Economia

Consultor de Clinton e Obama “aqueceu” a sessão de antevisão do QSP Summit 2021

  • Isabel Moreira da Silva

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Nouriel Roubini, economista norte-americano, antigo consultor da Casa Branca nas administrações dos ex-presidentes dos EUA Bill Clinton e Barack Obama, foi o orador convidado do “warm up” do QSP Summit 2021. A iniciativa decorreu nesta quinta-feira, em formato online, para uma plateia que do outro lado do ecrã seguiu a sessão intercalar do evento realizado a partir do Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota.

Foi no Porto que se deu o pontapé de saída para a 14.ª edição do QSP Summit, um dos eventos de gestão e marketing e comunicação mais relevantes da Europa. Do palco do Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota para o mundo, o warm-up (aquecimento) levou até milhares de casas uma amostra daquilo que está a ser preparado para julho, assim espera a organização.

Em destaque, a presença de Nouriel Roubini, professor economista na New York University’s Stern School of Business, detentor de um vasto currículo político e académico, conhecido por ter previsto a crise financeira global de 2008.

Numa intervenção ajustada ao tema da próxima edição do evento, “Facing the Unknown” (“Enfrentando o Desconhecido”), o economista que passou pelo Conselho de Consultores Económicos da Casa Branca, e que posteriormente foi consultor sénior do subsecretário para os Assuntos Internacionais do Departamento de Tesouro dos EUA (Estados Unidos da América), durante as administrações de Bill Clinton e Barack Obama, abordou a crise económica que o mundo atravessa.

“No ano passado, tivemos a pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial”. A afirmação crua encabeçou o discurso desabrido, em que Nouriel Roubini se propôs analisar o que aconteceu em 2020, como as diferentes reações dos países no combate à pandemia influenciaram a recuperação económica, quais as perspetivas para 2021, o que é esperado da administração Biden, e como sairá a Europa - e Portugal - da crise.

Do “colapso da atividade económica”, provocado por um “coma politicamente induzido”, à “recuperação muito rápida do crescimento” a que se assistiu no terceiro trimestre do ano passado, sucedida de um quarto trimestre em que “o abrandamento voltou”, o economista expôs a fragilidade dos mercados diante de uma ameaça nunca antes vista. Assim, referiu que as curvas de recuperação económica (em v, u ou w) vão sempre depender das medidas dos governos no combate à crise sanitária. Quanto mais cedo se sanar o problema de saúde, mais rápido e com mais confiança a economia recupera, concluiu para a audiência que o acompanhava à distância.

Analisando o caso português, o professor Roubini considerou que “na primeira vaga a resposta foi bem sucedida”, mas que “em novembro, dezembro e durante o Natal do ano passado a reabertura [da economia] foi exagerada”. O novo pico de casos e de mortes, que coloca Portugal com uma das “taxas mais elevadas a nível mundial”, obriga agora “a um confinamento muito restritivo que vai levar à recessão”, avisou.

“Vai ser preciso chegar a 2023 para se conseguir regressar ao PIB de 2019, antes da pandemia”, prevê o economista, alertando ainda que o défice orçamental português pode tornar-se “insustentável”. Ainda assim, Roubini aponta como sinal positivo para a economia portuguesa a permanência de investimento direto estrangeiro (IDE). "Portugal continua a ser um bom destino para o investimento e a perspetiva para o futuro do país é brilhante", afirmou.

Para o consultor, no cômputo geral, o futuro da Europa também não será muito risonho. “Existe o risco de consequências permanentes a longo prazo”, justificadas pelo desaparecimento do lay-off, pelo aumento dos níveis do desemprego, e pela crescente insolvência de empresas e também de famílias.

O remédio passa por políticas laborais mais flexíveis, prescreve. “É preciso inovação, tecnologia e reformas estruturais para a economia ser mais flexível. Nestes aspetos, a Europa ficou para trás”, observou.

Quanto aos EUA, antecipou que “a guerra fria com a China vai continuar”, que até por questões geopolíticas “pode vir a existir um conflito militar em Taiwan ou no mar do sul da China”, e que, a nível interno, a aposta na redução de desigualdades e na economia verde da administração Biden também vai originar políticas “parcialmente protecionistas”, pela defesa do “buy american” ("compre norte-americano").

QSP Summit liga-se ao mundo a partir do Porto

Num warm-up que contou com testemunhos de várias personalidades nacionais do meio político e empresarial, bem como mensagens de oradores internacionais que participarão no evento, em julho (além de ter sido pautado por momento musical protagonizado pelos músicos Angélica Salvi, Ece Canlı, João Pais Filipe e Pedro Augusto), foi transversal a ideia de oportunidade do tema escolhido já em 2020 - “Facing the Unknown” e da importância da realização do evento no Porto, para o país e em particular para a Região Norte.

O vereador da Economia, Turismo e Comércio da Câmara do Porto, Ricardo Valente, que representou Rui Moreira nesta sessão intercalar, sublinhou inclusive que “o QSP Summit representa a vontade de me ligar ao mundo a partir do Porto”.

Agora, só resta confiar que os planos não serão novamente trocados. “Este warm-up é um sinal de esperança. Estamos todos convencidos de que será possível realizar o QSP Summit em julho e em condições de segurança”, assinalou Rui Ribeiro, CEO e fundador do evento.

O QSP Summit 2021 está marcado para os dias 1 e 2 de julho, na Exponor, sendo a sessão de abertura realizada no Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota, a 30 de junho.

+ info: QSP Summit