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Camião acidentado ontem na VCI vinha de Braga e ia para Lisboa

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O camião que ontem, durante horas, provocou o caos na VCI e em toda a cidade, não precisava ter passado naquela via e, caso não houvesse portagens, teria certamente passado pela A41. Repetidos documentos apresentados por Rui Moreira pedem a reavaliação das portagens a fim de evitar trânsito de passagem na VCI. Camião só foi retirado com a intervenção da Câmara Municipal, embora a via seja gerida pelo Estado.

A última vez que Rui Moreira defendeu publicamente medidas claras para afastar da VCI trânsito de passagem foi na última segunda-feira, ao propor à Assembleia Municipal mais uma recomendação para que o Governo intervenha na via que é sua e para que altere o sistema de portagens da A41, que sendo muito penalizante, atira o tráfego que deveria suportar, para a VCI. O efeito endémico dos acidentes na VCI, assim como a elevada poluição provocado pelo trânsito de passagem, nomeadamente, de pesados, preocupa o presidente da Câmara do Porto e outros autarcas da Área Metropolitana há anos.

A moção apresentada à Assembleia Municipal pedia ao Governo para intervir, não apenas nas portagens mas também nos nós de acesso à VCI.

"A Câmara do Porto encomendou, em 2018, um estudo à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) onde se procedeu ao 'levantamento da situação atual da Via de Cintura Interna (VCI)'. Segundo esse estudo, a VCI é a via que regista o maior número de acidentes na Área Metropolitana do Porto (AMP) - média superior a dois por dia - a que se somam imobilizações por avaria. Cada um dos acidentes que ocorre na VCI demora, em média, três horas a ser resolvido", recordava o documento apresentado pelo Grupo Municipal de Rui Moreira e aprovado pelos deputados.

"A percentagem de viaturas que usa a VCI, apenas como forma de atravessamento da cidade, atinge, em alguns casos, os 60% do seu trânsito total. Estes acidentes têm um efeito endémico diário e de trombose sobre praticamente todas as vias de circulação interna da cidade, em particular nas que lhe são próximas. Tal estudo académico e independente concluiu pela necessidade de implementação de sistemas de atuação rápida para acidentes e de controlo de velocidade dinâmica, bem como pela redefinição das portagens na rede circundante. A resolução dos problemas que a VCI tem e que cria sobre a rede viária da cidade só podem ser resolvidos de uma forma integrada, envolvendo decisões que não cabem, em exclusivo, ao Município", acrescentava.

A deliberação instava o Governo a "ponderar à aplicação das recomendações inscritas no estudo realizado pela FEUP sobre o "levantamento da situação atual da Via de Cintura Interna (VCI)", nomeadamente as que dizem respeito à isenção de portagens na A41, às medidas mitigadoras de velocidade e à implementação de sistemas de deteção e resolução rápida de acidentes", pedindo ainda que "mandate a IP para integrar um grupo de trabalho a fim de estudar com a Câmara Municipal do Porto e a Área Metropolitana do Porto alterações aos nós de inserção da VCI em vias nacionais e municipais, por forma a mitigar os problemas endémicos de trânsito provocados pelos constrangimentos de circulação naquela via sob a sua responsabilidade direta".

Só a intervenção Municipal, após a Vereadora dos Transportes e Fiscalização, Cristina Pimentel, ter decretado o Estado de Necessidade, permitiu a mais rápida resolução do problema criado pelo evitável acidente com um camião que poderia e deveria ter utilizado a A41, poupando quilómetros, economizando combustível e emissões de CO2 e evitando elevados prejuízos aos portuenses e à economia portuense pelo bloqueio do trânsito na cidade durante várias horas.