relações de pertença, de longevidade”, defende, contando como muitas empresas aproveitaram a pandemia para se reformularem.

Nesse campo da reformulação de negócios, Rui Coutinho defende que “o digital democratiza o acesso ao conhecimento, mas também a recursos”. Perante o cenário de um caminho sem retorno para o digital, o responsável da Porto Business School lembra que o sentido contrário também é uma realidade com cada vez mais lojas digitais a abrir espaços físicos

“Na expressão transformação digital, a palavra mais importante é transformação. O digital alavanca um conjunto de mudanças com as quais temos que lidar e sobre as quais vamos ter que tomar decisões”, afirma.