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Cidade do Porto sai à rua em peso para lançar “Uma semente pela paz” na Ucrânia

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A 24 de fevereiro de 2022, as tropas russas invadiam a Ucrânia. 365 dias depois, os combates ainda não cessaram e o mundo continua a apelar ao fim da ofensiva. A cidade do Porto mantém a solidariedade com o povo ucraniano que assumiu desde o primeiro dia e, esta sexta-feira, saiu à rua para lhe dar voz. Depois de um concerto em frente ao Coliseu, promovido pela iniciativa “Uma semente pela paz”, foram largas centenas os que desfilaram até à Praça Humberto Delgado, reunindo-se à frente dos Paços do Concelho iluminados de azul e amarelo.

“Slava Ukraini!”. “Obrigado, Portugal!”. Em Ucraniano e em Português, assim se ouviram os vários apelos à paz desde a Rua Passos Manuel. A partir da fachada, o Coliseu abriu-se a uma mobilização cívica e artística em memória de quem combate, de quem fugiu, de quem resiste e dos que morreram desde o início da invasão russa.

A cantora Ana Deus foi a primeira a dar voz à solidariedade e lembrou como “faz hoje um ano que começou a guerra que nos envolve a todos”. Também aliados a esta ação, promovida pelo Coliseu do Porto, os Best Youth dedicaram a sua atuação “aos que veem a sua infância roubada pela guerra”.

Num momento emotivo para os ucranianos que vêm sendo acolhidos, na cidade e na região, Irina Horbatyuk fez ouvir a canção “que anuncia a independência da Ucrânia”. A cantora ucraniana fez questão de agradecer o apoio dos portuenses e “tudo o que já foi feito” pelo seu povo.

Antes de declamar “Natal de 45”, poema de Jorge de Sena, que diz “Morrem oprimidos povos e povos / crentes de uma paz / da mesma prometida outrora e por penhor rasgada. /Morrem os homens quando a sonham mais!”, o ator Pedro Lamares deu espaço ao momento espontâneo que fez ecoar “Chervona Kalyna”, a canção tradicional ucraniana. Foi “através da voz dos poetas” que escolheu falar da “brutalidade delirante daquilo que está a acontecer”.

“O princípio do mundo começou agora / A semente será fruto pela vida fora”. Assim acredita a canção, “Que o amor te salve nesta noite escura”, escrita por Pedro Abrunhosa. Sentado ao piano desde a fachada do Coliseu, e apelando a que o Porto iluminasse o mundo, o cantor portuense pôs milhares de pessoas a entoar “Hallelujah”, de Leonard Cohen, “com o pensamento em todos os que já morreram nesta guerra injusta”.

O desfile, encabeçado pelo presidente da Câmara do Porto, ao lado da cônsul-chefe da Ucrânia no Porto, Alina Ponomarenko, seguiu para a Praça Humberto Delgado, onde se ouviu cantar o hino da Ucrânia em frente ao edifício dos Paços do Concelho iluminado com as cores da bandeira ucraniana.

De azul e amarelo vestiu-se, igualmente, nessa noite, a renovada Fonte dos Leões, na Praça Gomes Teixeira. Um pouco como toda a cidade.

Às muitas pessoas que se juntaram à solidariedade do Porto, e ao lado dos vereadores Fernando Paulo e Catarina Araújo, assim como do presidente da Assembleia Municipal, Sebastião Feyo de Azevedo, Rui Moreira deixou a mensagem: “hoje celebramos a vossa resistência, a vossa coragem. Hoje sentimo-vos todos portuenses e somos todos ucranianos”.

O Município do Porto tem mostrado a sua solidariedade com o povo ucraniano desde o início da invasão, tendo promovido, em conjunto com Vila Nova de Gaia e Matosinhos, a ação “Somos Todos Ucrânia” que, entre outras ações, organizou o transporte de vários camiões com bens doados até diferentes cidades na fronteira com a Polónia.