Educação

Cidades inclusivas procuram na Educação a coesão da sociedade. E "a Escola é, afinal, toda a cidade"

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"A Educação não transforma o mundo. A Educação muda as pessoas e as pessoas transformam o mundo". Foi citando Paulo Freire que o vereador da Educação chamou a atenção de uma plateia repleta de responsáveis escolares para a importância de pensar – e concretizar – a Educação para uma maior e mais efetiva coesão social. Esta sexta-feira, o Porto, enquanto cidade educadora, foi a anfitriã do primeiro encontro "Cidades Inclusivas".

Na Biblioteca Almeida Garrett, Fernando Paulo fez questão de sublinhar que, entre as prioridades da Associação Internacional de Cidades Educadoras, da qual o Porto faz parte desde 1997, é a "importância de cuidar das pessoas" e que essa responsabilidade "não é apenas da Escola, é de todos enquanto sociedade".

Importa, considera o vereador, "criar as condições para que todas as pessoas participem, sejam parte integrante da cidade, sejam criadoras e cocriadoras de comunidades mais inclusivas, mais coesas, mais respeitadoras da diversidade e dos direitos humanos".

Notando como "a exclusão social é da dimensão do não-ser, não ser pessoa", Fernando Paulo lembrou que vários aspetos contribuem para essa exclusão – todos eles fruto das dinâmicas sociais. Para o vereador, "civilizacionalmente, 8% de abandono escolar ou absentismo é uma chaga social e deve mobilizar todos".

Certo de que "o insucesso acompanha o número de alunos da ação social escolar", o vereador considera que, "apesar de o diagnóstico estar feito, falta saber o que podemos fazer para alterar isto".

Se tudo muda, a Escola também”.

"Temos de criar condições para que a Escola seja um espaço diferenciador e temos de o construir em conjunto, de ser capazes de sonhar em conjunto, de fazer da Escola um compromisso educativo, social, cultural, desportivo, que possibilite o desenvolvimento de cada um para ter uma vida digna".

Fernando Paulo deu o exemplo da criação de "novos modelos de intervenção, no âmbito dos TEIP (Territórios Educativos de Intervenção Prioritária), adequados às novas realidades e necessidades", mas também da importância de "mais do que a universalidade da escolaridade para crianças a partir dos 3 anos, a sua frequência" e da inserção da creche na Lei de Bases do sistema educativo. "Se tudo muda, a Escola também", reforça.

Na opinião do vereador, torna-se necessária "uma administração menos normativa", que proporcione o nascimento daquilo que chamou de "autonomia local partilhada".

Se a esperança em sociedades mais coesas está na Educação, a Escola é toda a cidade”.

Além de "termos de acreditar na capacidade das instituições escolares se organizarem para definirem os seus planos de ação", Fernando Paulo considera que falta, também, "a apropriação das escolas pela comunidade, é necessário construirmos mais espaços comuns e investir na participação". "A sociedade está na Escola e a Escola está na sociedade", sublinha.

"A Educação é um precioso bem comum da Humanidade. E, se a esperança em sociedades mais coesas está na Educação, a Escola é toda a cidade", concluiu o vereador.

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Ao longo do dia, o encontro "Cidades Inclusivas" contou, ainda, com a participação de Elisabete Pinto da Costa, do Instituto de Mediação da Universidade Lusófona, e a apresentação dos programas de Mediadores Municipais e Interculturais e de Mediação Escolar, promovidos pela Câmara do Porto, e ainda do projeto "How special are your needs? Can we help? STEAM for an inclusive Europe!", que une alunos do Conservatório Música Porto e dos agrupamentos de escolas Eugénio de Andrade e Rodrigues Freitas.

Durante a tarde, e como "prática inspiradora", Joaquim Azevedo apresentou o projeto do Arco Maior, do qual é coordenador, com as conclusões sobre o encontro a ficar a cargo de José Matias Alves, da Universidade Católica Portuguesa.

A Rede Territorial Portuguesa das Cidades Educadoras faz parte da Associação Internacional de Cidades Educadoras, sendo uma das suas principais atividades a dinamização de grupos de trabalho, entre os quais o das 'Cidades Inclusivas' que integra cerca de 40 municípios portugueses e desenvolve atividade regular desde 2015.