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Cidadãos em diálogo com a União sobre o Futuro da Europa

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Durante cerca de um ano, as instituições europeias desafiaram os cidadãos a debater e apresentar ideias para o velho continente. Os eventos da Conferência sobre o Futuro da Europa terminaram este sábado, em Serralves, e contaram com a participação do presidente da Câmara do Porto e do primeiro-ministro. Agora caberá ao Parlamento, ao Conselho e à Comissão Europeia pôr em prática aquela que é a vontade dos europeus.

Uma Europa mais justa, mais solidária, mais coesa, mais focada nos cidadãos e mais forte. Mais Europa. Este é o futuro que milhares de cidadãos escolheram para uma união de estados europeus, depois de uma série de debates e eventos integrados na Conferência sobre o Futuro da Europa.

“Que bom que é acreditar na Europa”, afirmou Rui Moreira. Encarregado de abrir a sessão, o presidente da Câmara do Porto não deixou de lembrar a culpa dos políticos numa fase de maior “desamor pela Europa”, mas acredita que os tempos que se atravessam nos obrigam “a repensar no que queremos” para esta “casa comum”.

“Há imensas arestas a limar mas se há coisa que aprendemos [com a pandemia e a invasão russa] é que sozinhos não seremos capazes”, acredita, frisando a “urgência de a Europa pensar sobre si própria e voltar a ter uma atitude coesa”. Rui Moreira deixou a mensagem de que “devemos, com todo o patriotismo, dizer que somos europeus e portugueses. Uma e outra coisa não são incompatíveis”.

Para o presidente da Câmara do Porto, importa valorizar o património e a cultura, “acentuar a multiplicidade”, ser menos dependente dos outros blocos, “construir uma Europa sem poder de veto”. “Este é o tempo da Europa, de uma Europa jovem, competente, que olha para o planeta como uma coisa finita, com respeito pelos outros, mas sem vergonha daquilo que somos”, concluiu Rui Moreira.

“A Europa é só isto?”

Perante uma plateia constituída maioritariamente por jovens, o primeiro-ministro prontificou-se a responder, de forma direta e informal, a todas as questões. E os jovens não se coibiram de abordar os temas que mais os inquietam: a saúde mental, a diferença de salários entre países europeus, a cultura, a solidariedade entre gerações, as alterações climáticas e as energias renováveis, ou mesmo a revisão do sistema de ensino.

O primeiro-ministro acredita que “o maior desafio é transformar esta geração, que já sabemos que é a mais qualificada, na mais realizada” e, para isso, defende que o trabalhar está em tornar o país e as empresas mais competitivas face aos congéneres europeus.

Recebendo várias questões sobre o papel da Europa perante a invasão à Ucrânia, António Costa afirma que “temos, todos juntos, de nos debater pela paz. É juntos que temos de responder”. E deixou, também ele, uma pergunta para o futuro da Europa neste contexto de guerra: “a Europa é só isto ou a União Europeia poder ser mais do que isto?”.

Porto recebe fórum sobre Direitos Sociais

Em Portugal, as iniciativas da Conferência sobre o Futuro da Europa foram promovidas por entidades como a Assembleia da República, o Conselho Económico e Social, o Parlamento Europeu em Portugal, a representação da Comissão Europeia em Portugal, a Associação Nacional de Municípios Portugueses e o Conselho Nacional de Juventude, que também vieram ao Porto partilhar a sua visão desta dinâmica que procurou envolver toda a sociedade civil.

O secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Tiago Antunes, lembrou ainda a importância da Cimeira Social que a cidade do Porto recebeu em maio do ano passado, de onde resultou o Compromisso Social do Porto, para a consolidação do Pilar Europeu dos Direitos Sociais. Tiago Antunes adiantou que, a arrancar em maio, e de dois em dois anos, a cidade irá receber um fórum para o balanço dessa implementação acordada.

A 9 de maio, Dia da Europa, o Parlamento, o Conselho e a Comissão Europeia recebem o relatório com as conclusões da Conferência sobre o Futuro da Europa. E fica do lado das instituições colocar em prática a vontade dos europeus.