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Centro "La Vie" Porto vai acolher temporariamente os comerciantes do Mercado do Bolhão

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O centro comercial "La Vie" Porto (antigo Plaza) vai acolher temporariamente, a partir do primeiro trimestre de 2017 e durante cerca de dois anos, os comerciantes do Mercado do Bolhão, anunciou hoje o presidente da Câmara do Porto em reunião extraordinária de Câmara sobre o tema.

Rui Moreira
explicou aos vereadores alguns pontos fundamentais do programa de restauro e
modernização do mercado numa reunião extraordinária de executivo, que teve o
Bolhão como ponto único na agenda de trabalhos.

"O La Vie é
a melhor solução" para mercado temporário, por ser muito próximo daquele espaço
emblemático da cidade, por "ser um sítio muito confortável com boas ligações ao
metro", afirmou o autarca em declarações aos jornalistas.

Os
comerciantes ficarão ali instalados durante o período de realização da
empreitada, prevista para o primeiro trimestre de 2019 e que terá a primeira
fase (desvio de uma linha de água) a arrancar já na próxima semana, a 1 de
agosto e que vai durar cerca de nove meses.

"Estamos a
fazer um mercado para os próximos 30 anos", afirmou o autarca na reunião,
acrescentando que a cidade vai ter "um mercado tradicional, de frescos", e a
autarquia vai "respeitar e preservar os direitos" de todas as pessoas "que
ainda lá trabalham", elogiando o facto de terem "resistido tanto tempo".

Rui Moreira
sublinhou que, no final da empreitada, o mercado será sustentável com uma
ocupação de 80% e admitiu conseguir "ir buscar outras receitas na área do 'merchandising' e do mecenato".

"Acreditamos
que isto não vai onerar as contas futuras da Câmara", vincou, acrescentando
que, mesmo sem a verba do PEDU destinada ao Bolhão, "a Câmara tem neste momento
os recursos financeiros disponíveis para esse investimento" global de 27
milhões de euros, disse.

Moreira
afirmou não considerar que a existência de um mercado temporário durante dois
anos acabe com o Bolhão, afirmando que os lojistas "vão precisar de um tempo de
adaptação às novas regras", sendo que a câmara acabou por "fechar os olhos a um
conjunto de ilegalidades" durante muito tempo.

"Quem faz
compras no Bolhão, quem são? Os turistas, e então os comerciantes que estavam
legalizados para vender fruta estavam a vender camisolas do Cristiano Ronaldo e
é natural, porque se assim não fosse tinham morrido", disse, "vamos precisar de
um tempo de adaptação, de um tempo de formação "( em questões de salubridade e
limpeza, por exemplo).

O
presidente da Câmara do Porto assegurou, também, que as taxas pagas pelos
comerciantes vão manter-se, para já, iguais com a atual redução (na ordem dos
40%) e que, no regresso ao Bolhão, não vão sofrer aumentos, relativamente ao
que estava estipulado antes de aplicada a redução.

Para
Moreira, este projeto de restauro e modernização do Bolhão "é muito prudente e
pouco aventureirista".

"Estamos a
fazer isto muito virado para as pessoas, muito destinado aos cidadãos do Porto
e arredores, com questões logísticas acauteladas. Não vamos ter aqui uma
Disneyland, vamos ter um mercado mesmo, onde pretendemos que as pessoas voltem
a fazer compras, e também assim acreditamos que as pessoas voltem a viver na
cidade", afirmou o autarca aos jornalistas.

De acordo
com informação disponibilizada hoje pelo Gabinete do Mercado do Bolhão, a
empreitada do desvio de água, que não terá qualquer implicação para os
comerciantes, ficará concluída no primeiro trimestre de 2017, altura em que
serão transferidos para o mercado temporário.

A empreitada
de restauro e modernização do Bolhão terá início no segundo trimestre do
próximo ano, bem como a construção de um túnel de acesso a uma cave logística
no mercado - para cargas/descargas -, que terá início na rua do Ateneu
Comercial do Porto.

A criação da
cave logística é considerada determinante para dotar o mercado das condições de
funcionamento essenciais a um mercado de produtos alimentares do século XXI e quase
todas as melhorias ficam nessa cave: as cargas e descargas dos comerciantes,
libertando a envolvente; as arrecadações e arrumos de cada comerciante; as
instalações de frio e de produção de gelo; o tratamento adequado dos resíduos;
a circulação dos géneros alimentícios em condições de higiene e as instalações
de apoio aos comerciantes: balneários e vestiários.

Note-se,
ainda, que o Gabinete do Mercado do Bolhão, entre novembro de 2014 e fevereiro
de 2015 instalou-se dentro do edifício e fez entrevistas individuais aos 129
comerciantes (93 interior + 36 exterior), de modo a auscultar as intenções e
preocupações de cada um.