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Cidade eterniza memória e legado de Albino Aroso

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Porque o Porto "deve homenagear sempre os seus melhores, nunca os esquecer", foi esta tarde inaugurada a estátua evocativa do Dr. Albino Aroso. É o tributo "permanente" ao médico "reconhecido pelo seu forte sentido ético", tal como destacou na cerimónia o presidente da Câmara, Rui Moreira. A obra, um trabalho em bronze do escultor Rogério Azevedo, está onde devia: na Rua Dr. Albino Aroso, junto ao Bairro Novo da Pasteleira, em Lordelo do Ouro.

Num lugar bem cuidado pela população residente, como realçou o autarca, encontra-se "uma estátua simples, mas bastante significativa". Na mão da figura do Dr. Albino Aroso, um livro "simboliza o seu papel como promotor do planeamento familiar em Portugal e a sua afirmação como homem estudioso e interveniente em matéria cívica". No pedestal lê-se Médico, "porque foi como médico que se revelou como um dos grandes", defensor incondicional "da dignidade humana, dos direitos da mulher".

Rui Moreira lembrou que o Porto "sempre se orgulhou de poder contar com Albino Aroso como um dos seus e homenageou-o felizmente em vida". Em 2006, no dia em que completou 83 anos, concedeu-lhe a Medalha de Honra de Cidade e o título de Cidadão do Porto - "a maior homenagem que poderia ter-lhe feito".

Já em junho de 2016, a autarquia prestou tributo ao grande médico ao atribuir o seu nome à rua aberta na Pasteleira em 2015, onde está a estátua. A intervenção, destacou o autarca, foi realizada integralmente por serviços camarários com competências distintas, que "em conjunto revelaram uma exemplar eficácia" na conceção de um espaço que reflete harmonia. A este esforço juntou-se a forma como a população do Bairro Novo da Pasteleira acolheu o projeto. "Percebemos que escolhemos bem o sítio", disse o presidente da Câmara, agradecendo aos cidadãos que "desde o primeiro momento têm zelado pela conservação dos jardins e da obra de arte".

A Rogério Azevedo, Rui Moreira agradeceu por, "uma vez mais, ter correspondido ao desafio". Recorde-se que o escultor é autor, entre outras obras, do busto do General Pires Veloso, inaugurado em 2015 na Praça da República, e da estátua de Arnaldo Gama no Largo Actor Dias.

O dia da inauguração da Estátua Dr. Albino Aroso não foi escolhido ao acaso, conforme observou Miguel Aroso, neto do médico desaparecido: "Agradeço, em nome de toda a família, esta bonita homenagem que a Câmara do Porto entendeu prestar ao meu avô", que acontece numa "data simbólica. É também para nós uma forma de evocar a memória da Avó Laura, que partiu faz hoje 25 anos. Obrigado por terem atendido ao nosso pedido".

Uma personalidade ímpar

Figura incontornável da Saúde em Portugal, Albino Aroso faleceu no Porto em 2013. Tinha 90 anos e era já conhecido como o "pai do planeamento familiar" no país.

Secretário de Estado por duas vezes, a ele se deve a produção da principal legislação que contribuiu para reduzir drasticamente os índices de mortalidade materno-infantil: graças à sua intervenção, em poucos anos Portugal passou das piores para uma das melhores taxas mundiais a este nível.

Licenciado pela Faculdade de Medicina do Porto em 1947, Albino Aroso começou a trabalhar no ano seguinte no Hospital de Santo António, com o qual criaria vínculos profundos. Como bolseiro, estagiou em vários países da Europa, como Inglaterra, Alemanha, Suécia ou Áustria.

Em 1967 foi um dos fundadores da Associação Portuguesa para o Planeamento Familiar. Como professor, lecionou no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto. Entre outros cargos, foi presidente da Sociedade Portuguesa de Obstetrícia e Ginecologia. Em quaisquer funções, foi sempre o médico defensor da dignidade humana, sensível aos dramas sociais.