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Milão apreciou matadouro

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A apresentação do revolucionário projeto para o antigo Matadouro Industrial de Campanhã encheu, ontem, a Biblioteca del Progetto, no Palácio da 21ª Trienal de Milão, em Itália.

Descrito pelo presidente da Câmara do Porto como "o grande projeto" do seu executivo, coube a Guilherme Blanc, adjunto de Rui Moreira para a Cultura, explicar as diferentes componentes que farão do Matadouro "o projeto estrutural" capaz de sintetizar os três pilares onde assenta a política do atual executivo: cultura, economia e coesão social. Não por acaso, Manuel Pizarro, o vereador da Habitação e Ação Social, marcou também presença na apresentação.

Desenvolvido por uma equipa multidisciplinar, e em que a parte de arquitetura ficou a cargo do gabinete liderado pelos arquitetos Jorge Garcia Pereira e Luís Albuquerque, presentes ontem no lançamento, o projeto tem como cerne a recuperação e manutenção de grande parte da construção original, tal como explicado no caderno de apresentação denominado "Porto Before Porto". A publicação descreve ao pormenor o que irá nascer no grande complexo com 29 mil metros quadrados de terreno e que se encontrava abandonado há décadas.

Após a apresentação, divulgada no âmbito de uma presença mais alargada a cargo da ESAD- Escola Superior de Artes e Design, houve um pequeno debate, moderado por Guta Moura Guedes, em que a responsável pela Bienal de Design de Lisboa perguntou a Rui Moreira se estava preparado para ter de acompanhar de forma constante o futuro do Matadouro. "A cultura é sempre passado, presente e futuro. Tem a perceção de que tem de tomar conta deste projeto?", questionou.

O presidente da Câmara do Porto garantiu que sim, por considerar, antes de tudo, que o modelo será "sustentável", pela forte componente empresarial que encerra.

"Tal como aconteceu no centro histórico, em que a reabilitação urbana começou em 2005, 2006, e só hoje começa a ser visível, é preciso pensar que estamos a falar num projeto que tem de ter continuidade e que, seguramente, demorará dez a vinte anos até poder ter um impacto verdadeiramente transformador de uma zona que está muito debilitada e que tem sido postergada pelos poderes públicos", disse Rui Moreira, numa entrevista à TSF, que acompanhou a apresentação em Milão.

A apresentação decorreu na 21ª Trienal de Artes, Design e Arquitetura de Milão, fruto de uma parceria com a ESAD e está associada ao lançamento da revista PLI arte & design, editada por aquela escola e que incorpora o suplemento "Porto Before Porto".

No lançamento estavam também presentes vários arquitetos e designers como Adalberto Dias, João Luís Carrilho da Graça, Paolo Deganello, José Bártolo, Maria Milano, Roberto Cremascouli, Eduardo Aires, entre outros. Assistiram também à sessão o presidente da Fundação Trienal de Milão, Claudio De Albertis, o diretor geral, Andrea Cancellato, o reitor do Politécnico de Milão, Giovanni Azzone e o diretor do Centro Canadiano de Arquitetura, Mirko Zardini, entre outras personalidades.

Criada em 1923 e atualmente um dos principais eventos internacionais dedicados à arte, design e arquitetura, a Trienal de Milão tem como temática "21st Century --- Design After Design".

A representação portuguesa intitulada "Objects After Objects" tem como comissário José Bártolo, e são curadores Roberto Cremascoli e Maria Milano. O Pavilhão de Portugal é apresentado numa área de 225 metros quadrados, no Museu Nacional da Ciência e Tecnologia Leonardo Da Vinci.

Até 12 de setembro, o projeto português vai apresentar módulos expositivos, `workshops`, projetos sobre boas práticas em arquitetura e design, entrevistas a arquitetos portugueses de referência, como Álvaro Siza Vieira e João Luís Carrilho da
Graça, e um sítio `online`, que será atualizado em permanência durante a Trienal.

A Escola Superior de Artes e Design (ESAD) de Matosinhos é responsável pela produção do projeto, apoiado pela Secretaria de Estado da Cultura de Portugal.

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