Cultura

Começou a Feira do Livro do Porto, este ano com um “aspeto mais emotivo”

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Já teve início a edição de 2022 da Feira do Livro do Porto, marcada na sua inauguração, como é habitual, pela visita do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira. Cumpriu-se a tradição da visita a cada um dos expositores presentes nos Jardins do Palácio de Cristal – não só para ver e comprar livros, mas também para distribuir cumprimentos e fazer fotografias com todos os que o solicitaram. As emoções sentem-se nas homenagens à recentemente desaparecida Ana Luísa Amaral, autora homenageada do evento.

Ao início da tarde desta sexta-feira, o recinto da Feira do Livro do Porto voltou a assistir ao tradicional momento em que Marcelo Rebelo de Sousa e Rui Moreira celebram o livro e a literatura: acompanhados pelo coordenador da programação da Feira do Livro, Nuno Faria, e pelo presidente da Assembleia Municipal, Sebastião Feyo de Azevedo, bem como outros elementos da vereação municipal, ambos passaram por todos os pavilhões do evento, adquirindo livros e conversando com os editores e alfarrabistas presentes.

“Levo alguns livros daqui, e penso que aqueles que levo são todos bons. Ou se gosta de livros, ou não se gosta. Não há meios sentimentos. Eu sou um apaixonado por livros, sou um colecionador, já enviei para Celorico de Basto mais de 200 mil volumes ao longo da minha vida para que outros beneficiem, e não apenas eu, daquilo que é fundamental para a formação de todos nós”, sublinhou o Presidente da República, considerando “preocupante” haver uma “maioria esmagadora dos portugueses” que não tem hábitos de leitura. “Está a melhorar, mas é preocupante. Há maneiras de ler, pode-se ler na internet, pode ler-se em papel, pode-se ler em qualquer sítio”, acrescentou.

De regresso à cidade após a deslocação ao Brasil, para onde viajou com o coração de D. Pedro, trasladado temporariamente no quadro das celebrações do bicentenário da independência daquele país, Rui Moreira congratulou-se por mais uma visita de Marcelo Rebelo de Sousa: “A tradição ainda é o que era, o senhor Presidente da República veio cá inaugurar. Ficamos muito satisfeitos, nunca falta.”

“Aspeto mais emotivo”

Lembrando que esta edição da Feira do Livro é dedicada a Ana Luísa Amaral, o presidente da Câmara do Porto lamentou que a autora homenageada do evento tenha desaparecido poucos dias depois de ter estado na apresentação da Feira do Livro. “Até por isso, vai ter um aspeto mais emotivo”, reconheceu.

“Esta não é apenas uma feira do livro, é de facto um festival cultural. Nós chamamos-lhe feira do livro porque é o nome mais tradicional, mas há um conjunto enorme de atividades que versam desde a música, artes plásticas, há muita coisa para ver”, lembrou Rui Moreira, expressando o desejo de que o público compareça: “Já não temos aquelas dificuldades que tivemos durante os últimos dois anos, que nos obrigaram a ter cuidados especiais. Conseguimos manter sempre a Feira do Livro. Espero que as pessoas que tinham medo de vir possam este ano regressar à Feira do Livro.”

“Um dos momentos mais felizes do ano”

Rui Moreira admitiu ainda que a Feira do Livro é “um dos momentos mais felizes do ano, sempre. Até porque gosto muito de livros. O livro é alguma coisa de insubstituível. Vejo muitas vezes, hoje em dias, as crianças com os jogos e tudo o mais, mas o livro é uma coisa que fica sempre, a que podemos sempre recorrer. É muito mais do que um objeto. O livro é uma fonte, e as fontes são importantes.”

“Estamos com imensa gente, imensos visitantes. Vejo muita gente a comprar livros. Quando vejo gente jovem a comprar livros, é a garantia que o livro vai continuar”, notou o autarca, concluindo que a cultura é o melhor meio de aproximar as pessoas. “Temos aqui um espaço que eu acho que os portuenses adoram, está bem tratado, é convidativo. Está bom tempo e é o momento de as pessoas conviverem. Não há nada melhor do que a cultura para as pessoas conviverem, é isso que nos junta a todos. Eu também gosto de futebol, mas no futebol há antagonismo – aqui não há antagonismo, é diferente. A Feira do Livro é uma árvore, com muitos ramos, com frutos e flores. É isso que eu espero que as pessoas encontrem aqui”, disse.

Antes do périplo pelos 84 expositores – entre livrarias, editoras e alfarrabistas de todo o país – a comitiva tinha visitado a exposição Escrevo para um amigo que virá, dedicado à vida e obra do ensaísta Manuel Gusmão. A mostra conta com curadoria do núcleo de programação do Museu da Cidade e de Helena Carvalhão Buescu e estará patente até ao fim do ano na Biblioteca Municipal Almeida Garrett.

Neste sábado, 27 de agosto, às 15h, realiza-se a cerimónia de atribuição da Tília de homenagem à poeta Ana Luísa Amaral, autora homenageada desta edição da Feira do Livro do Porto. À cerimónia conduzida pelo presidente da Câmara do Porto irá seguir-se uma dupla sessão de homenagem, no auditório da BMAG, com a exibição do filme “Entre dois rios e outras noites”, apresentado por Nuno F. Santos, realizador do documentário, e a conversa “O som que os versos fazem a abrir”, com Rosa Maria Martelo, Isabel Pires de Lima, Teresa Coutinho, Nuno F. Santos e moderação de Luís Caetano.

A programação da Feira do Livro do Porto conta com mais de 100 atividades, de acesso gratuito, numa agenda repleta de conversas, lições, oficinas, concertos, filmes e atividades para bebés, crianças e jovens.