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Cidade de memória dá o palco ao altruísmo e à solidariedade em tempos de pandemia

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Passaram, precisamente, três anos desde a primeira vacina contra a covid-19. Três anos desde o momento de viragem da página pandémica. Mas o Porto, cidade de memória, não esquece quem esteve ao seu lado. Dezenas de entidades que ajudaram o Município no combate ao vírus receberam, no palco da Casa da Música, das mãos do presidente da Câmara, a Distinção de Mérito Ricardo Jorge, um reconhecimento pelo altruísmo, um agradecimento pela solidariedade e uma homenagem pela coragem demonstrados.

“O meu profundo agradecimento pelo desempenho profissional e pelos gestos solidários que os nossos homenageados tiveram durante a pandemia”, partilhou Rui Moreira, na cerimónia, que teve lugar ao final da tarde desta quarta-feira, e prova de que “a cidade do Porto sabe reconhecer a iniciativa, o esforço, a dedicação em favor do bem comum”.

O presidente da Câmara considera que “na luta contra a covid-19, revelámos uma capacidade de organização invulgar. Exibimos uma determinação que poucos supunham. Encontrámos forças que não julgávamos ter. Fomos capazes de uma entreajuda raramente vista”.

Controlada que está a pandemia, Rui Moreira reforçou a importância de “não esquecer como Portugal demonstrou um espírito comunitário com resultados efetivos na proteção da saúde pública e na preservação do bem-estar social”.

Nesse sentido, afirmou, a distinção de mérito “é um elogio ao país e à solidariedade e resiliência que os portugueses habitualmente revelam na adversidade”. “Deram-nos o melhor de si mesmas – o seu altruísmo e generosidade, o seu profissionalismo e competência, o seu sentido de dever e responsabilidade social”, acrescentou.

O mérito da resposta do poder local

Presente na cerimónia, o ministro da Saúde não deixou de reconhecer como “todos, a partir do Porto, deram uma grande resposta à pandemia”. Entre as “lições essenciais” a retirar daqueles anos, Manuel Pizarro sublinhou a importância da “mobilização extraordinária do poder local, de que a Câmara do Porto é exemplo”.

“A capacidade dos autarcas de agregar entidades do Estado e da comunidade para combater a pandemia é inspiradora”, confessou o ministro da Saúde, acrescentado a convicção de que “o Serviço Nacional de Saúde tem que ser descentralizado”, depois do “passo na direção certa, mas ainda tímido”, que se traduziu na assinatura do protocolo com o Município do Porto no início de dezembro.

Responsável pelo Plano de Vacinação contra a covid-19, também Henrique Gouveia e Melo foi reconhecido com a Distinção de Mérito Ricardo Jorge. Na Casa da Música, o almirante comparou a pandemia a um dos “Quatro Cavaleiros do Apocalipse” e considerou os autarcas “atores muito importantes” no processo de vacinação.

“Quando estamos unidos e temos um objetivo comum, somos muito competentes e não ficamos atrás de ninguém”, afirmou. Sem dúvidas quanto à necessidade vir a enfrentar algo do género, Gouveia e Melo confessou, no entanto, a “esperança no nosso futuro coletivo”

“A todos os profissionais de saúde, autarcas, pessoas de forma anónima e à população que aderiu ao processo de forma extraordinária, sem grandes dúvidas e obscurantismo, obrigado por isso”, concluiu.

Distinção de Mérito será atribuída sempre que se justifique

Entre as personalidades distinguidas pelo Município do Porto, esteve, também, António Sarmento, diretor do Serviço de Doenças Infecciosas do Hospital de São João e a primeira pessoa a receber a vacina da covid-19 em Portugal.

Sobre esse momento, o médico considera não ter sido “um ato heroico”, mas “uma honra” e um passo “com algum valor porque havia gente que estava hesitante e isso deu-lhes alguma segurança”. Mas foi, igualmente, “uma forma de recompensar o serviço de doenças infeciosas pelo que fez durante a pandemia”.

António Sarmento não deixou de elogiar a resposta dada pelo Serviço Nacional de Saúde e partilhou o apelo para que seja “fomentada a cultura de valores comuns, do bem comum, do altruísmo, da humildade, da competência e até da coragem”.

A Distinção de Mérito Ricardo Jorge passará a ser atribuída pela Município do Porto correspondendo à missão de reconhecer e valorizar pessoas individuais e coletivas que se distingam pelo altruísmo cívico, pelo espírito de missão e pela capacidade de iniciativa em prol da comunidade e do bem comum.