Cidade quer turismo que valorize a sustentabilidade e a singularidade

O presidente da Câmara do Porto abriu, esta terça-feira, o fórum internacional “Turismo – A principal indústria mundial”, na Alfândega do Porto. Assumindo “a grande retoma do turismo do Porto” como ponto de partida de comunicação, Rui Moreira apresentou a estratégia do município para a sustentabilidade e valorização da singularidade da cidade.

Perante os novos desafios que a retoma do turismo traz, o presidente da Câmara recordou a “Visão de Futuro para a Sustentabilidade do Destino Porto”, apresentada em setembro, e que, reforça Rui Moreira, pretende fazer com que “o Porto se torne um dos destinos mais competitivos e sustentáveis do mundo”.

Com a “ambição de diversificar para crescer”, a aposta está na determinação “do perfil de quem nos visita, os seus países de origem e os motivos para escolher o Porto”. A estratégia está focada na atração de gerações mais jovens, bem como de turistas com maior poder de compra, uma vez que, assegura o presidente da Câmara, “não queremos competir pelo preço mas, sim, pela qualidade e prestígio do destino Porto”.

A aposta em novos mercados, no aumento do tempo médio de estadia na cidade, e o desafio para que os turistas explorem “zonas e atividades menos óbvias” também faz parte da visão que o município tem para o turismo na cidade, assente “no princípio da diversificação” e na certeza de que “podemos dar-nos ao luxo de escolher o turismo que desejamos e o que não desejamos”.

“Com um turismo mais sustentável, vamos tornar a oferta mais atrativa e assim consolidar a procura do destino Porto, sem pôr em causa a qualidade de vida dos nossos munícipes”, acredita Rui Moreira.

No fórum organizado pela Alfândega do Porto, em parceria com o Jornal de Notícias, o presidente da Câmara fez um périplo pela evolução do turismo na cidade, desde a primeira vez que foi distinguida como “Melhor Destino Europeu”, em 2012, até à retoma conseguida após dois anos de pandemia.

“Há que admitir”, afirmou Rui Moreira, “tivemos saudades dos turistas e da dinâmica que estes geram na cidade”. Dinâmicas como a transformação do Porto “em termos de reabilitação urbana, de dinamismo económico, de vivência cosmopolita e de afirmação internacional”, ainda recentemente confirmada com a distinção como “Melhor Destino de Cidade do Mundo”, pelos World Travel Awards.

Certo em afirmar que “o Porto é uma cidade especial, com uma identidade bem vincada e uma vivência muito singular”, o presidente da Câmara acredita que “o setor turístico da cidade demonstra potencial para crescer ainda mais e tornar-se uma atividade ainda mais rentável”.

“A nossa cidade está, sem dúvida, na rota do turismo mundial”, como também demonstram as perspetivas para 2022, “mais um ano recorde de turistas no Porto”.

Para Rui Moreira, seria injusto não olhar para o turismo como grande impulsionador da cidade, ao longo dos anos e em várias vertentes: na economia local, no emprego, na recuperação do edificado degradado. “Não temos medo da gentrificação”, reforça.

A resposta aos novos desafios trazidos pelo crescimento do setor passará, também, por políticas habitacionais, de mobilidade, ambiente e serviços de resíduos e limpeza pública, pela figura do Mediador do Alojamento Local, pela suspensão da autorização de novos estabelecimentos de alojamento local e pelo futuro regulamento do setor.

“Que fique bem claro: nós queremos um Porto com turistas. Está bem presente, entre nós, a imagem de um Porto sem turistas, e não queremos que isso volte a acontecer. Mas isto não significa a defesa de um turismo massificado. Hoje a oportunidade de promover um turismo de maior valor acrescentado e mais sustentável do ponto de vista económico, social, ambiental e cultural”, reforçou Rui Moreira.

Confiança Porto e Observatório do Turismo potenciam prémios internacionais

Num outro momento, a conferência na Alfândega promoveu uma mesa redonda sobre “Congressos e Turismo”, que sentou a vereadora do Turismo e Internacionalização ao lado do vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, Beraldino Pinto, Hermano Rodrigues, principal na EY-Parthenon, e da presidente da associação cultural sem fins lucrativos Experimenta, Guta Moura Guedes.

Com “mais de 40 congressos previstos na região até ao final do ano”, Catarina Santos Cunha acredita que este setor tem servido para colmatar a sazonalidade do turismo mais tradicional.

Questionada sobre o trabalho a fazer depois de o Porto tem saído vencedor daqueles que são considerados os oscares do turismo, a vereadora afirmou que o prémio se potencia “com muita responsabilidade”, agora que “as atenções vão estar voltadas para nós”.

“Temos de trabalhar a sustentabilidade do destino, puxar para fora outras narrativas”, afirmou Catarina Santos Cunha, deixando a mensagem de que “a nossa responsabilidade é que as pessoas venham conhecer mais Porto”, tanto a “identidade dos bairros”, como “uma cidade mais cosmopolita”.

Catarina Santos Cunha aproveitou o momento para informar que o programa Confiança Porto, de certificação da excelência do alojamento turístico na cidade, irá ser “entendido a outras áreas” e que já se encontra em marcha, para ser lançado no próximo ano, o Observatório do Turismo. “Queremos perceber os fluxos, como as pessoas se movimentam, de onde vêm, o que consomem” para adaptar a oferta turística.